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ALFA RAVEN de Escrava a Rainha romance Capítulo 339

ISABELLA

Desde que me lembro, tocar outra pessoa sempre significou muita dor pra mim.

Se eu tivesse sorte, absorvia boas memórias, mas minha sorte nunca foi muito boa… e a maldade tem uma predileção pela minha alma.

Qualquer um pensaria que ser a herdeira do trono dos Feiticeiros, poderosa desde o berço, portadora de uma magia incrível, seria algo maravilhoso. Mas pra mim… sempre foi uma maldição.

Tive que viver sofrimentos alheios, todo tipo de sentimento negativo e atos cruéis que não me pertenciam.

Já faz mais de 20 anos que estou longe da minha casa, das pessoas que amo — os únicos que posso tocar sem absorver suas memórias mais intensas, graças ao fato de meu pai ser mais poderoso do que eu, e ter lançado um feitiço nele, na minha mãe e na minha irmã mais velha.

Vaguei por muitos lugares buscando o local ideal para meditar, experimentar e evoluir.

Lutei como uma louca pra subir de nível, me rasgando por dentro, reinventando cada uma das minhas células.

O trovão interior me destruía… e depois eu renascia, tudo pra conseguir expulsar as sombras escuras dentro de mim, todas as impurezas e maldades dos outros que acumulei ao longo da vida.

Eu estava pronta, energia suficiente nos cristais mágicos pra me purificar assim que conseguisse expulsá-las — e eu consegui.

Consegui a parte mais difícil, mas uma vez fora de mim… fui incapaz de destruí-las, de controlá-las. Subestimei essas criaturas… e paguei com a vida.

Devo estar morta… acho. Porque a dor avassaladora que destroçava minha alma, os gritos sombrios que ecoavam na minha mente fragmentada… cessaram.

Eu me afundava num poço escuro e sem fim, mas então, o toque mais incrível, mais reconfortante, acariciou minha alma em chamas de desespero, esfriando todos os medos e afastando os fantasmas.

Agora não sei onde estou. Minhas mãos se agarram a algo macio, que também cobre meu corpo, tão quente e fofo que me faz gemer de prazer.

Eu, a princesa Isabella Darkbane, filha do Rei Feiticeiro, que sempre odiei ser tocada na vida inteira, me agarro com força ao que quer que esteja me protegendo e me aconchego naquela sensação sedosa.

Fiquei assim por um tempo indefinido. Mãos gentis e rudes me acariciavam às vezes, e um abraço gelado me envolvia.

Eu amo o frio. Por isso treino nessas montanhas nevadas.

Além disso, algo escorria pela minha garganta… um líquido doce e poderoso. Era estranho, eu deveria rejeitar aquilo, mas o poder que carregava me fazia desejar mais. Ele reparava cada célula danificada do meu corpo.

Agora estava claro que eu não morri, mas… onde estou? E com quem?

Abro os olhos, deitada de lado, abraçada a um peito forte. E na minha frente, só vejo uma pelagem branca.

Será que é uma manta?

Não… que tolice. O coração forte e poderoso b**e perto do meu rosto — chego ainda mais perto e encosto o ouvido.

É uma fera?

Sinto um leve farejar no meu cabelo e, quando levanto o rosto, dois lindos e intimidantes olhos vermelhos como rubis me encaram fixamente.

Todo meu corpo se arrepia e fico paralisada. Ele abaixa o focinho suavemente e, por instinto, tento acessar meu poder do trovão pra me defender — mas lembro.

Eu o selei pra sobreviver, pra que me desse energia. Além disso, quase o esgotei na batalha e agora ele está se regenerando devagar.

Estou indefesa, e apenas fecho os olhos quando suas presas ferozes se aproximam do meu rosto. Mas de repente… uma lambida suave na minha bochecha me faz abrir um olho e encará-lo de perto.

Me distraio e ele lambe meus lábios — nem consigo me mover. E o pior… por que estou deixando um lobo selvagem fazer isso comigo?

— Espera, espera...

Minha prudência vai embora quando ele me faz virar e praticamente se deita sobre mim. Minhas mãos se agarram à pelagem do seu pescoço.

Ele é pesado, mas não coloca todo o peso em cima.

A pelagem macia me cobre, seu focinho se perde no vão do meu pescoço e ele começa a me cheirar como se estivesse me reconhecendo. Rosna contra minha pele e meu coração dispara.

Não entendo o que está acontecendo, mas sinto a magia rugindo dentro desse enorme lobo branco. Foi ele quem me salvou?

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