Hyun-suk caiu sentado no sofá. Seus olhos estavam fixos na TV quando sua foto apareceu ali. Busquei o controle, desliguei a TV e caminhei até meu quarto com pressa, buscando em meu closet o frasco do ansiolítico que meu psiquiatra havia me receitado. Não o ingeria sempre, mas sim quando eu achava que tinha necessidade. Despejei algumas gotas na boca e fechei meus olhos, engolindo-as e desejando que aquilo parasse.
Tomei sem sequer me importar se me deixaria um pouco sonolento, eu só não queria sentir aquilo outra vez, mas meu coração começava a acelerar mais e era como se as batidas ecoassem por todos os lugares.
Era alto e agonizante.
Respirei fundo, fazendo alguns exercícios que minha psicóloga havia me ensinado e sentei na beirada da cama, focando meus olhos na pilha de livros que eu havia comprado e sequer tinha lido.
Contei um por um, levando minha mente para outro lugar enquanto lentamente o remédio me acalmava.
Voltei para o lado de Hyun-suk quando meu coração ainda se mantinha acelerado, e vendo-o ainda quieto encarando um ponto qualquer, segurei sua mão.
Passamos minutos em silêncio, um ao lado do outro.
ㅡ Você acha que foi o...
ㅡ Hesun. Foi aquele desgraçado, e eu juro por Deus que vou matá-lo com as minhas próprias mãos.
ㅡ Hyun, só fica calmo. Não pensa besteira, tá?
ㅡ Besteira? ㅡ Hyun-suk me olhou, negando, soltando a minha mão para esfregar o próprio rosto ㅡ não é besteira, Jaejun. Aquele filho da puta me fodeu! Essa é uma acusação grave. Além do mais, ele está me expondo. Se as informações sobre o lugar em que aquilo aconteceu for liberado para a mídia, vou estar ainda mais fodido! As ações da empresa vão cair e eu vou perder grana, além de que, certamente, vou ser preso. Então não dá pra ficar calmo!
Suspirei, busquei sua mão novamente e a envolvi com a minha. Não havia muito o que fazer, eu mesmo ainda estava tremendo e completamente assustado, mas me perguntava o que passava na mente de Hyun-suk.
Ele não conseguia se aquietar, suas pernas balançavam em um ritmo frenético e quando a campainha tocou, o modo em como ele correu para atender a porta e a abriu com ansiedade me assustou.
Mas ainda não era Hajun. Vi Jack e Yejun adentrarem primeiro e fui eu quem correu depressa até os braços deles. Sentia saudade por não vê-los há dias, mas agora sentia medo e, inigualavelmente, os meus amigos sempre me davam a sensação de estar protegido.
Rini e Minah adentraram em seguida. Elas falaram primeiramente com Hyun-suk, mas vieram até onde eu estava também e me abraçaram. Minah disse algumas palavras boas, mas não resolvia muita coisa. Por último, Hajun adentrou com Taeshin. Hyun-suk fechou a porta e encarou o advogado.
ㅡ Que merda aconteceu? ㅡ ouvi Hajun perguntar, ele parecia bravo. ㅡ quase dois anos e isso nunca veio a tona, a família do Kang se mantém em silêncio constante, então como caralho isso vazou assim, Hyun-suk?
ㅡ É culpa minha. ㅡ digo, trazendo a atenção de todos para mim. ㅡ fui eu. Quer dizer, eu discuti com Hesun e duvidei que ele poderia fazer realmente isso. Mas foi ele quem fez isso e a culpa é minha...
ㅡ Que merda... ㅡ Hajun suspirou, retirando o terno que usava.
ㅡ Não é sua culpa, Jaejun. De tudo, você é o que menos tem culpa nisso. Fui eu quem fiz merda e deveria saber que uma hora ou outra isso iria explodir. Aquele desgraçado mal agradecido... ele quer me levar para a lama com ele.
ㅡ Você... matou mesmo naquele homem? ㅡ Taeshin perguntou, incerto.
ㅡ Ele não matou ninguém, Tae-ah! Hyun-suk bateu no homem, mas ele fez por mal. ㅡ defendi meu namorado. ㅡ confio em Hyun e ele me contou que aquele homem estava tentando estuprar Hesun, ele só o defendeu. Pode ver naquele vídeo. O homem está praticamente arrastando Hesun e Hyun-suk está procurando por ele. Ele só bateu no homem porque ele estava errado.
ㅡ Espera, então quer dizer que você livrou esse tal de Hesun de ser estuprado e ele fez isso com você? ㅡ Yejun pergunta, incrédulo.
ㅡ Ele é um desgraçado... ㅡ Hyun-suk anuncia, voltando a sentar.
ㅡ Ele só fez isso porque eu e ele discutimos. ㅡ falo e vejo Hyun-suk querer protestar, mas continuo antes que ele negue outra vez que eu tenho sim, parte na culpa. ㅡ quando estávamos no Hangar, ele apareceu lá. Eu disse coisas... dolorosas para ele. Algumas verdades também, mas ele é completamente cínico e quis usar isso contra Hyun-suk. Ele acabou se descontrolando e apertou no pescoço dele.
ㅡ Você fez isso? ㅡ Hajun negou, olhando para o meu namorado.
ㅡ Aquele filho da puta me testou ao limite. Eu não queria machucá-lo, mas ele me irrita, e... ㅡ Hyun-suk suspirou. ㅡ eu sei que errei, mas não pensei antes de simplesmente fazer.
ㅡ Hesun disse que eu era um homem morto por causa disso, ele me culpa por Hyun-suk e ele não estarem mais juntos, mas eu pensei que ele nunca faria algo ruim para o Hyun-suk já que diz tanto que o ama...
ㅡ Hesun está enxergando que agora já era pra valer, Jaejun. ㅡ Hajun diz. ㅡ e ele decidiu agir como achava melhor. Mas ele fodeu com tudo.
ㅡ Mas o que vai acontecer comigo? ㅡ Hyun-suk pergunta. ㅡ eu vou ser mesmo preso?
ㅡ Eles vão te intimar para que prestar esclarecimentos sobre o vídeo e sobre o paradeiro do Kang que ainda não foi identificado, mas dificilmente irão te prender, não há provas além daquela gravação da câmera de segurança. Eu vou estar com você e vou te instruir. Também vou entrar em contato com a família do Kang, eles precisam manter a boca calada ou também contaremos que ele é um estuprador de merda nojento e com certeza deve haver uma longa ficha criminal no nome dele.
Todos estávamos notoriamente assustados. Talvez Hajun fosse o único mais calmo entre nós, ou ele fingia muito bem.
ㅡ Eu não posso ficar aqui, tenho uma reunião à noite. ㅡ Hyun-suk avisa.
ㅡ Remarque. ㅡ Hajun informa. ㅡ Você não tá entendendo o que está acontecendo? Não dá pra arriscar, Hyun-suk.
ㅡ Mas é com Noram...
Hajun bufou, tenho certeza que ele quer agredir meu namorado agora.
ㅡ Então marque na sua casa, ora. ㅡ ele diz, enfim. ㅡ Acho melhor você ir para lá também. O condomínio é fechado, não vão deixar a imprensa entrar, aqui não é difícil de atacarem vocês na saída do estacionamento.
ㅡ Não vou deixar Jaejun sozinho aqui. ㅡ Hyun-suk avisa, me olhando. ㅡ pegue algumas roupas, você vai ficar comigo, tá bem?
Assenti sem sequer pensar. Também não queria deixá-lo sozinho.
Minah e Yejun seguiram comigo até o closet para tentar me ajudarem.
ㅡ Cadê sua mala? ㅡ Yejun perguntou.
ㅡ Está no carro do Hyun. Nós nem tiramos de lá.
ㅡ Então não precisamos fazer uma mala nova, né?
ㅡ As roupas que estão lá são roupas simples, de praia. Eu não posso ficar na casa do Hyun-suk como se estivesse de férias. Seria falta de respeito, principalmente com o momento.
ㅡ Aish, Jaejun, ele é seu namorado, não tem nada de falta de respeito nisso. ㅡ Minah disse, mas caminhou até o closet também. ㅡ mas tudo bem, você quer algumas calças?
ㅡ Tem alguma bolsa grande aqui? ㅡ Yejun indagou.
Suspirei, sabia que os meus amigos tentavam não evidenciar que também estavam assustados com o fato de Hyun-suk ser preso e o meu nome ir junto com o dele. Busquei a bolsa para Yejun e separei cinco camisas enquanto Minah buscava algumas calças.
ㅡ Você ainda tem a guerreira? ㅡ Minah riu, erguendo a minha calça preta.
ㅡ Ela estava comigo em muitos momentos, então é especial, mesmo que agora não tenha mais o posto de filha única.
Minah riu e a dobrou. Me sentei no meio do closet enquanto eles dobravam as peças e as guardava na mala. Yejun me olhou e sorriu quando guardou a última calça junto com Minah e sentou-se à minha frente, buscando minha mão.
ㅡ Você tá bem?
ㅡ Só tô um pouquinho tonto. ㅡ digo. ㅡ mas é porque eu tomei algumas gotas do ansiolítico. Estava a um triz de ter uma crise de ansiedade. E eu já não tenho uma há algumas semanas, entrei em pânico.
ㅡ Mas está tudo bem, não é? ㅡ Minah senta ao meu lado, me abraçando. Assinto, bocejando e vejo Yejun ainda manter o sorriso, também me abraçando.
ㅡ Será que tudo vai ficar bem?
Minah me aperta, esfregando a bochecha fofa sobre meu ombro.
ㅡ Claro que vai. Hyun-suk não tem culpa em nada.
ㅡ É, Hyun-suk não agrediu o homem simplesmente porque quis, ele tentou livrar o ex de ser estuprado. E tenho certeza que ele faria a mesma coisa se fosse qualquer outra pessoa a estar no lugar do Hesun.
ㅡ Ele não é mal. ㅡ Minah falou.
Suspirei, deitando minha cabeça sobre a dela.
ㅡ Ele não é... ㅡ disse, sentindo meu corpo ainda mais pesado.
ㅡ Você precisa dormir um pouco, o remédio está dando efeito. ㅡ Yejun avisa, ficando de pé. ㅡ vamos. ㅡ e ele me puxa para também me erguer.
Minah busca a mala, mas busca o meu remédio também quando peço para guardar na bolsa.
Hyun-suk se atenta quando volto para a sala e não entende quando me ver bocejando, mas o tranquilizo avisando que é só o efeito do meu remédio e sigo com ele para a garagem.
ㅡ Você tá bem? ㅡ ele segura minha mão após me sentar no banco do passageiro e até prender meu cinto de segurança, mesmo eu lhe informando que não havia necessidade nenhuma.
ㅡ Eu tô, Hyun. Juro. Só tomei o remédio porque eu não queria ter uma crise, meu coração estava acelerado e parecia que os batimentos estavam sendo reproduzidos numa caixa de som desordeira. Mas agora está melhor.
ㅡ Me desculpa te fazer passar por isso. ㅡ ele lamentou, beijando minhas mãos unidas.
Sorri e me inclinei para beijar sua boca.
ㅡ Está tudo bem.
Hyun-suk sorriu e buscou nossos óculos escuros no porta-luvas.
ㅡ Só pra prevenir. ㅡ ele disse, erguendo os vidros escuros.
Assenti, vendo os carros de Hajun e Jackson saírem na frente. Hyun-suk deu partida, seguindo para sua própria casa.
[...]
Quando chegamos na entrada do condomínio, me surpreendi por ver que realmente já haviam alguns fotógrafos ali, esperando por Hyun-suk.
O carro de Jackson entrou primeiro, já era conhecido por a casa de Minah ficar neste mesmo condomínio.
ㅡ Tente cobrir o rosto. ㅡ Hyun-suk me pediu.
O olhei antes de me virar e não deixar meu rosto evidente para os flashes que vieram assim que notaram ser ele no segundo carro.
Os seguranças tentavam fazer as câmeras pararem, mas eram tantas que chegava a me deixar ainda mais tonto com a frequência de luz que vinha em nossa direção a cada foto tirada.
Hyun-suk desviou do carro de Jackson que mantinha uma velocidade branda a frente e acelerou, me fazendo segurar firme no cinto de segurança.
O olhei assustado, mas levei meu olhar para trás quando vi a briga entre seguranças e fotógrafos ainda na entrada assim que Hajun também passou.
Que confusão!
Hyun-suk estacionou e Sunhee apareceu na entrada da casa. Ela correu, em seus olhos estavam preocupação e quando abraçou Hyun-suk, o encheu de perguntas.
ㅡ Calma. ㅡ Hyun-suk forçou um sorriso.
ㅡ Por que estão inventando isso de você assim? Que vídeo é aquele, Hyun-suk?
ㅡ Noona, vamos entrar. ㅡ pedi.
Sunhee assentiu. Todos os outros nos seguiram para dentro, mas Hyun-suk ainda se mantinha cuidadoso comigo. Ele me ajudou a subir os degraus de mármore da entrada e me fez rir em meio aos caos quando me pôs sentado em um dos sofás.
Encostei-me a Taeshin quando ele sentou ao meu lado e suspirei, descansando.
Ouvia Hyun-suk explicar o ocorrido a Sunhee que se mostrava surpresa a cada um dos detalhes.
Seu celular tocou e com o aviso de Hajun de que poderiam ser repórteres, todos nós nos atentamos.
ㅡ Não é repórter, é... o JooRi. Ele está vindo para cá. Mas vou pedir para que não venha mais.
ㅡ Vindo? ㅡ Hyun-suk franziu o cenho.
ㅡ É, eu... queria enfim apresentá-lo a vocês. Mas ele já deve estar sabendo das notícias. Na verdade, acho que todo mundo já está.
ㅡ Precisamos pensar em agir rápido, mas sem alardes. ㅡ Hajun diz.
ㅡ Diga que ele pode vir. ㅡ Hyun-suk diz a Sunhee ㅡ essa notícia não vai estragar tudo. Ainda quero conhecer esse sujeito.
Sunhee rir baixo, mas assente. Parece que ela busca a aprovação de Hyun-suk nesse relacionamento, e a meu ver, isso é um pouco fofo.
Jihoo serviu algumas bolachas com patê e suco para todos nós e o sono me consumia um pouco mais a cada segundo.
Me atentei quando ouvi o som de pneu do lado de fora e vi Sunhee se erguer depressa.
ㅡ Ele chegou! ㅡ ela disse, arrumando o vestido que usava, jogando os cabelos sobre um dos ombros.
Hyun-suk se ergue. Taeshin continua abraçado a mim e o carinho leve que ele faz nos meus cabelos contribui para o sono que me toma.
O homem adentra a casa após um dos funcionários abrir a porta e Sunhee vai até seu encontro, o recebendo com um abraço.
ㅡ Que bom que está tudo bem aqui. ㅡ o tal JooRi diz, olhando para todos nós. Hyun-suk se aproxima, mantendo a pose que eu sei que é forçada enquanto o homem sorri e ergue a mão direita enquanto Sunhee abraça seu braço esquerdo. ㅡ é um prazer te conhecer, Park.
Hyun-suk apertou firmemente a destra do homem.
ㅡ O prazer é meu. Choi JooRi, correto?
ㅡ Sim, sim. ㅡ o homem dá um sorriso maior ainda.
ㅡ Entre, por favor.
Hajun cumprimenta o homem formalmente, assim como todos os outros, mas eu só aceno junto com Taeshin.
Hyun-suk franziu o cenho quando outro carro estacionou.
ㅡ Quem está aqui? ㅡ ele se preocupou.
ㅡ Ah, está tudo bem. O meu irmão mais novo quis me acompanhar, ele é advogado e como Sunhee já o conhece, presumi que... poderia ajudar também.
ㅡ Eu já tenho um advogado. ㅡ Hyun-suk informou, olhando brevemente para Hajun. ㅡ mas obrigado pela preocupação.
ㅡ Tudo bem. ㅡ JooRi sorriu de modo doce e guiou os olhos para o irmão que parou na entrada. Sunhee também o chamou, o homem parecia tímido, mas parou de frente com Hyun-suk e meu cérebro lento demorou a processar que eu já havia visto aquele homem.
Já havia o visto em Jeju!
ㅡ Olá. ㅡ ele ergueu a destra para meu namorado e deu o mesmo sorriso que antes eu o vi nos dar. ㅡ sou Choi MinHo, irmão mais novo do JooRi. É um prazer enfim poder te conhecer, Park.
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