Bela Flor - Romance gay romance Capítulo 57

Chego na clínica dez minutos antes do meu horário e converso um pouco com a recepcionista até que a senhorita Lim me chame. Quando adentro a sala, sento no mesmo sofá de sempre e sorrio para ela quando ela faz o mesmo bem à minha frente.

ㅡ Você está sorridente hoje. ㅡ ela comenta, me fazendo abaixar os olhos com a fraude que sou. ㅡ como tem passado?

Não era bem o meu plano simplesmente começar a falar bem ali, no início da sessão, mas estava tão cansado, tão sobrecarregado de mim mesmo que fui sincero quando disse que não estava bem. E quando ela me perguntou o porquê, as palavras simplesmente foram saindo e saindo, até o momento em que senti meu corpo tremer e o choro vir, junto com a grande cereja do bolo que foi mostrar-lhe o que eu havia feito comigo mesmo.

Senhorita Lim era cuidadosa, ela não demonstrava surpresas, descontentamento ou decepções, ela sempre continuava com o mesmo tom de voz calmo, e me deixava um pouco mais ciente das coisas que eu fazia e possivelmente tinha.

Não foi surpresa para mim quando ela me contou sobre o diagnóstico que havia chegado após ela me analisar por todos os meses. Eu tinha o que chamavam de transtorno de ansiedade generalizada, mas me assustou quando, ainda em sessão, ela me disse que o mais indicado agora seria que eu também passasse pela análise de um psiquiatra.

ㅡ P-Psiquiatra? Então... o que eu tenho é grave?

ㅡ Não diria que é algo que você precisa ter medo, mas você tem um transtorno e os seus sintomas estão se tornando mais frequente a cada semana. Ir ao psiquiatra te ajudará mais, pois ele saberá a melhor forma de tratar o que você tem.

Senti meu estômago revirar. Meu coração estava novamente acelerado e conseguia até mesmo ouvir os batimentos ligeiros. Respirei fundo, meu corpo parecia tremer.

— Isso quer dizer... remédios?

— Talvez.

Respirei fundo, tentando me acalmar internamente.

ㅡ Mas a gente não vai mais se ver? ㅡ me senti desesperado. A percepção de ter que falar tudo outra vez para um novo desconhecido me arrepiava.

ㅡ É claro que vamos. ㅡ ela sorriu, erguendo-se de onde estava para sentar ao meu lado. ㅡ ainda temos muito trabalho juntos a fazer. Continuaremos falando da sua infância, dos seus traumas, e de tudo o que também te faz bem. Eu vou continuar te ajudando.

Sorri pequeno, assentindo e respirando fundo outra vez.

ㅡ Quer beber um pouco de água?

ㅡ Por favor.

Observei a senhorita Lim ir até o canto da sala, onde ficava uma jarra com água e gelo, e encher dois copos. Ela trouxe um para mim e voltou a sentar ao meu lado. Bebi o líquido quase todo enquanto ainda estava me sentindo colapsar por dentro.

Senhorita Lim deu apenas um pequeno gole e deixou o copo no canto.

ㅡ A s-senhora conhece algum psiquiatra para me indicar?

Senhorita Lim sorriu e assentiu, ela era mesmo sempre calma demais.

A vi buscar um pequeno cartão em sua mesa e pensei como ela já deveria trabalhar com a tal pessoa a algum tempo para ter um cartão seu bem ali.

Busquei o cartão e quis devolvê-lo. Ver que o endereço era em um hospital me fez sentir ainda mais medo.

ㅡ Não precisa ter medo, Jaejun. É só lembrar que estamos trabalhando juntos para você melhorar e ter uma qualidade de vida melhor.

ㅡ É só que... é estranho. Eu procurei a senhora apenas porque me sentia triste pela morte da vovó, mas ir vendo que, em cada sessão, a gente foi falando e falando, e que agora eu sei que tenho traumas e ansiedade é... ㅡ suspiro. ㅡ muito doido. Eu pensei que isso fosse passar rápido.

ㅡ Não dá para curar rápido o que já vem te maltratando desde quando você era apenas um garoto. Mas posso te assegurar que, se você continuar firme e não desistir, sua melhora logo, logo, será notória e você viverá melhor.

ㅡ Tudo bem.

ㅡ Vou pedir ao meu amigo para abrir um horário para você ainda essa semana, tudo bem?

ㅡ Tudo, mas... e a gente?

ㅡ Você poderá voltar aqui na semana que vem se se sentir confortável, é claro.

ㅡ Eu volto. ㅡ assenti, convicto.

Naquela tarde, saí da terapia neutro. Ainda tentava raciocinar e tentava fazer meu corpo parar de ter todos aqueles sintomas que estavam mais frequentes durante um único dia.

Não deu sequer tempo de almoçar, pois, parei em uma praça e sentei sozinho no banco de madeira de lá. Quis chorar, mas não o fiz. Minha cabeça estava fervendo e eu só conseguia pedir ao universo para simplesmente sumir.

Talvez assim tudo passasse.

Mas não podia, é claro. Então fiquei o meu tempo livre ali, olhando as pequeninas plantas e flores que voltavam a nascer após terem sido cobertas pela neve.

Quando enfim já me sentia bem, me ergui para voltar ao trabalho, entretanto, minha atenção foi desviada para a tela do meu celular com a notificação do meu banco.

Franzi o cenho, abrindo-a e notando que meu saldo estava maior do que deveria estar.

Então busquei nas informações do porque aquilo havia acontecido. Pensei em ser Hyun-suk, já que ele às vezes me envia dinheiro como se fizesse aquilo sem querer, mas fica irritado quando eu o devolvo e rio de si, sabendo que "sem querer" não existe quando ele faz aquilo outras vezes também.

Mas senti meu corpo congelar quando li o nome da pessoa quem havia me enviado aquilo.

Lee Su-ji.

Ela havia me enviado dinheiro?

Caminhei rápido de volta à empresa e tentei não ligar para o meu estômago roncando quando deixei duas batidas pequenas na porta do chefe Jung e adentrei a sala após ele permitir.

ㅡ Me desculpa incomodar, senhor. ㅡ digo, me aproximando.

ㅡ Tudo bem, aconteceu algo? ㅡ Hajun parece mais tranquilo que pela manhã.

ㅡ Sim, eu... recebi isso. ㅡ mostro-o a tela do celular para ele e o vi ler a mesma mensagem que eu li.

ㅡ Uh, então ela fez o pagamento. Isso é bom.

ㅡ Bom? Isso é... a devolução?

ㅡ É, mais a multa que estipulei e foi aceita, é claro.

ㅡ Woah, isso é... muito dinheiro.

ㅡ Não é tanto, mas agora você tem o seu dinheiro de volta e pode fazer o que quiser com ele.

ㅡ E quanto eu envio para o senhor? ㅡ perguntei, odiava ficar devendo alguém.

ㅡ O quê? Nada! Eu não cobrei por esse serviço.

ㅡ Mas senhor, Jung... é muito dinheiro, nem eu sabia que o senhor ia conseguir tudo isso. Posso te dar metade.

ㅡ Claro que não, Jaejun. Guarde seu dinheiro ou gaste, te disse.

ㅡ Então posso pagar o jantar? ㅡ sorri sem jeito. ㅡ para todos nós. Você... pode ir, já que eu acho que vou convidar Taeshin e possivelmente ele vai convidar JiHo.

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