Michael manteve o olhar fixo na face de Lis, enquanto tentava ignorar os gritos de Regina. A mulher que ele imaginava ser inocente, contudo não possuía provas o suficiente, e secretamente, duvidava que seu irmão faria algo pela sua esposa.
Augusto se divertia em ver o sofrimento alheio.
— Isso... Alguém deveria ajuda-la – Lis murmurou ao manter seus olhos fixos em Regina – Como todos podem ficar parados olhando isso? Ela é um ser humano.
— Um ser humano que traiu o rei – Philipe respondeu ao manter a sua expressão séria – E um conselho, futura viscondessa. Se mantenha calada em situações como esta para que a raiva do rei não vá em sua direção – Aconselhou ao dar as costas a cena a sua frente, indo em direção a saída. Alguns olhares foram em direção ao terceiro príncipe ao mesmo tempo em que murmúrios começaram a se formar. Para todos, o terceiro príncipe estava sendo frio e irracional ao ignorar o escândalo que começava na família real.
A rainha mantinha a sua expressão apática ao olhar para a cena em sua frente, mas no momento em que viu Philipe saindo do salão, suspirou ao ir em direção ao rei, colocando a sua mão delicadamente em cima do braço dele.
— Querido, meu rei, por favor, não continue com uma cena deplorável como esta. Ela pode ser uma traidora, mas é a esposa de Augusto, o herdeiro do trono.
O rei suspirou profundamente ao concordar fazendo um sinal com a mão esquerda. No mesmo momento, os guardas soltaram Regina, a qual caiu ajoelhada no chão perplexa pelo o que acontecia consigo.
— Eu não fiz nada – Regina murmurou ao olhar para o chão – Jamais faria algo tão baixo.
— Nossas investigações determinaram o contrário, querida – A rainha falou com calma – E por isso, será uma prisioneira a partir de hoje. Está sendo acusada de traição, mas todos os seus direitos serão respeitados. Será encaminhada para a delegacia mais próximo, onde poderá ter acesso a um advogado. Tem alguma dúvida?
Regina sempre soube da frieza e a forma calculista da rainha, mas percebeu que ela era pior, muito pior, do que imaginara, e ao olhar para o seu marido, o viu segurando o sorriso.
— Augusto também será preso? – Regina indagou – Ele é meu marido, deve ser investigado e preso comigo.
Glória, a rainha, sorriu paciente.
— Nós já o investigamos, e ele é inocente – Declarou – Levem-na – Gritou fazendo com que os guardas segurassem Regina e a levassem para a saída. – Perdoe a confusão – Sorriu – Aproveitem a festa e para acalmar os corações angustiados, saibam que o casamento do segundo príncipe será realizado em poucos meses. Logo teremos um belíssimo casamento real e espero que um herdeiro.
Gritos entusiasmados de palmas acompanharam o discurso de Glória, mas Lis se viu pálida ao olhar para Michael.
— O que é isso? – Ela perguntou confusa ao encará-lo – Eu achei que não nos casaríamos, pelo menos, que não iriam impor isso tão cedo.
— Eles precisam abafar o escândalo de Regina com alguma coisa – Murmurou raivoso – E acham que vão me usar para isso. – O olhar de Michael estava repleto de ódio, desprezo e determinação – Se acham que vou ceder tão facilmente, estão enganados – Segurou a mão de Lis, puxando-a em direção a saída. Apenas Augusto permaneceu sorrindo no centro do salão, divertindo-se com tudo.
***
Imersa em desespero, Lis se libertou de Michael parando no meio do corredor, levando a mão aos lábios para não gritar. A cada segundo, sentia o seu corpo pesar, sua visão ficar embaçada e a garganta apertar.
Ela não conseguia compreender em como tudo se transformara naquilo. Em como o seu casamento havia sido anunciado quando ela estava tentando se libertar de Michael.
Suas pernas estremeceram, forçando-a a se apoiar na parede mais próxima.
— Isso tudo era inevitável – Michael disse cansado ao coçar o seu pescoço – Eles iriam fazer isso quando lhes fosse conveniente.
— Já sabia que algo assim iria acontecer? – Michael concordou – Deveria ter me falado.
— Para fugir? Eu disse que a quero ao meu lado.
— Nem sequer gosta de mim – Murmurou cansada – Eu poderia estar longe de tudo isso, se fosse honesto comigo.
—E de onde vem a sua certeza sobre meus sentimentos?
Lis o encarou fixamente.
— Você tentou me matar, seu desgraçado. É claro que não gosta de mim. Nem ao menos me enxerga como pessoa.
Michael gargalhou ao se aproximar dela, enlaçando-a pela cintura, aproximando seus corpos.
— Nunca disse que era uma boa pessoa, lembra-se? Sou um príncipe doente, sádico e repleto de problemas. Precisava ter certeza sobre algumas coisas.
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