VINCENT
— Você se comportou muito bem. É uma boa menina — acaricio um pouco o lombo da loba que encontrei na floresta.
Tento não tocá-la demais, mas ela é muito dócil e carinhosa, está sempre me lambendo.
Deitei ela sobre uma manta numa das mesas da minha ferraria, a oficina onde faço meus trabalhos e que se conecta com meus aposentos nos fundos.
Dominei essa arte aprendendo com os ferreiros bestiais e os feiticeiros. Posso dizer com orgulho que ninguém trabalha o Obsidar como eu, mas tento ser discreto, senão minha ferraria estaria lotada de pedidos todos os dias.
Um som de dor vindo da loba me faz olhar em seus olhos avermelhados.
Não consigo evitar me sentir estranho. De alguma forma, ela me lembra ela, o que é bem idiota.
— Está doendo em outro lugar? Vamos ver se tem mais feridas — sussurro e começo a examinar seu corpo, mas acontece algo… incomum demais.
Ela se vira de barriga pra cima, expondo todo o ventre macio. O pelo embaixo é mais branco, lindo, e ao baixar o olhar… preciso disfarçar e olhar pra outro canto.
“Mmm... ela cheira delicioso demais, é como pão saindo do forno… adoro os de creme…”
“Artemis, que merda está acontecendo com você, se controla! Essa loba... ela está no cio?”
“Parece que sim, está liberando feromônios de excitação. Podemos olhar melhor entre as patas pra ter certeza? Posso me transformar?”
“Não. Não vamos olhar nada e também não vou mudar pra sua forma.”
Respondo meio irritado. Não sei o que deu nele, ele sempre é tão contido.
O cio das lobas selvagens não costuma mexer comigo, a não ser que eu queira.
Tento fechar as patas traseiras dela, mas ela se abre de novo, completamente exposta sobre a mesa, mostrando sua intimidade.
Desde quando lobas selvagens agem assim... tão descaradas?
— Você está perfeita. Vou preparar algo pra você comer — digo e me afasto, fugindo.
Cheguei ao ponto de uma loba selvagem me deixar nervoso. Tem algo dentro de mim que não está certo.
*****
AMBER
“Ele fugiu. Eu te falei pra não ser tão intensa!”, reclamo com Valentine.
“Mmm... só queria mostrar minhas qualidades de fêmea. Sou uma loba Ômega fértil, pronta pra cruzar com meu macho Beta. Hoje em dia ninguém pode ser espontânea?”
“Acho que isso não se chama espontaneidade, Valentine... começa com P.”
“Pois eu sugiro que você seja bem puta e coloque em prática tudo que aprendemos naquele livro que roubamos da Sacerdotisa. Preciso conquistar meu macho, tô molhada só de olhar!”
“Se controla, não queremos assustá-lo. Além disso, tenho que ir me adaptando aos poucos. Aquela coisa sombria ainda tenta me tocar... dói um pouco onde o Vincent encosta.”
Falo pra ela, mas na verdade, também falo pra mim mesma.
Não é só desejo sexual. É vontade de estar com ele, de ser amada por ele.
Também tenho medo. Será que ele vai gostar de mim como mulher? Será que vou ser suficiente pra ele?
Ele me serve carne assada pra comer.
Fingimos estar doentes e deixo que ele me alimente com a mão. Provo cada pedaço lambendo suas luvas, que ele nunca tira.
Mesmo com o couro grosso, percebo o poder sombrio vindo dele, mas não vou me render ao perigo.
Essa coisa não vai me afastar do meu homem de novo.
Ele me deixa descansando nas mantas e o vejo entrar por uma porta interna — provavelmente seu quarto.
Não ouvimos mais nada por um tempo, e Valentine salta da mesa, mancando um pouco. A flecha doeu, mas foi só um pequeno sacrifício.
Andamos pela oficina cheia de ferro, fogo e armas.
Ela empurra a porta de madeira entreaberta com o focinho e chegamos a uma cozinha rústica, com uma mesa e várias cadeiras.
“O cheiro dele tá mais forte por aqui…”
Minha loba avança, já é noite, e o som da água chega aos ouvidos.
Uma porta no fundo da cozinha leva a um pátio interno, cercado por muros altos.
Tem uma fresta... e os olhos de Valentine assistem à cena mais excitante e erótica que já vimos.
Vincent está completamente nu sob a luz da lua, tomando banho com água de um grande barril.
Os músculos dele, moldados pelo trabalho pesado da forja, são definidos e imponentes.
Seus braços fortes se contraem enquanto levanta e abaixa o balde, cobertos por tatuagens que também se espalham pelo peito.
No peitoral esquerdo, uma enorme rosa negra foi tatuada, e um brilho metálico perfura o mamilo.

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