Bela Flor - Romance gay romance Capítulo 70

Hyun-suk caiu sentado no sofá. Seus olhos estavam fixos na TV quando sua foto apareceu ali. Busquei o controle, desliguei a TV e caminhei até meu quarto com pressa, buscando em meu closet o frasco do ansiolítico que meu psiquiatra havia me receitado. Não o ingeria sempre, mas sim quando eu achava que tinha necessidade. Despejei algumas gotas na boca e fechei meus olhos, engolindo-as e desejando que aquilo parasse.

Tomei sem sequer me importar se me deixaria um pouco sonolento, eu só não queria sentir aquilo outra vez, mas meu coração começava a acelerar mais e era como se as batidas ecoassem por todos os lugares.

Era alto e agonizante.

Respirei fundo, fazendo alguns exercícios que minha psicóloga havia me ensinado e sentei na beirada da cama, focando meus olhos na pilha de livros que eu havia comprado e sequer tinha lido.

Contei um por um, levando minha mente para outro lugar enquanto lentamente o remédio me acalmava.

Voltei para o lado de Hyun-suk quando meu coração ainda se mantinha acelerado, e vendo-o ainda quieto encarando um ponto qualquer, segurei sua mão.

Passamos minutos em silêncio, um ao lado do outro.

ㅡ Você acha que foi o...

ㅡ Hesun. Foi aquele desgraçado, e eu juro por Deus que vou matá-lo com as minhas próprias mãos.

ㅡ Hyun, só fica calmo. Não pensa besteira, tá?

ㅡ Besteira? ㅡ Hyun-suk me olhou, negando, soltando a minha mão para esfregar o próprio rosto ㅡ não é besteira, Jaejun. Aquele filho da puta me fodeu! Essa é uma acusação grave. Além do mais, ele está me expondo. Se as informações sobre o lugar em que aquilo aconteceu for liberado para a mídia, vou estar ainda mais fodido! As ações da empresa vão cair e eu vou perder grana, além de que, certamente, vou ser preso. Então não dá pra ficar calmo!

Suspirei, busquei sua mão novamente e a envolvi com a minha. Não havia muito o que fazer, eu mesmo ainda estava tremendo e completamente assustado, mas me perguntava o que passava na mente de Hyun-suk.

Ele não conseguia se aquietar, suas pernas balançavam em um ritmo frenético e quando a campainha tocou, o modo em como ele correu para atender a porta e a abriu com ansiedade me assustou.

Mas ainda não era Hajun. Vi Jack e Yejun adentrarem primeiro e fui eu quem correu depressa até os braços deles. Sentia saudade por não vê-los há dias, mas agora sentia medo e, inigualavelmente, os meus amigos sempre me davam a sensação de estar protegido.

Rini e Minah adentraram em seguida. Elas falaram primeiramente com Hyun-suk, mas vieram até onde eu estava também e me abraçaram. Minah disse algumas palavras boas, mas não resolvia muita coisa. Por último, Hajun adentrou com Taeshin. Hyun-suk fechou a porta e encarou o advogado.

ㅡ Que merda aconteceu? ㅡ ouvi Hajun perguntar, ele parecia bravo. ㅡ quase dois anos e isso nunca veio a tona, a família do Kang se mantém em silêncio constante, então como caralho isso vazou assim, Hyun-suk?

ㅡ É culpa minha. ㅡ digo, trazendo a atenção de todos para mim. ㅡ fui eu. Quer dizer, eu discuti com Hesun e duvidei que ele poderia fazer realmente isso. Mas foi ele quem fez isso e a culpa é minha...

ㅡ Que merda... ㅡ Hajun suspirou, retirando o terno que usava.

ㅡ Não é sua culpa, Jaejun. De tudo, você é o que menos tem culpa nisso. Fui eu quem fiz merda e deveria saber que uma hora ou outra isso iria explodir. Aquele desgraçado mal agradecido... ele quer me levar para a lama com ele.

ㅡ Você... matou mesmo naquele homem? ㅡ Taeshin perguntou, incerto.

ㅡ Ele não matou ninguém, Tae-ah! Hyun-suk bateu no homem, mas ele fez por mal. ㅡ defendi meu namorado. ㅡ confio em Hyun e ele me contou que aquele homem estava tentando estuprar Hesun, ele só o defendeu. Pode ver naquele vídeo. O homem está praticamente arrastando Hesun e Hyun-suk está procurando por ele. Ele só bateu no homem porque ele estava errado.

ㅡ Espera, então quer dizer que você livrou esse tal de Hesun de ser estuprado e ele fez isso com você? ㅡ Yejun pergunta, incrédulo.

ㅡ Ele é um desgraçado... ㅡ Hyun-suk anuncia, voltando a sentar.

ㅡ Ele só fez isso porque eu e ele discutimos. ㅡ falo e vejo Hyun-suk querer protestar, mas continuo antes que ele negue outra vez que eu tenho sim, parte na culpa. ㅡ quando estávamos no Hangar, ele apareceu lá. Eu disse coisas... dolorosas para ele. Algumas verdades também, mas ele é completamente cínico e quis usar isso contra Hyun-suk. Ele acabou se descontrolando e apertou no pescoço dele.

ㅡ Você fez isso? ㅡ Hajun negou, olhando para o meu namorado.

ㅡ Aquele filho da puta me testou ao limite. Eu não queria machucá-lo, mas ele me irrita, e... ㅡ Hyun-suk suspirou. ㅡ eu sei que errei, mas não pensei antes de simplesmente fazer.

ㅡ Hesun disse que eu era um homem morto por causa disso, ele me culpa por Hyun-suk e ele não estarem mais juntos, mas eu pensei que ele nunca faria algo ruim para o Hyun-suk já que diz tanto que o ama...

ㅡ Hesun está enxergando que agora já era pra valer, Jaejun. ㅡ Hajun diz. ㅡ e ele decidiu agir como achava melhor. Mas ele fodeu com tudo.

ㅡ Mas o que vai acontecer comigo? ㅡ Hyun-suk pergunta. ㅡ eu vou ser mesmo preso?

ㅡ Eles vão te intimar para que prestar esclarecimentos sobre o vídeo e sobre o paradeiro do Kang que ainda não foi identificado, mas dificilmente irão te prender, não há provas além daquela gravação da câmera de segurança. Eu vou estar com você e vou te instruir. Também vou entrar em contato com a família do Kang, eles precisam manter a boca calada ou também contaremos que ele é um estuprador de merda nojento e com certeza deve haver uma longa ficha criminal no nome dele.

Todos estávamos notoriamente assustados. Talvez Hajun fosse o único mais calmo entre nós, ou ele fingia muito bem.

ㅡ Eu não posso ficar aqui, tenho uma reunião à noite. ㅡ Hyun-suk avisa.

ㅡ Remarque. ㅡ Hajun informa. ㅡ Você não tá entendendo o que está acontecendo? Não dá pra arriscar, Hyun-suk.

ㅡ Mas é com Noram...

Hajun bufou, tenho certeza que ele quer agredir meu namorado agora.

ㅡ Então marque na sua casa, ora. ㅡ ele diz, enfim. ㅡ Acho melhor você ir para lá também. O condomínio é fechado, não vão deixar a imprensa entrar, aqui não é difícil de atacarem vocês na saída do estacionamento.

ㅡ Não vou deixar Jaejun sozinho aqui. ㅡ Hyun-suk avisa, me olhando. ㅡ pegue algumas roupas, você vai ficar comigo, tá bem?

Assenti sem sequer pensar. Também não queria deixá-lo sozinho.

Minah e Yejun seguiram comigo até o closet para tentar me ajudarem.

ㅡ Cadê sua mala? ㅡ Yejun perguntou.

ㅡ Está no carro do Hyun. Nós nem tiramos de lá.

ㅡ Então não precisamos fazer uma mala nova, né?

ㅡ As roupas que estão lá são roupas simples, de praia. Eu não posso ficar na casa do Hyun-suk como se estivesse de férias. Seria falta de respeito, principalmente com o momento.

ㅡ Aish, Jaejun, ele é seu namorado, não tem nada de falta de respeito nisso. ㅡ Minah disse, mas caminhou até o closet também. ㅡ mas tudo bem, você quer algumas calças?

ㅡ Tem alguma bolsa grande aqui? ㅡ Yejun indagou.

Suspirei, sabia que os meus amigos tentavam não evidenciar que também estavam assustados com o fato de Hyun-suk ser preso e o meu nome ir junto com o dele. Busquei a bolsa para Yejun e separei cinco camisas enquanto Minah buscava algumas calças.

ㅡ Você ainda tem a guerreira? ㅡ Minah riu, erguendo a minha calça preta.

ㅡ Ela estava comigo em muitos momentos, então é especial, mesmo que agora não tenha mais o posto de filha única.

Minah riu e a dobrou. Me sentei no meio do closet enquanto eles dobravam as peças e as guardava na mala. Yejun me olhou e sorriu quando guardou a última calça junto com Minah e sentou-se à minha frente, buscando minha mão.

ㅡ Você tá bem?

ㅡ Só tô um pouquinho tonto. ㅡ digo. ㅡ mas é porque eu tomei algumas gotas do ansiolítico. Estava a um triz de ter uma crise de ansiedade. E eu já não tenho uma há algumas semanas, entrei em pânico.

ㅡ Mas está tudo bem, não é? ㅡ Minah senta ao meu lado, me abraçando. Assinto, bocejando e vejo Yejun ainda manter o sorriso, também me abraçando.

ㅡ Será que tudo vai ficar bem?

Minah me aperta, esfregando a bochecha fofa sobre meu ombro.

ㅡ Claro que vai. Hyun-suk não tem culpa em nada.

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