VINCENT
Samantha enchia minha cabeça de questões que, embora naquele momento eu considerasse muito pertinentes, depois percebi que não eram o meu problema.
Confundi meus próprios desejos e sonhos com os do meu amigo e Alfa.
As prioridades de Cedrick tinham mudado, e eu não soube entender isso.
Me deixei manipular pela conveniência daquela mulher.
— Não posso te ajudar a falar com Raven — disse a ela o que tantas vezes sonhei em responder naquela ocasião.
— Mas... eu sei que você é amigo de Cedrick, meu pai pode apoiá-lo. Entenda que ninguém vai querer uma Centuria como Rainha. Cedrick vai afundar seus sonhos na lama por uma obsessão — ela me disse ansiosa, tentando me convencer.
A encarei com atenção.
Isabella me alertou que meus pensamentos aqui eram parte realidade, parte distorção dos meus próprios desejos — que eu tinha o controle sobre minhas decisões, mas precisava ter muito cuidado.
Dentro deles também se escondia a sombra de Silvana, à espreita, tecendo armadilhas, esperando me enganar.
Entrar na minha mente era perigoso, porque aqui, ela podia tomar a forma de qualquer um... ser Cedrick, Raven, um guerreiro, um amigo ou inimigo, até mesmo essa mulher que tenho diante de mim.
Meu objetivo aqui é descobri-la e cravar a arma com magia de Aidan que carrego no pescoço, congelando sua sombra e destruindo-a para sempre.
— Não é obsessão. O que Cedrick sente por Raven é amor verdadeiro, e só ele pode decidir se prefere o trono ou seus sentimentos — falei, me levantando da cadeira e saindo do quarto.
Eu precisava explorar e esperar, ter certeza, porque só teria uma chance.
Se usasse minha arma mágica à toa, ficaria indefeso à mercê do ódio de Silvana.
De alguma forma, Samantha conseguiu se aproximar de Raven, então imaginei que o fim seria o mesmo da realidade... no entanto, o que aconteceu me surpreendeu.
— Pelo bem da estabilidade do reino, falei com Raven e ela está disposta a esperar pra ser aceita como Rainha — Cedrick me disse, sentado no trono.
A testa franzida como sempre e aquele gesto tão característico de beliscar o nariz com força, como se quisesse arrancá-lo da cara.
— Raven aceitou ficar nas sombras? Como se fosse só sua amante?
— Não fale assim, Vincent. É só até eu consolidar o poder pra poder defendê-la — respondeu irritado, e tudo me parecia tão estranho.
— Cedrick, você abriu mão até da sua companheira por essa Centuria. Sabe o quão difícil vai ser ela ser reconhecida? Pode levar anos pra aceitarem ela. Vai mantê-la prisioneira na torre todo esse tempo?
— Ela aceitou. E além disso, não é uma prisioneira. O quê? Vai voltar a dizer que é melhor pra mim ficar com Samantha? Não vou perder minha mulher. E esse trono... é por ele que todos lutamos, até a Raven.
— A gente não conquistou isso tão fácil. Estamos dispostos a fazer sacrifícios pra construir um mundo melhor. Conversamos sobre isso como casal.
Fiquei em silêncio e observei Cedrick.
Na verdade, era isso que ele queria no fundo naquele momento: ter o amor e o poder ao mesmo tempo. Mas Raven... Raven nunca aceitaria tão fácil continuar sendo marginalizada.
Será que Raven é a impostora aqui? Será ela a sombra de Silvana?
— Bem, respeito suas decisões. O que vai fazer com Samantha? Porque se você a rejeitar como Rainha, é óbvio que o pai dela não vai gostar nada disso.
Pergunto e ele diz que vai mandá-la de volta pra sua matilha, depois de cortar o vínculo.

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