— Eu não acredito nisso – Lis se viu falando antes de bater na porta de Sebastian contrariando todo o bom senso, pois sabia que deveria ficar longe de todos da realeza incluindo o segurança, mas ainda assim se viu indo até ele para desabafar. Nem ela soube como conseguiu sair do apartamento ainda inebriada pelo ar de perigo que Michael exalava mesmo distante. – Oi, posso entrar? – Perguntou assim que Sebastian abriu a porta lhe dando passagem. O segurança segurava um copo com cerveja e vestia um pijama de listras. – Eu estou incomodado? – Tornou a perguntar assim que passou por ele, e ao vê-lo negar com a cabeça, sorriu – Desculpe, mas não tenho ninguém com quem conversar. Deve ser estranho que eu venha até você, certo?
Sebastian poderia citar todos os elementos estranhos na jovem a sua frente, contudo a sua necessidade de conversar seria a única coisa normal. O modo como os lábios dela estavam avermelhados, seus cabelos desgrenhados, seu rosto ligeiramente avermelhado e suas pupilas dilatas. Sebastian percebeu cada detalhe ao apontar para o sofá, indicando que ela deveria sentar-se.
— Cerveja ou chá? – Perguntou ao ir em direção a cozinha.
— Cerveja – Respondeu mesmo sabendo que não deveria beber. Ela ainda tinha medo de uma recaída de sua enfermidade causada pelo príncipe sádico. Agradeceu cálida ao pegar o copo com cerveja que Sebastian lhe ofereceu minutos depois. – Posso perguntar algo?
— Vá em frente – Disse sentar-se no chão logo em frente a ela. Ele estava curioso pelo estranho comportamento da noiva do príncipe.
— Imagino que conheça Michael há muito tempo – Ele concordou ao beber mais um gole da cerveja – As marcas em seu corpo quando aconteceu?
— Parece que ficaram íntimos – Murmurou cuidadoso ao encará-la e diante do seu silencio, suspirou – Acho que no exército. Não olho muito para os corpos dos príncipes – Sorriu ligeiramente exibindo uma expressão que Lis jamais havia visto. Sebastian sorria como um cafajeste. – Se ficou tão intimida dele poderia perguntar ao próprio.
— Seria mais fácil, mas ele não é o tipo fácil de pessoa – Respondeu ao não revelar a verdade. Lis ainda pretendia entender contra quem estava lutando. – Deve achar estranho a minha pergunta.
— Um pouco – Admitiu – Mas não é como se fosse da minha conta, certo? – Bebeu mais um gole – Beba também – A incentivou tentando segurar o riso diante da careta assim que engoliu o primeiro gole – É a sua primeira vez bebendo?
—Não exatamente, quero dizer, ano passado tomei um pouco de vodka com alguns amigos, mas é a primeira vez bebendo cerveja.
— Você é como uma criança – Sorriu relaxando – Deve estar sendo difícil viver tudo isso – Ela concordou ao beber mais um gole acompanhando uma careta – E pela sua cara não está gostando.
— No momento em que ela cai pela garganta é agradável, mas assim que o gosto da cevada fica evidente torna-se amargo e repulsivo. É como me sinto quando olho para Michael – Se viu falando sem perceber – Eu realmente preciso beber mais – Se deu conta ao virar o copo, erguendo em direção a Sebastian – Espero que tenha mais cerveja – O segurança gargalhou ao concordar, levantando-se trazendo algumas garrafas consigo – Eu realmente quero esquecer tudo por alguns instantes – Murmurou ao beber mais um gole da bebida.
— Esquecer é bom – Incentivou – Não está preocupada com as noticias? – Diante da expressão confusa dela – Sobre a foto em que estou a carregando no hospital. Parece que o palácio emitiu um comunicado dizendo que estava estressada devido a mudança. Caso alguém pergunte, deve concordar com eles.
— Sempre é assim? Apenas um gravador repetindo tudo sem se importar com nada.
— Agora você é uma figura publica, e duvido que a verdade seria uma versão atrativa para o público. – Ponderou ao vê-la beber novamente – E a versão nova é bonitinha.
— Tudo em diminuitivo é ruim – Sorriu levemente – E não sei o motivo das pessoas ficarem tão entusiasmadas com isso tudo. A realeza é doente, mas são pessoas normais. Quero dizer, são humanos.
— Somos ensinados a gostar de coisas assim desde crianças – Sebastian se viu falando ao colocar a cerveja de lado – Mas parece que nunca teve esse desejo.
— Não, sempre quis ser uma advogada de sucesso. Aquele tipo de pessoa que fala: eu protesto, e todos olham com orgulho – Sorriu largamente ao olhar para a cerveja em seu copo – É um motivo tolo, eu acho.
— Nenhum motivo é tolo, Senhorita Muller.
— Apenas Lis, por favor. – Ele concordou ao beber mais um gole – E não se cansa de trabalhar para essa família?
— Não, é como se fosse uma parte de mim – Deu de ombros – Uma parte que eu não me vejo sem.
—Isso foi bonito – Sorriu ao beber mais um gole tentando esquecer as marcas no corpo de Michael.
***
O barulho de objetos caindo fez com que Michael se levantasse da cama, abrindo a porta do quarto em seguida. Ele sorriu somente em imaginar esmurrar alguém para livrar-se de suas frustrações, mas assim que olhou para a porta do quarto de Lis, encarou a jovem sentada no chão em meio a bagunça, incrédulo.
Ele ainda se recordava do olhar amedrontado dela ao segurar em seu cabelo, mas não imaginara que ela iria embebedar-se para fugir da realidade.
Não é como se eu nunca tivesse feito isso. Fiz coisa pior para esquecer tudo.
Deu de ombros ao encostar no batente da porta, e manter seu olhar na jovem risonha a sua frente. Lis parecia inerente a sua presença e ele duvidava que ela se importaria de vê-lo naquelas condições. Aproximou-se tentado a provoca-la, mas assim que parou atrás dela, a viu se virar e sorrir para ele.
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