NARRADORA
Vincent não gostava de contato com ninguém — isso era o normal. Só uma certa loba ruiva podia babar nele o quanto quisesse.
— Respondendo à sua pergunta, acho que a prova de fogo seria estar perto da sua companheira e ver se consegue absorver as chamas dela sem machucá-la. Se conseguir, então é o dono da Flor Devoradora — Isabella se levantou, alisando a saia do vestido.
— Acho que foi menos dramático do que imaginávamos.
— Vamos testar mais tarde. Só posso agradecer — Vincent se curvou diante deles. — Não importa se funcionou ou não, agradeço pela ajuda.
— É pra isso que servem as famílias. Descanse, Vincent. Acho que o pesadelo acabou — Aidan disse, conduzindo-o até a porta.
Vincent parecia exausto, física e mentalmente. Já de costas, estava prestes a alcançar a maçaneta da porta.
Seus olhos escuros fixaram o metal, e de repente um sorriso astuto se desenhou no canto dos lábios.
Tinha valido a pena esperar. Isso era só o começo. Ele escaparia, se esconderia para regenerar seu poder.
Esses idiotas tinham mordido a isca... ou assim ele imaginava. Mas antes mesmo de tocar a maçaneta:
— Ah, esqueci de te dizer algo importante… “Vincent” — Aidan o deteve pelo ombro, e Silvana sentiu o perigo se aproximar.
— O que houve? — recompôs-se, agindo como faria o frio Beta, e encarou os olhos azuis ao lado. Por alguma razão, estremeceu ao ver tanta semelhança com os olhos de Mortimer.
— Seu fedor nojento de magia rançosa é algo que nunca vou esquecer. Nem vivo, nem morto — Aidan se inclinou e Silvana arregalou os olhos, surpresa ao ouvir a voz de Mortimer sair da boca dele.
A magia essencial do ferreiro bruxo, deixada em Theo, o lobo de gelo de Aidan, sempre a reconheceria.
Ela nunca teve a chance de enganá-los.
Então entendeu que ela foi a enganada. Que Vincent a tinha iludido desde o início — só queria que Silvana baixasse a guarda e saísse para o mundo exterior, onde seria atacada por esses poderosos bruxos.
Silvana tentou fugir desesperada. Agora, não tinha mais tanta magia como antes, precisava se recuperar. Mas então, uma mão coberta de raios violetas atravessou o peito de “Vincent”.
Um grito agudo ensurdecedor ecoou quando uma sombra negra em forma de mulher foi arrancada à força do corpo do Beta, que caiu no chão como se estivesse desmaiado.
— Aidan! — Isabella gritou para o companheiro, e Aidan brandiu sua espada de gelo, como fizera na caverna para salvá-la.
A temperatura começou a cair, as paredes da biblioteca se congelaram, enquanto os dois dançavam em combate contra a poderosa sombra da bruxa sombria, que se defendia com tudo, buscando uma rota de fuga.
Ela gritava e ria como uma louca, tentando invadir as memórias deles e manipular suas mentes, mas toda vez que tocava no príncipe do inverno, congelava até a morte.
Correu então em direção a Isabella.
— Então você acha que eu sou a presa fácil?! — rugiu a feiticeira com sarcasmo.
A janela se escancarou de repente, com o vento da tempestade que soprava lá fora, e um relâmpago foi capturado na mão de Isabella e usado como um chicote mortal para envolver Silvana, deixando-a imóvel.

Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: ALFA RAVEN de Escrava a Rainha