Domingo à Noite, Casa dos Carter
A noite caía com doçura sobre o bairro arborizado dos Carter. A brisa soprava leve, trazendo o aroma das flores do jardim misturado ao cheiro irresistível que escapava da cozinha e invadia todos os cantos da casa.
As janelas estavam abertas, as cortinas dançavam suavemente com o vento, e dentro da casa, a vida pulsava em forma de vozes, risos e aromas acolhedores.
A mesa de jantar estava impecável: toalha branca com detalhes florais, louça clara com filetes dourados e taças de cristal posicionadas com perfeição. No centro, o assado de Helen exalava um perfume inebriante, acompanhado do cremoso risoto de cogumelos que arrancava suspiros só de olhar. Havia salada fresca com frutas da estação, legumes salteados e na cozinha a tentação final: panquecas doces de banana caramelizada esperando o momento de brilhar.
Na varanda, Zoe e Liam apreciavam vinho tinto sob a luz morna do luar, rindo baixo como um casal de namorados.
— Helen, se essa comida estiver tão boa quanto o cheiro… eu juro que largo tudo e venho morar aqui — disse Zoe, com uma piscadinha.
— E eu apoio totalmente! — completou Tânia, ao lado de James. — Trouxe uma torta de limão, mas se você tiver feito aquelas panquecas de banana… pode fingir que a minha não existe.
Helen, ainda ruborizada desde os comentários da manhã, tentava manter a pose, mas a cada troca de olhares com Zoe ou Tânia, sentia o rosto aquecer como se tivesse posto a cara direto no forno.
Na sala de estar, os adolescentes riam entre si. David mexia no celular com Tiago ao lado, trocando memes absurdos. April, num vestido floral leve e cabelo preso com uma presilha de flor, conversava animadamente com Mel. Já Tomás, sentado no canto mais afastado do sofá, a observava com um sorriso tímido, sem se dar conta de que estava sendo vigiado por Liam, Zoe e Tânia ao mesmo tempo.
— Olha o nosso tímido aí, apaixonado até o último fio de cabelo — murmurou Zoe para Liam, que fingiu tossir para esconder a risada.
— Aposto que tá mais nervoso do que no dia da prova de matemática.
— E mais corado do que um tomate no sol — completou Tânia.
Quando todos foram chamados para a mesa, a movimentação foi quase coreografada. As cadeiras foram arrastadas, os pratos se encheram, e logo o tilintar de talheres se misturou às histórias contadas por cada canto.
Helen servia vinho quando April, com sua doçura habitual, e zero noção do risco, resolveu soltar a bomba:
— Mãe… quer ajuda?
Helen, encantada pela filha, olhou para ela com ternura. Por um momento, esqueceu do caos anterior e apenas admirou a jovem que crescia diante de seus olhos. O loiro herdado de Ethan, os olhos azuis intensos… Era como olhar para o passado e o futuro ao mesmo tempo.
— Mãe? Tá tudo bem?
— Tá sim, minha princesa… só estava aqui agradecendo a Deus por ter me dado alguém como você.
April sorriu e caminhou até a mãe, abraçando-a com força e sussurrando:
— Você é a melhor mãe do mundo!
Helen fechou os olhos, abraçando a filha como se pudesse segurá-la um pouco mais no tempo. Mas, claro… April resolveu brincar:
— Mesmo que você e o papai ajam como dois adolescentes na puberdade ainda…
Silêncio.
Ethan parou com o garfo no ar. James e Liam se entreolharam. Zoe engasgou com o vinho. Tiago soltou um riso abafado. E o caos começou.
— Fi-filha?! — gaguejou Helen, com o rosto explodindo em vermelho.
— Fico feliz que vocês se amem tanto… — April continuou, com um sorrisinho angelical. — É constrangedor, confesso. Mas bonito.
Tiago não se aguentou:
— Ah, April, e bota amor nisso!
James virou o pescoço tão rápido que quase derrubou o copo. Tânia arregalou os olhos para o filho com expressão de: Você quer morrer hoje?
— Tiago… — murmurou James, entredentes.
Zoe gargalhava alto, batendo no braço de Liam, que já estava rindo feito um bobo.
— MENOS, TIAGO, PELO AMOR DE DEUS!
— Concordo com a April — disse David, exausto. — Minha terapia nunca mais será a mesma.
No canto da mesa, Tomás parecia ter congelado. O rosto corado até a raiz do cabelo, os olhos arregalados, e o garfo travado no ar. April, ao notar, começou a rir sem ar.
— Ah não… coitado do Tomás — disse Mel, segurando o riso.
— O menino está vivendo o primeiro jantar oficial com a família e já foi exposto a… isso tudo — comentou Liam.
— Ele vai voltar pra casa tremendo — completou Zoe.
April se inclinou para perto de Tomás e sussurrou, ainda rindo:
— Não foge não, tá? A gente é só… assim mesmo.
Ele sorriu de canto, as bochechas em brasa:
— Eu acho isso… acolhedor.
— Acolhedor? — repetiu David, rindo. — Cara, você é um guerreiro. Parabéns.
James ergueu a taça com teatralidade:
— Um brinde ao Tomás! Que sobreviveu ao jantar da casa Carter sem fugir correndo!
Todos brindaram, gargalhando, incluindo Tomás, que mesmo envergonhado, não conseguia esconder o sorriso bobo ao olhar para April.
Na casa dos Carter, amor e loucura sempre andam de mãos dadas.

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