Bella, Uma Nova Chance de Amar romance Capítulo 3

O meu nome é Rick Soares de Alcântara, tenho 31 anos. Nasci e fui criado em Porto Alegre, capital do estado de Rio Grande do Sul, no sul do Brasil. Há exatos dois anos e dois meses, descobri que uma amiga com quem saía ocasionalmente, Bárbara, estava grávida.

— Como assim grávida Bárbara?

— Grávida! Nunca viu? Nós dois transamos e o resultado foi esse. Por quê? Não pensa em assumir?

— Calma, não é isso. Só não esperava por essa novidade nesse momento da minha vida. — Falei sentando-me no meu sofá e olhando para ela.

Uma moça que chamou a minha atenção com os seus cabelos lisos e avermelhados na altura do ombro. Não era a mulher mais linda do mundo, era uma mulher com traços comuns, mas conversava como ninguém. Nós nos conhecemos num bar, onde fui para espairecer. Começamos a conversar, nos tornamos amigos, tão amigos que na primeira noite apenas conversamos e rimos bastante. Enquanto as mulheres naquela ocasião dançavam se esfregando em todos os homens possíveis, ela estava ali no bar, sozinha e pensativa, foi aí que me aproximei e começamos aquela amizade. Era tão inteligente que me convenceu apenas com as suas palavras. Depois de quase um mês de amizade foi que em outra noite acabamos transando. Ficamos nessa amizade colorida por uns cinco meses até que ela me deu essa notícia.

— Muito menos eu Rick, mas aconteceu. A camisinha deve ter estourado, sei lá. Estou agoniada. Você acha mesmo que estava nos meus planos engravidar agora? Os meus pais odiaram a notícia. Nunca me dei bem com eles e ainda disseram que não querem ver essa criança nem pintada de ouro. — Ela falou enquanto sentava e abaixava a sua cabeça para chorar. Tive que tranquilizá-la.

— Ei, calma. Não vou te deixar só. De quanto tempo você está?

— Dois meses, por quê?

— Foi apenas uma pergunta. Preciso organizar a minha mente. Fique tranquila que não fugirei das minhas obrigações. Você ainda voltará para a casa dos seus pais?

— Enquanto não nascer eles disseram que posso ficar lá.

— Vamos dar um jeito, desamparada você não irá ficar. — Falei enquanto levantava o seu rosto.

— Ok, Rick. Para mim também não está sendo fácil. Até em tirar eu pensei.

— Está louca? Nunca faça isso! Por mais que não seja a minha vontade, jamais iria permitir algo assim Bárbara.

— Quer dizer que você se importa, então?

— Óbvio. Só preciso pensar um pouco. Organizar a minha vida. Você pode morar aqui se quiser, mesmo antes de o bebê nascer. — Falei aquilo porque havia adquirido um apartamento há pouco.

— Não. Continuarei na casa deles. Somos amigos, não quero te prender a nada. Só peço que assuma e cuide dessa criança.

— Tenha certeza disso. Nada irá faltar a ela.

— Tudo bem, eu estou indo. — Ela disse se levantando e eu a impedi segurando o seu braço porque ainda chorava.

— Calma Bárbara.

— Como Rick? É uma vida. Como pude ser tão burra? Tenho apenas 25 anos. Não estava nos meus planos engravidar agora.

— Nem nos meus, mas estou aqui. — Falei abraçando-a por alguns minutos.

— Obrigada, mas preciso ir. — Ela disse soltando-se do meu abraço.

— Ok. Te ligo, fique tranquila.

— Obrigada!

Assim que ela saiu, a primeira pessoa em que pensei foi a Bella. Precisava falar sobre isso com ela. Fui até a sua mãe, senhora Amélia, mas ela por mais que gostasse de mim, não quis me passar o número da filha. Disse que Bella a proibiu. Então, resolvi no fim do dia ir até à loja do seu tio.

— Senhor Henrique, não tenho mais o telefone dela. Mas preciso muito falar com a Bella. Ela proibiu a mãe de me dar o seu número. Estou agoniado.

— Não sei rapaz. Se ela proibiu a minha irmã, não ia querer que eu desse também.

— Preciso pedir perdão a ela.

— Ainda assim, fico em dúvida. Você fez muito mal a ela.

— Não irei fazer mais nenhum mal, eu prometo. Por favor.

Quando ele enfim ia me passar o número, ouvi a voz dela.

— Tio, eu vim ajudar o senhor com aqueles… — Ela parou de falar quando me virei e a vi. — Com os gráficos. — Disse ela terminando a sua frase.

— Oi, meu amor, quanto tempo! — Cumprimentei-a dando-lhe um selinho sem pensar na minha ação.

Acredito que tenha exagerado, pois ela se retraiu de imediato. Provavelmente lembrando-se de tudo de ruim que vivemos nos nossos quatro anos juntos. Mas sei que tivemos coisas boas também.

— Sobrinha, se não quiser conversar com ele, é só falar. Ele sabe muito bem o que eu faria se dependesse de mim.

— Vim em paz, senhor Henrique.

— Tão em paz, que já roubou um beijo dela. Aproveite que ainda estou calmo.

— Deixe tio, eu converso com ele.

— Que bom meu amor, vamos a outro lugar. — Falei segurando no seu braço.

— Não vou mesmo. Se quiser falar comigo, fale aqui ou no máximo na lanchonete ao lado da loja.

— Você ouviu rapaz, ela não irá muito longe com você.

Levantei os meus braços me rendendo e pedi que ela me acompanhasse até a lanchonete ao lado da loja. Quando chegamos, puxei uma cadeira para ela sentar. Nunca havia feito isso, mas senti vontade. Depois de uns minutos sem nada dizer, resolvi falar enquanto segurava o cardápio e notei que ela batia as unhas na mesa. Ela só fazia isso quando estava nervosa. Perguntei a ela se queria comer algo, mas ela foi arrogante o tempo inteiro. Foi ali que a minha emoção transbordou. Pedi perdão a ela, por todos os meus erros do passado. Ela disse que me perdoava, mas que o certo era para esquecê-la. Com isso, resolvi dizer que seria pai e lamentei que ela não fosse a mãe. Sei que a peguei de surpresa, pelo jeito que me olhou. Ela falou com um ar e superioridade dizendo que eu deveria estar feliz por achar uma mulher e ter mudado a minha opinião sobre ter filhos. Não havia mudado, mas aconteceu. Ela disse também que nunca pensei nisso estando com ela. Penso que vi até ciúmes nos seus lindos olhos azuis, mas quando cometi o erro em dizer que assumiria uma criança apenas, ela ficou uma fera. Apenas me expressei mal, mas ela levantou-se rapidamente e eu também levantando, fui atrás e a beijei. Ela correspondeu e sei que sentiu algo, pois aquele beijo foi como no passado. Mas senti também que foi um beijo de despedida.

— Você me ensinou muito.

— Que bom! É melhor para nós dois que qualquer vínculo, que ainda haja, se encerre aqui, ok?

— Você está certa. — Vi alívio nos seus olhos e percebi que não haveria mais um relacionamento entre a gente.

— Adeus Rick.

— Adeus Bella.

Fiquei olhando-a ir embora e depois daquele dia, parece que a minha vida desmoronou por inteiro. Bárbara estava com dois meses, acompanhei a sua gestação e fui a cada consulta, mas quando ela completou sete meses, infelizmente teve uma hemorragia e o bebê nasceu tão pequenino com apenas 1 kg e 400g. Mas Bárbara não sobreviveu. Devido à hemorragia ela faleceu ainda na sala de parto. Nunca pensei que fosse sentir uma dor assim, porque havia me apegado a ela. Porém, tive que seguir a vida porque o meu pequeno precisava de mim. Ele ficou três meses internado até adquirir peso necessário para sair do hospital. Hoje o meu filho, pequeno Samuel, nome que Bárbara escolheu, tem um ano e nove meses e está sendo criado por minha mãe, dona Magnólia, em Porto Alegre, já que os seus avós maternos não quiseram saber dele. Tenho para mim que até acharam bom à morte da filha, porque nem no seu sepultamento foram. Mas fiz questão de não desampará-la em nenhum momento. Estava até disposto a me casar com ela quando o bebê nascesse. A minha mãe mora sozinha, o meu pai faleceu, eu tinha dez anos apenas. Pago uma babá para ajudá-la e envio todo o dinheiro necessário. Sempre fui estudioso e dei sorte de conseguir excelentes empregos, então a minha vida nunca foi ruim. Comprei um apartamento, mas quando o meu filho completou três meses de vida, não só saiu do hospital como decidi que eu também precisava sair daquela cidade para dar uma vida melhor para ele, afinal, ele só tem a mim. Enviando vários currículos, recebi uma proposta de trabalho das empresas Bianchi. Fiquei muito feliz, pois é uma empresa consolidada no país. A questão seria me mudar para São Paulo. Como era minha intenção, não pensei duas vezes, vendi o meu apartamento e me mudei para cá. Hoje sou o diretor-geral e braço direito de Eduardo, que se tornou o meu grande amigo e sou muito grato a ele. Com a venda do meu apartamento em Porto Alegre e com o ajuda do salário da Bianchi, em pouco tempo adquiri um apartamento bem maior e mais luxuoso aqui na capital, do jeito que gosto.

— Eduardo, precisava que estivesse aqui. Disse que estaria em outro estado, mas pensei que fosse apenas a tarde.

— Não vai dar. Estou na sua cidade para a nova empresa que adquirimos. Mas não fique desanimado, pois precisarei de você aqui, por isso não sinta saudades.

— Até parece que sinto saudades de você. Está muito feliz. O motivo é a Soraia?

— Óbvio que não!

— Para mim, seria bom ir até aí, ficar perto da minha mãe e do meu filho. Mas reconstruí a minha vida em São Paulo. Não me interessa morar em Porto Alegre, você sabe. Só vou quando estou de férias.

— Devido à sua ex-namorada?

— Não, ela não. Nós não temos mais nada a ver. Só não me vejo mais nessa cidade. Enfim, preciso mudar de assunto. Soraia já te ligou inúmeras vezes querendo saber onde você está e disse que vai descobrir e ir atrás.

— Não conte. Deixe-a morrer de curiosidade. E mais, se ela der em cima de você novamente, o caminho está livre. Hoje conheci uma mulher que mudará a minha vida.

— Já? Você não saiu com Soraia ontem? — Pergunto desconversando sobre Soraia ter dado em cima de mim.

— Sim, mas pude constatar que entre mim e ela não dá mais. Agora é definitivo.

— Ok, mas e as reuniões?

— Assuma! Você é o diretor-geral, pode mandar em tudo e em todos quando não estou. Estou chegando agora a meu apartamento. Amanhã começo na empresa.

— Como chefe oculto novamente?

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