ALFA RAVEN de Escrava a Rainha romance Capítulo 326

RAVEN

Somos responsáveis por ela, os pais confiaram em nós… mas como cuidar de dois adolescentes que agora são apenas amigos, e até quando isso vai durar?

Os machos demoram mais pra perceber certas coisas, mas eu vejo como Zeraphina olha pro meu filho — e aquele olhar nunca foi de amizade.

Já sinto cheiro de desastre se aproximando. Mas agora, preciso focar em um problema de cada vez.

Observo as gêmeas ajudando Amber a procurar como sempre nos arredores. Desta vez, noto minha pequena nervosa e meio perdida.

Me aproximo, preocupada.

— O que foi, cachorrinha? Está se sentindo mal?

— Não… é que… não sinto o Duende, como nos outros anos — diz fazendo biquinho, com aquela ruguinha na testa que puxou do pai.

— Tem certeza? Procura bem… ele pode estar por aí, bem escondidinho — ajudo a afastar galhos e folhas.

As gêmeas quase estão arrancando os arbustos pela raiz, procurando o tal presente do Duende — ou talvez o próprio Duende — ou qualquer coisa que as faça se sujar.

Essas meninas são umas hiperativas, criadas como pequenas selvagens do pântano pelo pai delas.

“Raven, não sinto nenhum outro lobo por perto… acho que esse ano, Vincent não está aqui.”

Sera me diz com um tom difícil. E ela tem razão.

Por um motivo ou outro, este aniversário também terminou com Amber chorando — e muito pior que nos anteriores.

Cedrick e eu decidimos não trazê-la no ano seguinte, distraí-la com outra coisa… mas foi impossível tirá-la daquele ciclo.

Ela já nem me esperava. Vinha sozinha, procurava desesperadamente… depois sentava e ficava esperando até escurecer. O pai então vinha buscá-la quase arrastada.

Ano após ano, a mesma tortura, sem conseguir evitar.

Hoje, minha pequena já não é tão pequena.

Amanhã faz 18 anos, e estou parada diante da porta do seu quarto, tentando reunir coragem para entrar e fingir que tudo vai ficar bem.

— Pode entrar, mãe — ela já me sentiu.

Entro no quarto.

— Amber, filha… seu pai e eu queríamos te levar pro seu aniversário ao Continente da Feitiçaria. A princesa Lisa vai dar um baile…

— Deixa, mãe, não precisa — ela se vira. E os olhos azuis, iguais aos de Cedrick, me encaram. Lindos, impetuosos. Como eles dois.