Bela Flor - Romance gay Capítulo cinquenta e cinco

sprite

Chego na clínica dez minutos antes do meu horário e converso um pouco com a recepcionista até que a senhorita Lim me chame. Quando adentro a sala, sento no mesmo sofá de sempre e sorrio para ela quando ela faz o mesmo bem à minha frente.

ㅡ Você está sorridente hoje. ㅡ ela comenta, me fazendo abaixar os olhos com a fraude que sou. ㅡ como tem passado?

Não era bem o meu plano simplesmente começar a falar bem ali, no início da sessão, mas estava tão cansado, tão sobrecarregado de mim mesmo que fui sincero quando disse que não estava bem. E quando ela me perguntou o porquê, as palavras simplesmente foram saindo e saindo, até o momento em que senti meu corpo tremer e o choro vir, junto com a grande cereja do bolo que foi mostrar-lhe o que eu havia feito comigo mesmo.

Senhorita Lim era cuidadosa, ela não demonstrava surpresas, descontentamento ou decepções, ela sempre continuava com o mesmo tom de voz calmo, e me deixava um pouco mais ciente das coisas que eu fazia e possivelmente tinha.

Não foi surpresa para mim quando ela me contou sobre o diagnóstico que havia chegado após ela me analisar por todos os meses. Eu tinha o que chamavam de transtorno de ansiedade generalizada, mas me assustou quando, ainda em sessão, ela me disse que o mais indicado agora seria que eu também passasse pela análise de um psiquiatra.

ㅡ P-Psiquiatra? Então... o que eu tenho é grave?

ㅡ Não diria que é algo que você precisa ter medo, mas você tem um transtorno e os seus sintomas estão se tornando mais frequente a cada semana. Ir ao psiquiatra te ajudará mais, pois ele saberá a melhor forma de tratar o que você tem.

Senti meu estômago revirar. Meu coração estava novamente acelerado e conseguia até mesmo ouvir os batimentos ligeiros. Respirei fundo, meu corpo parecia tremer.

— Isso quer dizer... remédios?

— Talvez.

Respirei fundo, tentando me acalmar internamente.

ㅡ Mas a gente não vai mais se ver? ㅡ me senti desesperado. A percepção de ter que falar tudo outra vez para um novo desconhecido me arrepiava.

ㅡ É claro que vamos. ㅡ ela sorriu, erguendo-se de onde estava para sentar ao meu lado. ㅡ ainda temos muito trabalho juntos a fazer. Continuaremos falando da sua infância, dos seus traumas, e de tudo o que também te faz bem. Eu vou continuar te ajudando.

Sorri pequeno, assentindo e respirando fundo outra vez.

ㅡ Quer beber um pouco de água?

ㅡ Por favor.

Observei a senhorita Lim ir até o canto da sala, onde ficava uma jarra com água e gelo, e encher dois copos. Ela trouxe um para mim e voltou a sentar ao meu lado. Bebi o líquido quase todo enquanto ainda estava me sentindo colapsar por dentro.

Senhorita Lim deu apenas um pequeno gole e deixou o copo no canto.

ㅡ A s-senhora conhece algum psiquiatra para me indicar?

Senhorita Lim sorriu e assentiu, ela era mesmo sempre calma demais.

A vi buscar um pequeno cartão em sua mesa e pensei como ela já deveria trabalhar com a tal pessoa a algum tempo para ter um cartão seu bem ali.

Busquei o cartão e quis devolvê-lo. Ver que o endereço era em um hospital me fez sentir ainda mais medo.

ㅡ Não precisa ter medo, Jaejun. É só lembrar que estamos trabalhando juntos para você melhorar e ter uma qualidade de vida melhor.

ㅡ É só que... é estranho. Eu procurei a senhora apenas porque me sentia triste pela morte da vovó, mas ir vendo que, em cada sessão, a gente foi falando e falando, e que agora eu sei que tenho traumas e ansiedade é... ㅡ suspiro. ㅡ muito doido. Eu pensei que isso fosse passar rápido.

ㅡ Não dá para curar rápido o que já vem te maltratando desde quando você era apenas um garoto. Mas posso te assegurar que, se você continuar firme e não desistir, sua melhora logo, logo, será notória e você viverá melhor.

ㅡ Tudo bem.

ㅡ Vou pedir ao meu amigo para abrir um horário para você ainda essa semana, tudo bem?

ㅡ Tudo, mas... e a gente?

ㅡ Você poderá voltar aqui na semana que vem se se sentir confortável, é claro.

ㅡ Eu volto. ㅡ assenti, convicto.

Naquela tarde, saí da terapia neutro. Ainda tentava raciocinar e tentava fazer meu corpo parar de ter todos aqueles sintomas que estavam mais frequentes durante um único dia.

Não deu sequer tempo de almoçar, pois, parei em uma praça e sentei sozinho no banco de madeira de lá. Quis chorar, mas não o fiz. Minha cabeça estava fervendo e eu só conseguia pedir ao universo para simplesmente sumir.

Talvez assim tudo passasse.

Mas não podia, é claro. Então fiquei o meu tempo livre ali, olhando as pequeninas plantas e flores que voltavam a nascer após terem sido cobertas pela neve.

Quando enfim já me sentia bem, me ergui para voltar ao trabalho, entretanto, minha atenção foi desviada para a tela do meu celular com a notificação do meu banco.

Franzi o cenho, abrindo-a e notando que meu saldo estava maior do que deveria estar.

Então busquei nas informações do porque aquilo havia acontecido. Pensei em ser Hyun-suk, já que ele às vezes me envia dinheiro como se fizesse aquilo sem querer, mas fica irritado quando eu o devolvo e rio de si, sabendo que "sem querer" não existe quando ele faz aquilo outras vezes também.

Mas senti meu corpo congelar quando li o nome da pessoa quem havia me enviado aquilo.

Lee Su-ji.

Ela havia me enviado dinheiro?

Caminhei rápido de volta à empresa e tentei não ligar para o meu estômago roncando quando deixei duas batidas pequenas na porta do chefe Jung e adentrei a sala após ele permitir.

ㅡ Me desculpa incomodar, senhor. ㅡ digo, me aproximando.

ㅡ Tudo bem, aconteceu algo? ㅡ Hajun parece mais tranquilo que pela manhã.

ㅡ Sim, eu... recebi isso. ㅡ mostro-o a tela do celular para ele e o vi ler a mesma mensagem que eu li.

ㅡ Uh, então ela fez o pagamento. Isso é

ㅡ Bom? Isso é... a devolução?

É, mais a multa que estipulei e foi aceita, é claro.

ㅡ Woah, isso é... muito dinheiro.

Não é tanto, mas agora você tem o seu dinheiro de volta e pode fazer o que quiser

E quanto eu envio para o senhor? ㅡ perguntei, odiava ficar devendo alguém.

O quê? Nada! Eu não cobrei por esse serviço.

ㅡ Mas senhor, Jung... é muito dinheiro, nem eu sabia que o senhor ia conseguir tudo isso. Posso te dar metade.

Claro que não, Jaejun. Guarde seu dinheiro ou gaste, te disse.

posso pagar o jantar? ㅡ sorri sem jeito. ㅡ para todos nós. Você... pode ir, já que eu acho que vou convidar Taeshin e possivelmente ele vai convidar JiHo.

ㅡ Você vai pagar o jantar? Sabe como Taeshin come muito?

Podemos jantar num lugar barato. ㅡ rio, fazendo-o rir também.

Tudo bem. Hoje é... um dia ruim para o nosso namoro e acho que jantar nos fará bem, e qualquer coisa ele não ficará deslocado por te ter lá.

ㅡ Ótimo. Então marcado, vamos jantar depois do trabalho.

ㅡ Ok.

Sai da sala do chefe sorrindo um pouco mais. Sorah me ofereceu um chocolatinho que ela estava comendo naquele momento e não tive como recusar, meu estômago mais parecia um monstro faminto.

Quando voltei para a sala, mandei mensagem no grupo de amigos e mandei especialmente para Hyun-suk, ele também deveria se juntar a todos nós, mas deixei claro que seria eu a pagar por tudo.

Essa sensação de poder proporcionar algo bom para os meus amigos e meu namorado ao menos uma vez, parecia melhorar um pouco o dia ruim que eu estava tendo.

No fim do expediente, desci com pressa e sorri tão grande que senti meu próprio corpo aquecer. Meu namorado estava ali, completamente lindo, vestindo roupas comuns, e ansioso para me ver.

A saudade que tinha dentro do meu coração explodiu quando me aproximei de si e o abracei com força, o beijando bem ali, na rua, pouco me importando com quem nos visse.

em deleite ao sentir a língua de Hyun-suk se enroscar na minha e me deleitei no beijo eufórico que trocamos. Suas mãos estavam me abraçando com força também, quase nos

Senti tanto a sua falta. ㅡ sussurrei, deixando uns beijinhos por seu pescoço.

ㅡ Também senti a sua, amor.

os olhos de Hyun-suk e sentir meu coração se derretendo só com isso é a melhor coisa que poderia sentir hoje. O beijo novamente, sorrindo quando suas mãos vão para minha cintura e

foi o seu dia? ㅡ ele pergunta quando se encosta ao carro e me deixa a sua frente,

Foi tão estranho, Hyun... ㅡ

ㅡ Por quê?

Primeiro, eu senti aquilo outra

Fala de sentir seu

ㅡ Uhum.

você sentiu isso a semana inteira, Jaejun. Comentou com a

e... ela me instruiu a procurar um

pediu isso mesmo? ㅡ ele franze o cenho, talvez tendo a mesma reação que

Uhum, mas não é ruim, Hyun. Ela disse que os meus sintomas estão se tornando corriqueiros, ele vai me passar um tratamento e minha qualidade de vida

como você se sente com

ㅡ rio, baixo. ㅡ mas de certa forma, feliz. Eu vou me cuidar ainda mais, Hyun, vou... parar de me

ㅡ Se machucar?

lábio inferior quando peço para entrarmos no carro. Não quero ser o foco de fofoca

quando adentramos o automóvel, Hyun-suk me olha com seu típico jeito preocupado. Ergo a camisa assim como fiz com Rini e a senhorita Lim, e lhe mostro o

Quando isso aconteceu? ㅡ ele tocou com cuidado sobre as marcas ainda vermelhas e

a noite. Eu... tive uma crise forte de choro e parecia que ia sufocar. Só percebi que estava fazendo isso quando

ㅡ ele respira fundo, se aproximando de mim. ㅡ

sei, deveria ter ligado para vocês, mas... eu

você deveria ter ligado. Amor, é isso que me preocupa. Você quis ficar sozinho, eu respeitei isso, mas você não pode continuar fazendo