Ethan entrou em casa ajeitando a gravata e sentindo o cansaço do dia pesar sobre seus ombros. Ele passou pela sala e imediatamente notou a bolsa de Helen sobre a mesa, ela já tinha chegado.
Um pequeno sorriso surgiu em seus lábios. Era estranho como, ultimamente, chegar em casa e saber que Helen estava ali o fazia se sentir… confortável.
Sem perder tempo, ele subiu as escadas em direção ao seu quarto para tomar um banho e se trocar para o jantar na casa de seus pais. Já estava abrindo a porta quando um grito agudo e desesperado ecoou pela casa.
— AHHHH, MEU DEUS!
O coração de Ethan disparou, era Helen.
Sem pensar duas vezes, correu até o quarto dela e girou a maçaneta abrindo a porta do quarto dela com força.
O que encontrou foi uma visão inusitada.
Helen estava em cima da cama, completamente enrolada em uma toalha, com os olhos arregalados e o corpo tremendo.
— O que foi?! — Ethan perguntou, olhando em volta, pronto para enfrentar qualquer ameaça.
Ela apontou com o dedo trêmulo para o banheiro e sua voz saiu num sussurro quase dramático:
— Uma barata, Ethan! Por favor, mata ela! Pelo amor de Deus!
Ethan piscou tentando processar o que ela acabava de dizer.
— Você… — Ele franziu a testa, tentando absorver a cena. — Você fez esse escândalo por causa de uma barata?
Helen olhou para ele como se ele tivesse acabado de insultar sua honra.
— Ethan, pelo amor de Deus! Não é uma barata comum, ela é ENORME!
Ele cruzou os braços e soltou uma risada baixa dizendo:
— Enorme, é? Tipo uma barata mutante? Uma barata alienígena?
— ETHAN! — Helen gritou, furiosa.
Ele ergueu as mãos em rendição, ainda segurando um sorriso e disse caminhando em direção ao banheiro:
— Tudo bem, sua chatinha, eu vou matar essa ameaça intergaláctica.
Helen suspirou aliviada enquanto Ethan entrava no banheiro.
Do lado de fora, ela ainda estava sobre a cama, com os joelhos dobrados e o coração acelerado.
— Odeio esse bicho nojento, que inferno! — resmungou segurando a toalha com uma mão enquanto roía as unhas da outra.
Segundos depois, Ethan saiu do banheiro, ajeitando a manga da camisa e com um brilho divertido nos olhos.
— Pronto.
Helen sorriu, um sorriso sincero e aliviado que, de alguma forma, aqueceu o peito de Ethan de um jeito estranho. Sem pensar, ele estendeu a mão para ajudá-la a descer da cama. Helen hesitou por um segundo, mas logo tocou sua mão, então, do nada, ela arregalou os olhos e perguntou:
— Espera! Onde você jogou ela?!
Ethan sorriu malicioso e disse:
Helen apenas assentiu, tentando controlar o fogo que ainda queimava dentro de si. Ethan se levantou, sem olhar para ela, mas com o corpo ainda sentindo o calor de sua pele e saiu do quarto sem dizer nada.
Helen mordeu o lábio e soltou o ar que prendia. Por um momento pensou se o telefone não tivesse tocado? Em seguida, balançou a cabeça, tentando afastar os pensamentos impróprios que ainda dançavam em sua mente.
Não, não, não!
Ethan não a via dessa maneira, ele nunca olharia para ela com desejo, nunca a tocaria da forma que ela queria ser tocada, nunca sussurraria seu nome no meio da noite com a voz rouca e carregada de desejo.
Esse não era o acordo, esse não era o combinado.
Caminhou até o banheiro, ainda cautelosa, porque vai que aquela barata tinha família e estava tramando uma vingança? Mas, antes de entrar, um sorriso brincou em seus lábios ao se lembrar da risada de Ethan, do peso do seu corpo sobre o dele, do jeito que seus olhos escureceram por um segundo antes do telefone tocar.
Se já o amava, agora estava se tornando ainda mais difícil esconder esse sentimento, porque estava conhecendo um lado dele que nunca tinha visto antes.
Brincalhão, protetor, intenso.
Helen respirou fundo, apoiando-se na pia do banheiro, não podia seguir por esse caminho. Levantou a cabeça e se encarou no espelho, observando o reflexo de uma mulher confusa, perdida… e apaixonada. Odiava admitir, mas era real.
Suspirou profundamente, como se quisesse expirar junto o turbilhão dentro de si.
— Desencana, Helen Bennett… — murmurou para si mesma. — Não misture as coisas, ele apenas está sendo gentil… é seu amigo.
Mas então, como explicar o jeito que ele a olhou? Como explicar a tensão, a eletricidade, a hesitação antes do telefone tocar?
Helen fechou os olhos, tentando não criar expectativas.
Porque esperança era um veneno quando se tratava de Ethan Carter e seu coração era o bobo da corte.

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