Amor Sombrio romance Capítulo 37

Michael olhou de soslaio para Lis, a qual se encontrava sentada na cama enquanto ele se mantinha em pé, próximo à porta. Desde que retornaram para o quarto, nada falaram. Lis permaneceu em silêncio ao se sentar na cama, enquanto ele, não sabia o que lhe dizer. O silêncio se tornava cada vez mais angustiante ao ponto da jovem se levantar abruptamente, seguindo em direção ao segundo príncipe.

― Irei lhe perguntar uma única vez, apenas – Ela disse determinada cansada de seu próprio medo – Susana ainda é importante para você? – A pergunta fez com que Michael a olhasse inquieto. Ele desviou o olhar incerto em como responder – Não precisa responder – Sorriu sem graça – Eu entendi – Murmurou ao se afastar retornando para a cama, sentando-se no mesmo lugar, ao olhar para a parede branca ignorando Michael.

Mesmo que esboçasse um sorriso em sua face, ela sentia-se despedaça por finalmente perceber algo que já imaginava. Michael amava outra pessoa. O homem por quem começava a nutrir algum sentimento estava apaixonado por outra.

― Eu não quero continuar ao seu lado – Lis se viu falando o mais alto que conseguiu sem encará-lo por medo de chorar. Ela sentia-se uma tola por ter sentimentos por alguém que sempre a tratou com brutalidade. Ela conseguia contar nos dedos as vezes em que ele fora gentil. – Isso é ridículo para mim.

― Se casar com um príncipe?

― Casar com alguém que jamais irá me amar – Respondeu esboçando um sorriso triste – Além do mais, já estou apaixonada por alguém – Mentiu, de certa forma, ao suspirar. – Não será justo para a pessoa que eu amo, certo? E nem para Susana – Disse tentando decifrar o olhar frio de Michael, mas nada conseguiu. – Vou desaparecer e pode inventar alguma história, mas não pretendo sair da universidade – Revelou ao dar de ombros, contudo o modo como Michael andou em sua direção, a deixou sem ar. A cada passo de Michael em sua direção, via o modo como o príncipe apertava suas mãos uma contra a outra, como se lutasse contra algo, e no instante em que ele parou em sua frente, ela piscou confusa. – O que foi? Não fará com que eu mude de ideia ao me estrangular.

Algo em sua própria voz revelou, um pouco, da verdade para Michael. O segundo príncipe abaixou-se, colocando a mão no rosto de Lis para em seguida tocar em seu cabelo com delicadeza.

― Saber que amo outra pessoa a incomoda? – Michael perguntou mantendo uma expressão séria ao encará-la, e diante do silêncio de sua noiva, aproximou o seu rosto do dela, seus lábios capturaram os lábios de Lis. O beijo doce se transformara em algo salgado, fazendo o príncipe se afastar ao perceber que Lis chorava. – Eu... – Calou-se inquieto. Seus olhos se mantiveram fixos na face dela, a impedindo de se afastar dele. – Jamais poderei amá-la, essa é a verdade, mas se nos casarmos, será a única mulher em minha vida – Prometeu o mais sincero que conseguiu, incerto sobre o motivo pelo qual fazia. – Lis, meu pai me destruiu. Nunca poderei amar ninguém mais.

― Mas ama Susana – Murmurou chorosa, sentindo-se uma tola pela fragilidade. – Todos dizem o quão incrível ela é, e eu só consigo sentir inveja. – Ela se calou assim que Michael a abraçou, o mais forte que conseguiu.

― Susana é passado – Disse sombrio – Ela é alguém importante para mim, mas é passado.

― Assim como eu serei um dia – Sorriu sem graça ao tentar afastá-lo – Michael, eu quero ser amada. Eu quero alguém que me olhe com paixão, que me trate com carinho e que pense em mim sempre. E eu sei que você não vai poder se entregar assim. Você não quer isso, e eu não vou força-lo. Em dois meses, isso tudo vai acabar – Disse firme – Não irei voltar atrás.

― Lis – Murmurou.

― Não, eu já cansei – Enxugou suas lagrimas com o dorso de sua mão antes de sorrir – Agora, o que realmente está acontecendo nessa família? Acho que deveria me contar, já que por dois meses serei a sua única aliada.

Michael suspirou ao ponderar, e ver que a jovem a sua frente estava correta. Mesmo que ele ainda desconfiasse dos motivos de seu pai tê-la feito a sua noiva, não desconfiava de Lis.

― Se eu contar, poderá correr perigo mais a frente – A alertou.

― Esqueceu que vou sair dessa vida? E continuarei na Inglaterra de qualquer forma – Deu de ombros – Sua família pode ser poderosa, mas não tanto. O que realmente está acontecendo? – A sua pergunta não era apenas curiosidade, mas também uma forma de fazer Michael se afastar. Ela perguntou para se manter afastada dele, e para esquecer tudo.

Eu preciso esquecê-lo. Só tenho mais dois meses ao seu lado antes de toda essa farsa acabar.

― Eu quero destruir o meu pai. Não ligo para quem ficará com o trono, só desejo ver o meu pai ser destruído por todos os seus pecados.

― E seus irmãos? – Indagou aparentando frieza quando sentiu um calafrio percorrer o seu corpo diante da voz fria e vingativa de Michael – Qual a real personalidade deles?

― Augusto gosta de brincar com as pessoas, se diverte em vê-las confusas – Sorriu – E não fiquei surpreso ao vê-lo deixar a sua esposa cair em uma armadilha daquelas. Ele se divertiu em ver o desespero dela. Philipe é quieto, silencioso, mas calculista. Se diverte com jogos sadomasoquistas, na maioria das vezes usando as empregadas. É como uma rebelião. Philipe acha que é o filho rebelde e usa isso para deixar o nosso pai com raiva.

― E quem realmente é você? – Lis indagou ao encará-lo – E o que realmente irá fazer para destruir o seu pai?

― Sou um nada, Lis Muller. Sou um pedaço de alguém que já existiu, e por isso não posso amar mais. Assim que me vingar de meu pai, irei desaparecer. Só vejo escuridão, tenho pesadelos e não desejo ser feliz. Irei destruir o meu pai, destruindo a única coisa que ama. O seu precioso reino. Não me importo com quantas pessoas vão ser feridas, se o final for ele destroçado e pedindo por clemencia, ajoelhado em frente a mim.

Lis sabia que não deveria o abraçar, mas não resistiu. Passou os braços envolvendo seu pescoço, sussurrando em seu ouvido.

― O rei pretende usar o meu parentesco com Klaus, o homem que tentou assassinar o príncipe da Inglaterra, para te destruir? - Michael assentiu contra a sua vontade. – E você pretende me usar para destruir o seu pai. Vocês são idênticos – Disse sem amargura, ao se afastar dele, levantando-se da cama. – O que vai precisar que eu faça?

A pergunta fez Michael a olhar surpreso. Ele não imaginava que ela iria aceitar tão rapidamente e muito menos estivesse disposta a ir tão longe.

― Tem certeza?

― Sim, assim os dois meses podem se transformar em um. E eu ficarei livre – Deu de ombros tentando sorrir sem sucesso.

―Se aproximar de Augusto.

― E o que devo fazer?

― Uma confissão que ele foi o responsável pelos homens que nos perseguiram. Inocentar Regina é uma prioridade, já que assim, ela se tornará uma aliada. Regina tem acesso direto aos homens que votam pelas leis do país.

― Você poderia fazer isso.

― Sim, mas isso não seria suficiente para conseguir o apoio de Regina ou de outras pessoas. Para todos, sou um demônio, sádico, um doente que gosta de ver as pessoas sofrerem.

Lis suspirou antes de assentir.

― Farei isso, mas deverá me prometer algo. – Michael assentiu – Eu quero um encontro normal quando conseguir.

―Um encontro?

― Sim, sempre quis ter um – Sorriu largamente ao ir em direção ao closet – Vou começar o quanto antes.

Michael não conseguiu falar nada. Seus olhos se mantiveram nas costas da jovem que parecia frágil.

Quando os dois meses acabarem, o que vai acontecer?

Michael se perguntou tentando ignorar a dor que começava a sentir em seu coração.

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: Amor Sombrio