AIDAN
A escuridão gélida da montanha nos envolvia enquanto meu lobo do inverno e eu nos aprofundávamos mais e mais pelos túneis tortuosos.
Parecia que eu caminhava às cegas, mas não era o caso.
Uma energia poderosa me chamava a seguir em uma direção exata.
Não só a mim — Theo e Vlad, meu lobo Alfa espiritual, estavam inquietos e me incentivavam a apressar os passos.
“Aidan, tem cheiros estranhos à frente, mas um em particular é... delicioso”, a voz lupina de Vlad me alertou.
Praticamente corri, seguido de perto por Theo.
“Aidan, tem magia sombria agressiva, se proteja!”, Theo também me avisou pela mente.
Ele consegue falar como os humanos — nem mesmo o lobo do Druida consegue isso — e tenho muito orgulho dele.
O corredor escuro era estreito demais. Mal dava para passarmos um atrás do outro.
Sons estranhos e algumas luzes anunciavam o final, quando consegui passar meu corpo enorme me arranhando nas pedras ásperas.
Cheguei a uma caverna gigantesca e então o vi, lá embaixo, da minha posição elevada.
Uma cena perturbadora e arrepiante.
Parecia que milhares de sombras negras se reuniam no centro da caverna como hienas famintas, fazendo sons de vozes que pareciam humanas, todas misturadas com mensagens incoerentes, risadas agudas, choros... faziam os pelos do meu corpo se arrepiarem.
O que estavam devorando com tanta euforia? Não sei, mas parecia haver um cadáver no meio daquele enxame sombrio.
Levantei o olhar e vi uma parede imensa no fundo da caverna coberta de cristais de ametista — eram eles que iluminavam o local.
No entanto, aquelas luzes se apagavam, uma a uma, assim como a vida da pessoa que estava sendo sugada.
“NÃO PODEMOS DEIXÁ-LA MORRER, AIDAN! NÃO PODEMOS!!”
Uma ordem imperativa do meu Alfa me fez parar de hesitar e correr pela encosta até o fundo da caverna.
“Theo, prepare-se para lutar!”, gritei para meu Alfa de gelo, que rugiu com tanta força que fez as paredes e os cristais tremerem.
As sombras negras com formas humanas, de animais, ou sem forma alguma — rostos sem feições — viraram toda sua atenção para nós, uivando, falando, gritando, chorando...
Conjurei uma enorme espada de gelo, minha melhor arma, e envolvi meu corpo inteiro com magia invernal, avançando contra a primeira que surgiu no meu caminho.
A lâmina brilhante cortava o vazio uma e outra vez, atingindo o nada.
Mesmo usando magia de inverno, como elas não tinham forma corpórea, sem carne nem ossos, era impossível feri-las.
Theo se lançava sobre elas, mordendo o vazio, com as mandíbulas mortais abertas.
Nos cercavam e atacavam.
Achei que, assim como não podíamos tocá-las, elas também não poderiam nos ferir. Mas me enganei.
O uivo de dor de Theo me fez virar para o lado — ele estava sendo atravessado por centenas daquelas coisas, e o sangue começou a escorrer da boca dele.
“PORR4, THEO, PARA DE BRINCAR E USA TODO O TEU PODER!”, gritei, mas de repente minha mente ficou confusa.
Senti tontura e memórias trágicas da minha infância — de quando aquela bruxa maldita que enfeitiçou o Vincent quase nos capturou — começaram a se misturar.
Algumas coisas eram reais, outras falsas — como eu ter sido capturado por ela, meus pais assassinados e o castelo todo em chamas.
Elas estavam brincando com a minha mente, manipulando minhas memórias, despertando meus piores medos.
Eu não conseguia me concentrar, e algo sombrio escavava dentro de mim, tentando roubar minha magia, drenando-a como um buraco sem fundo.
— CHEGA! PAREM DE INVADIR A MINHA CABEÇA! — rugi, liberando todo meu poder numa onda de magia que os afastou de mim.
Agora eu estava com raiva. Subestimei essas coisas — mas não ia brincar mais.
Meu cabelo curto ondulou com a ventania gelada, meus olhos estavam completamente brancos. A tempestade de neve do lado de fora foi chamada por mim até essa caverna.
Pelos túneis escuros e o labirinto de cavernas, o vento rugia com fúria e corria ao meu encontro.
Logo a neve começou a cair ao nosso redor, as pedras das paredes, do teto e do chão se transformaram em gelo — assim como as sombras.
— VAMOS LÁ, VENHAM INVADIR MINHA MENTE, MALDIT4S! NÃO QUERIAM UM PEDAÇO DE MIM?! AGORA SOU EU QUE QUERO BRINCAR!
Quem me tocava virava uma estátua de gelo na hora, e eu a destruía com minha espada.
As presas afiadas de Theo, cheias de magia invernal, assim como suas garras, também congelavam as criaturas e depois ele as rasgava aos pedaços, rosnando ferozmente.
Seu corpo enorme saltava, desviava, lutava com espinhos congelados arrepiados no dorso largo.

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