Lis respirou fundo ao olhar para a porta do quarto de Augusto, enquanto tentava controlar a sua própria respiração. Seu coração batia acelerado, como se estivesse prestes a entrar em uma floresta repleta de assassinos. Se viu passando a mão pelos cabelos antes de bater na porta, escutando a voz do primeiro príncipe, segundos depois. Ela aguardou paciente em frente a porta, e no momento em que Augusto sorriu ao abrir a porta, Lis se viu desviando o olhar. Por algum motivo, se sentia constrangida e incerta sobre o que estava fazendo.
Ela não havia pensando corretamente sobre como poderia obter informações do príncipe, apenas agira com impulsividade.
― Vejamos o que temos aqui – Augusto sorriu como um predador ao passar a língua pelos seus lábios – O que a noiva do meu irmão veio fazer em meu quarto? – A sua voz estava repleta de sarcasmo. Ele parecia se deliciar com toda a situação. Se deliciar em como Lis parecia inquieta, constrangida e indecisa. Ele se divertia em ver o desconforto dela aumentar diante de suas palavras.
― Posso entrar? – Ela indagou ao encará-lo finalmente, conseguindo vislumbrar a surpresa em seus olhos por alguns segundos. Augusto afastou-se da porta, lhe dando espaço e Lis observou o quarto surpresa. O quarto do príncipe herdeiro resplandecia luxo e requinte. A cama possuía uma coberta com tons em dourado e branco, as cortinas eram brancas, na parede conseguia ver quatro quadros de pintores renomados, e os pequenos objetos espelhados eram dourados e prateados. Lis tinha certeza que tudo era de ouro.
― Fique a vontade – Disse ao fechar a porta, cruzando os braços em frente ao seu corpo assim que escorou suas costas na parede – O que deseja falar comigo?
― Eu preciso de ajuda – Disse ao se virar, ficando em frente para ele. – O seu irmão é louco. Ele realmente acredita que precisamos nos casar e começo a pensar que ele pode me forçar a isso de alguma forma.
― E espera que eu a ajude?
― Sim, eu sei que é o único com poder suficiente para isso. Philipe não teria como fazer isso. Eu sei que você é o único forte nessa família – A forma como Lis falou andando em sua direção, fez Augusto erguer uma sobrancelha, surpreso. Ele não esperava que Lis Muller, a noiva de Michael, se comportasse daquela forma. Manipulando-o de forma tão vil. – Você irá me ajudar?
Augusto conhecia aquele tipo de manipulação, pois foi o mesmo que havia usado com Regina para ela aceitar o casamento, e segurou-se para não rir. Ele se via cada vez mais curioso para descobrir o real motivo dela estar se sujeitando a algo como aquilo. O primeiro príncipe conseguia ver o modo como corpo de Lis estava rígido, a expressão em seu rosto sendo forçadamente suavizada.
Ele poderia dizer que já havia percebido a tentativa de manipulação, mas o seu desejo por descobrir o motivo, o deixou vulnerável e ansioso.
― Irei ajuda-la, mas com uma condição – Sorriu ao se aproximar dela, tocando em seu rosto delicadamente, acariciando as maçãs de sua face. – O que acha de ser minha? Irei me divorciar de Regina, já que ela é uma traída do reino, e então serei um homem livre.
A expressão de nojo foi forte o suficiente para não ser repelida pela jovem.
― Deseja trair o seu irmão? Está querendo que eu seja a vilã.
― Não há vilã ou vilão na vida Lis. Somos pessoas oportunistas, não acha? Podemos unir o útil ao agradável, além do mais, você é boa demais para estar com alguém tão lunático e quebrado como meu irmão.
― Fala como se ele fosse o único responsável por quebrar a si mesmo. Não foram vocês que fizeram isso? – O desafiou sem se afastar, encarando-o.
― Ele não te contou, não foi? – Constatou surpreso, afastando a sua mão do rosto de Lis. – Ao menos sabe que ele foi para o exercito? – Ela assentiu – E imagino que já viu as marcas em suas costas. Michael é como um morto vivo, minha querida. Ele jamais será capaz de amar novamente ou ter qualquer emoção que não seja vingança. O nosso pai tirou a única coisa que foi capaz de fazê-lo retornar vivo da guerra. Susana. Os detalhes será mais divertido se descobrir sozinha – Sorriu – Michael é realmente um cara doente. Ele esteve lhe dando esperanças quando deseja apenas a usar, mas não eu. Eu serei sempre sincero, e basta permanecer ao meu lado para que tenha tudo o que deseja.
― Será realmente sincero comigo, se eu ficar ao seu lado? – Perguntou após alguns instantes em silêncio. Ele concordou animado. – Então me diga, Regina é realmente culpada por traição?
Augusto gargalhou colocando a mão em seu próprio rosto.
― É isso que deseja descobrir? Regina nunca teria coragem para fazer como isso, então é claro que não foi ela. Logo ela será liberada. Dificilmente terá provas contra ela. Regina sempre foi passiva, bondosa demais e tola para fazer algo assim.
― Como pode ter tanta certeza?
― Regina nunca quis um filho, pelo menos não comigo, e muito menos se preocupava com a sua presença, Lis. – Se aproximou mais dela, colocando as mãos em sua cintura – Mas eu não. Sempre estive curioso e intrigado sobre você. Não acha que deveria ser gentil e me beijar, como uma forma de fecharmos o nosso pacto?
― Odeia tanta assim o seu irmão?
― Não.
Lis colocou suas mãos no pescoço de Augusto, mantendo o olhar fixo em seu rosto.
― Se não o odeia, por qual motivo está tentando me afastar dele?
― É apenas boa demais para alguém como ele. Irá compreender quando descobrir sobre o amor dele por Susana. Michael jamais vai deixar de pensar nela ou se culpar. Ele nunca poderá abraça-la, beijá-la ou amá-la sem que Susana esteja em sua mente e em seu coração. Estou sendo gentil lhe dizendo isso.
Ela suspirou ao ficar na ponta dos pés, e depositar um beijo na bochecha do primeiro príncipe.
― Sim, e eu agradeço – Retirou suas mãos do pescoço dele, afastando-se dele, surpresa por encontrar resistência no primeiro príncipe. – Sei que ele nunca irá me amar, e nem espero por isso, mas também não sei se estar ao seu lado, príncipe Augusto, irá me beneficiar em algo.
― E como poderia lhe provar que estar ao meu lado é benéfico?
Lis fingiu pensar por alguns instantes antes de sorrir.
― Quero me encontrar com Klaus Vincent Reid. E você pode conseguir isso.
Augusto demorou alguns instantes para enfim gargalhar. A cada instante, Lis se mostrava ainda mais interessante aos seus olhos.
―Farei isso. Conseguirá que irá visita-lo em segredo. – Lis concordou ao ir em direção a porta – Mas realmente era apenas isso que desejava?
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