Culpa: É a responsabilidade por uma ação que ocasiona dano ou prejuízo a outra pessoa.
Helen permanecia no escritório de Ethan, o ambiente sombrio refletindo a escuridão que havia se instalado em sua alma. Sua mente era um turbilhão de dor, raiva e um orgulho ferido que ela se recusava a ignorar. Enquanto caminhava de um lado para o outro, tentando conter a tempestade que se agitava dentro de si, o som da porta se abrindo a fez parar.
Ethan entrou no escritório com a expressão dura e indiferente, seus olhos fixos no celular sobre a mesa. Sem nem olhar para Helen, pegou o aparelho e o segurou com firmeza.
— Onde você encontrou isso? — Sua voz era fria, desinteressada, como se o próprio ar fosse feito de gelo.
Helen soltou uma risada amarga.
— Miranda me entregou. Ela fez questão de me devolver isso em um restaurante lotado, afirmando que você o esqueceu na casa dela. — As palavras eram pedras afiadas arremessadas sem piedade.
Ethan finalmente levantou o olhar, com a expressão endurecida.
— Você não deveria ter aceitado. — Respondeu, sem qualquer traço de arrependimento.
Helen quase gritou de indignação.
— Eu não deveria ter aceitado? Você não deveria ter deixado seu celular na casa dela! Não deveria estar na casa dela!
— Isso não é da sua conta. — Sua voz era como uma lâmina fria que cortava fundo.
— Não é da minha conta? — Helen gritou, sentindo os olhos arderem de dor e revolta. — Somos casados, Ethan! Estamos sob o mesmo teto, fingindo viver uma vida que você destrói um dia após o outro. E agora, essa matéria — apontou para o celular — expondo sua traição para o mundo inteiro!
Ethan olhou para a tela, com os lábios apertados de frustração.
— Vou pedir para a equipe de comunicação resolver isso. É irrelevante.
— Irrelevante?! — Helen deixou escapar um riso desesperado. — Você é tão arrogante que não percebe o que fez comigo hoje? Que me humilhou publicamente e espera que eu fique quieta e aceite como se nada tivesse acontecido?
— Helen… — Ethan tentou intervir, mas ela o interrompeu com veemência.
— Não! Você vai ouvir hoje. — Sua voz tremia de emoção, mas não de fraqueza. Era a força de alguém que finalmente se recusava a ser silenciada. — Cansei de ser ignorada. De viver como um fantasma dentro desta casa, enquanto você desfila por aí com ela. Cansei de ser tratada como uma obrigação sem valor algum.
Aquelas palavras o atingiram como uma bofetada. Pela primeira vez, ele se via despido de sua arrogância, exposto diante da verdade que se recusara a encarar.
— Eu poderia odiá-lo. — Continuou Helen, com os olhos cravados nele. — Mas, diferente de você, eu nunca expus minha infelicidade para o mundo ver. Sempre respeitei essa união, mesmo que fosse só um contrato. E eu só exijo que você faça o mesmo.
O silêncio que se seguiu foi esmagador. Ethan encarava Helen como se estivesse vendo-a pela primeira vez. Ela não era mais a mulher submissa que ele acreditava conhecer. Era alguém que finalmente havia encontrado a própria voz.
Helen virou-se para sair, mas lançou uma última sentença antes de desaparecer pelo corredor:
— Faça o que quiser, Ethan. Mas não espere que eu continue suportando isso calada. Porque, mesmo que meu coração ainda anseie por isso, eu não vou mais abrir mão de mim mesma.
Ethan permaneceu parado, com o celular em mãos e o gosto amargo da culpa tomando conta dele. As palavras de Helen ecoavam em sua mente, esmagando qualquer desculpa que pudesse usar para se justificar.
A verdade era inegável: ele havia sido cruelmente egoísta, ignorando que Helen também sofria com um casamento que nunca teve amor, mas que ela, ao menos, tentou respeitar.
E agora, ele se perguntava se ainda restava algum pedaço não destruído de seus corações que pudesse ser reconstruído.

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