Ficamos nos beijando por um bom tempo e admito que já beijei inúmeras vezes em minha vida, mas nunca assim. Que beijo é esse? Que homem e que pegada! Nem o Rick me deixou desnorteada dessa forma. Ele se afasta com um sorriso safado e me deixa ali a ver navios por alguns segundos.
— Pelo seu olhar, vejo que gostou do meu beijo.
— Não foi um dos piores. — Falo rindo e desdenhando.
— Não? Então tenho que treinar mais para chegar ao seu nível, porque você beija muito bem. — Eduardo me encosta a seu carro, me beija novamente e sinto ainda mais calor, mas dessa vez o interrompo.
— Ei, se ficarmos aqui assim, não vai haver restaurante aberto daqui a pouco.
— Você tem razão. Por favor, senhorita. — Ele fala abrindo a porta de seu carro para mim.
— Obrigada! — Tanto tempo que ninguém me trata assim. Sorrio e fico feliz com isso. Qual mulher não gosta de ser bem tratada? Pode até existir quem não faça questão. Mas nenhuma, ao ser tratada elegantemente, vai querer algo diferente. Tenho certeza.
***
Soraia tanto me perturbou que nesse momento estamos em um restaurante jantando. Não presto atenção a quase nada do que ela fala, pois ela só sabe falar do Eduardo. Não gosto de tratar nenhuma mulher assim, mas infelizmente ela só serve para sexo. Não tenho vontade alguma de conversar com ela. É fútil demais.
— Você tem certeza Rick que não sabe onde o Eduardo está?
— Já disse Soraia. Ele está fora do país, mas não quis me dizer. — Falo enquanto escolho uma refeição.
— Rick. — Ela pega em minha mão. — Você sabe que faço tudo o que você quiser se me falar onde ele está, não sabe?
— Tudo?
— Tudo. Vai me falar?
— Já disse que não sei. Escolhe o que você quer comer por gentileza.
— Droga! — Rio, porque se ela acha que vai me fazer falar, está muito enganada.
Enquanto escolhemos o que vamos comer, continuo quieto e ela não para de falar. Farei o possível para esse jantar terminar e correr para minha casa, sem ela de preferência.
***
Meu nome é Amélia Alves Castrolini, tenho 50 anos. Sou mãe da Bella, minha menina linda. Mesmo que tenha 30 anos, sempre será a minha menina. Estou em minha casa com meu irmão Henrique e com Janice, minha comadre. Estamos tomando um delicioso vinho tinto como costumamos fazer. Sinto que estou sobrando, pois eles sorriem, conversam, gargalham e eu apenas fico pensativa enquanto degusto esse vinho maravilhoso. Eles foram namorados na juventude, porém, mesmo assim, levo a conversa numa boa com os dois, porque somos três amigos desde sempre. Na verdade, éramos cinco, mas essa história, podemos deixar para depois. Às vezes chego a esquecer de que Henrique é meu irmão, pois nossa amizade é forte demais. É uma ligação de alma, como dizem. Presto atenção neles e desconfio que nunca deixaram de namorar, mas eles não admitem, por toda a história que já tiveram. Acho que minha comadre tem vergonha, só pode ser. Henrique, apesar de ser meu irmão biológico, sempre foi muito parceiro, inclusive quando engravidei de Bella, tinha 20 anos, ele me deu total apoio. Meu namorado não queria assumir. Henrique foi até a ele e praticamente o obrigou a registrar minha pequena e se casar comigo. Ficamos casados por quase dois anos, mas após esse período, ele arrumou outra mulher e evaporou. Arrumou não, a víbora estava mais perto do que imaginava. Por esse motivo, desde então, penso que mulher casada não deve levar amiga sozinha para casa e nem os homens levar seus amigos também. Sou experiência viva de que não dá certo. Bom, mas voltando a minha linha de raciocínio, não sabia de seu paradeiro, anos depois, no aniversário de 18 anos da Bella, foi que ele entrou em contato e descobri. Bella pensa que ele morreu, pois foi essa a história que contei, mas a verdade é que ele está vivíssimo. Mora até os dias de hoje na Itália com a mesma mulher pela qual me abandonou. Celine, aquela traidora, sempre foi invejosa. Fazia-se de amiga, vinha a minha casa e ficava se insinuando para ele. Ele também foi um safado. Não sou do tipo de mulher que só acusa a amante, acuso os dois, afinal a mulher não transou sozinha, ele foi tão culpado quanto. Se sinto mágoa? Às vezes até demais, outras, penso que cada um, deve arcar com o resultado de suas ações e não devem e nem podem reclamar depois. Então se ele quis assim, o problema é dele. Inventei a história da morte para minha filha, pois para mim, ele havia realmente morrido. Voltando para minha realidade, observo os olhos de Henrique brilhar quando conversa com Janice, mas sei que minha comadre sente uma mágoa por ele. Foi assim, eles namoravam desde que minha comadre tinha quinze e ele vinte anos. Quando ela tinha dezessete, ele foi a uma festa, traiu a Janice e a menina engravidou. Ele terminou com minha comadre, casou com a menina e o bebê poucos minutos após nascer, morreu. Houve alguma complicação naquele momento e ela teve que retirar o útero. Ela faleceu dez anos depois, aos vinte e oito anos, por complicações de uma cirurgia mal sucedida. Depois disso, Henrique nunca mais se relacionou sério com alguém, ou melhor, eles nunca afirmaram, mas como relatei a pouco, tenho para mim que sempre foram amantes. E essa história já tem aproximadamente trinta anos. Contudo, na frente dos outros eles ficam nesse chove não molha.
— Vocês viram gente, como minha menina estava com o olhar diferente? — Pergunto para tentar quebrar o clima.
— Vi Amélia. Na verdade, ela ficou assim desde que o viu hoje cedo. Ficou sorrindo igual a uma menina boba. Só a vi assim quando começou a namorar o Rick.
— Minha afilhada está apaixonada e nem sabe comadre. — Fala Janice com sua doce voz.
— Ela pensa que não sei que o Rick a fez sofrer, mas sei de tudo. — Digo enquanto sorvo um gole de meu vinho.
— Sério? Ainda comentamos sobre isso hoje. Ela tem certeza que você não sabe e por isso gosta tanto dele.
— Ele já se desculpou. Entendo suas atitudes, foi provavelmente criado com esse tipo de pensamento. Nosso pai era assim, não lembra Henrique? Ciumento e possessivo que só com nossa mãe.
— Sim, mas não justifica irmã.
— Gente, se a Bella esqueceu e perdoou quem somos nós para ficar lembrando?
— Sou a madrinha dela e se esse Rick surgir em minha frente ele terá o que merece comadre. Só isso que falo. — Rio, porque Janice age como uma leoa para defender a Bella e amo esse amor que ela sente por minha filha.
— Minha Bella, fazendo jus ao nome que escolhi, é belíssima e forte também. O Rick pode ter exagerado um pouco, mas ele gostava dela, do jeito dele, mas gostava.
— Lembro quando eles terminaram, minha afilhada ficou bem triste na época.
— Foi melhor assim Janice. Rick era um irresponsável. Espero que tenha melhorado. — Diz meu irmão sobre o ex-namorado de Bella.
— A conversa está ótima, mas tenho que ir. Amanhã recomeço meu trabalho e tenho que chegar antes das 06h. — Fala minha comadre se levantando. Ela tem a mesma idade que eu e meu irmão é cinco anos mais velho.
— Onde você vai trabalhar comadre?
— Em um condomínio em Praias de Belas.
— Podemos conversar um pouco Janice? — Henrique pergunta segurando sua mão com gentileza e eu estranho. Será que hoje volta o namoro sério?
— Bom, eu vou me deitar. Fiquem à vontade. A casa é de vocês. — Falo saindo da sala e deixando-os a sós.
***
Levo Bella a um restaurante italiano bem aconchegante, diferente do frio que faz tremer lá fora. Puxo uma cadeira para ela sentar, logo após sento-me e começamos a escolher o que vamos comer.
— Tem alguma sugestão em mente senhor Eduardo Rizzo Bianchi?
— Sim, muitas.
— Hum, quais?
— A primeira pode ser algum hotel luxuoso. Preciso também de uma hidro para relaxar, mas se não quiser pode ser meu apartamento, eu garanto que não irá se arrepender.
— Então seu jogo é esse? Devo sair correndo e dizer que fui ofendida ou assediada? — Toda essa conversa é realizada enquanto cada um olha para seu cardápio.
— Não, por favor, estou brincando. — Falo olhando em seus olhos e ela sorri.
— Hahaha, fique tranquilo. Não sairei correndo, mas isso também não quer dizer que eu vá transar com você. Afinal, se foi apenas para isso que me convidou, devo lhe dizer que não estou aberta a propostas.
— Perdoe-me Bella. É que ainda não sei diferenciar quando você brinca ou quando está falando sério.
— Agora, por exemplo, posso estar brincando. — Ela ri e seu sorriso é tão cativante que fico desnorteado. Se ela pensa que só a quero por uma noite, está muito enganada. — Escolhi, quero este aqui, Pollo alla Fiorentina.
— Excelente escolha, minha Bella. Filé de frango empanado servido em uma leve camada de espinafre com queijo.
— Parece delicioso.
— Sim, esse prato é típico da região que meus pais moram e onde fui criado, Floresça na Itália. Pedirei o mesmo que você.
— Interessante senhor Eduardo Rizzo Bianchi. — Ela sorri, me enfeitiçando novamente.
Pedimos nossos pratos e escolho o melhor vinho. Esperamos alguns minutos e somos servidos. Enquanto isso, eu fico olhando e admirando-a.
— Será que podemos nos conhecer melhor agora?
— Essa é a parte que você pergunta se já namorei sério ou se já casei?
— Você tem resposta para tudo?
— Quase tudo senhor Eduardo Rizzo Bianchi. — Ela fala com uma voz mais sedutora do que o normal.
— Então vou começar por mim. Tenho 32 anos, moro em São Paulo. Sou divorciado. Tive um casamento de dois anos que terminou há cinco meses.
— Tem filhos?
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