VINCENT
— Todo feitiço de magia tem um dono, a pessoa que o conjura deixa parte da sua magia nele, pra poder controlá-lo, rastreá-lo, reconhecê-lo.
— Silvana impregn0u todo o seu ressentimento, seu ódio, sua última força vital dentro da semente devoradora que você tem na alma — a princesa Isabella me explicou.
— Por isso não entendo, pra que eu iria querer conservar essa coisa sombria? O que eu desejo é eliminá-la, pra não machucar a Amber — respondo o óbvio.
— Aprendi muito sobre a raça de vocês com o que o Aidan me contou — ela disse, sentada no colo do companheiro.
— Suponha que eu elimine o que pode controlar as chamas da sua companheira... como pretende ficar perto dela? Durante o cio? Durante as relações íntimas?
— Pelo que sei, vocês literalmente pegam fogo... então, tem algum truque pra virar um Homem do Inverno?
Ela pergunta e eu fico em silêncio.
É claro que não tenho truque nenhum, se tivesse, não estaria aqui disposto a tudo.
— Inclusive testamos com o sangue do Vincent, como fizemos com Ignacio, mas não é tão simples. Não funcionou. E minha irmã também é poderosa demais — Aidan respondeu.
— Te contei sobre um Alfa, Hakon. Ele foi o primeiro a alterar seus genes. Passou o poder pra uma de suas filhas, mas a magia invernal do Druida ficou por séculos no sangue da família.
— Eu não tenho séculos — digo, desesperado.
Só ouço mais problemas. Então... será que existe mesmo uma solução?
— É por isso que eu te ofereço meu método. Entre na sua consciência e elimine o último controle que Silvana tem sobre a flor devoradora — a feiticeira se levanta com decisão.
— Eu não posso fazer isso, Vincent. Só você pode vencer seus próprios medos e arrancar esse fantasma parasita dos seus pensamentos.
— É perigoso, é extremo. Você vai enfrentar toda a astúcia dela. É uma batalha que você não pode perder, ou o que restar do poder dela vai tomar controle do seu corpo, e o seu espírito... vai se perder pra sempre.
— Mas se você vencer, terá um feitiço poderoso dentro de si, e você será o único mestre dele. Ele responderá só às suas ordens.
— Vincent, imagina que você possa absorver o fogo da Amber sem machucá-la. Todos os seus problemas se resolveriam — diz Aidan, e soa maravilhoso demais pra ser verdade.
— E tem mais uma coisa que você não sabe. Esse feitiço que você carrega é um dos mais poderosos do nosso Continente. Ele não foi criado pra ser maligno, foi corrompido pela família anterior.
— Você consegue imaginar, Vincent? Ter um poder que absorve a magia dos outros? Você começa com as chamas de uma Centuria poderosa e depois... a gente pode te ensinar. Me atrevo a dizer que tenho medo do que você pode se tornar, se for imune aos ataques mágicos.
— Eu posso destruir essa maldiçã0, Vincent. Mas você pode fazer algo melhor: pode domá-la!
O brilho da emoção aparece nos olhos da princesa.
— Eu não quero ser invencível, princesa. Só quero ser feliz com minha fêmea — digo, tomando mais uma decisão arriscada e louca, mas que espero ser a definitiva.
— Vamos fazer isso, apesar do perigo. Eu não posso falhar. Vamos, eu vou arriscar tudo.
*****
AMBER
“E se a gente fizer uma visitinha pro nosso Beta favorito?” Valentine, como sempre, colocando ideias na minha cabeça.
Tô sentada na cama sem conseguir fechar os olhos.
Tem algo me inquietando, talvez a impotência de ver o tempo se esgotando e eu não conseguir avançar nem um passo com meu companheiro.
“Não estávamos com raiva? Se queremos fazer a difícil, como é que vamos seduzir ele de madrugada no quarto dele? Isso é coisa de mulher fácil.”
Respondo sem muita convicção.
“Ahaaan… e fingir que é uma loba selvagem pra agarrar e passar a mão nele foi coisa de mulher difícil, né?”
Eu sei que ela tá sendo sarcástica.

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