Continuo na empresa, ligo para todos os fornecedores e acho um que terá o material necessário até a chegada do dono, no caso eu mesmo. O que me intriga é esse roubo. Esse tal de Renato é muito estranho, mas não tirarei conclusões precipitadas. De repente entra uma moça bem desajeitada na sala, já estou me lembrando da Jennifer. Ela é morena, seus cabelos são castanhos e cacheados no meio de costas. Nem gorda e nem magra demais. Será que toda empresa existe uma assim? Esta ajeita seu conjunto de blazer e saia sociais rosa bebê e sua blusa branca e parece ser muito simpática, apesar de estar com os olhos tristes e um semblante desanimado.
— Bom dia, senhor Renato, me chamou?
— Sim, Sara. Esse é o Eduardo. Seu novo colega de trabalho. Ocupará a mesma posição que a sua. Mostre a ele seu serviço, pois preciso de você cumprindo com as obrigações de sua chefe.
— Sim, senhor. — Ela se vira para mim e a vejo ajeitar seus óculos e me encarar. — Eu não te conheço? — Só me falta essa. Se essa garota for uma nerd pode me conhecer de alguma revista. Mas já faz tempo que não participo de ações de tecnologia, contando ponto ao meu favor. Sempre mando outro responsável atualmente.
— Acredito que não. Muito prazer Sara. Meu nome é Eduardo. — Falo estendendo a mão.
— O prazer é meu. Vem, comigo. — Ela responde enquanto me retribui o cumprimento e logo após sai a minha frente.
Eu a acompanho e olhando para meu celular vejo algumas chamadas perdidas. Nesse momento não posso atender de jeito nenhum. Chego até sua sala e ela senta respirando fundo.
— Está tudo bem?
— Esse cara é doido.
— O que houve?
— Ele acha que tenho que fazer o meu trabalho e o de minha chefe. Até queria, mas não consigo cumprir. É muita coisa. Só ela me entende por aqui.
— E onde ela está?
Somos interrompidos pelo coordenador que entra sem bater. Odeio isso.
— Sara, já está sentada? A empresa está um caos. Não seja incompetente! Não podemos parar. Ligue para sua chefe para acharmos o planejamento. — Minha raiva cresce ao ouvi-lo falar dessa forma com ela, mas nesse momento não posso fazer nada. — E você rapaz? Levante-se! Aqui não temos tempo para sentar igual a ela que vive encostada em todo o canto sem fazer nada. — Ele fala batendo a porta e Sara chora.
Vou até o bebedouro que há dentro da sala, pego um copo com água e entrego a ela.
— Acalme-se, vou te ajudar.
— Eu o odeio. Obrigada pela água. — Ela responde bebendo aos poucos.
— Ele trata a todos assim?
— A nós sim. Só tem uma pessoa que ele morre de amores, mas também é odiado. Porque ela nem liga.
— Quem?
— Uma amiga minha. — Meu telefone toca. — Pode atender. Não ligue para esse estúpido. Ele tem que entender que temos vida lá fora. — Ela fala quando observa eu olhar para o aparelho e nada fazer.
— Claro, obrigado, Sara. Se acalme.
— Obrigada você Eduardo, por ser tão gentil.
Olho para o telefone e não posso deixar de atender.
— Alô.
— Sei que minha madrinha tem culpa no cartório porque não tinha como você adivinhar, mas amei as flores. Muito obrigada!
— Que bom. Fico feliz.
— Desculpe-me por hoje cedo? Não era minha intenção te magoar.
— Sem problemas.
— Você deve estar ocupado, quase não está falando, desculpe-me.
— Sim, estou, mas não precisa se desculpar. Posso te ligar mais tarde?
— Claro, conversamos depois. Tchau!
— Tchau!
Desligo e meu coração se enche de alegria, acertei com as flores.
— Nossa e essa cara de felicidade. Conquistou a mulher dos sonhos, foi? — Vejo-a perguntar sem tirar os olhos do computador.
— Ainda falta muito, mas continuarei tentando.
— Você consegue. Parece ser um bom rapaz.
— Quantos anos você tem Sara?
— Vinte e oito. Não me cobice, sou casada. Hahaha.
— Fique tranquila. Meu coração já tem destino certo.
Sorrio e acho graça nessa moça. Parece ser uma excelente pessoa.
— Show! — Ela grita me assustando.
— O que houve Sara?
— Conseguimos rastrear e a polícia prendeu os bandidos que roubaram a carga. — Menos mal, um problema resolvido. — Serão devolvidas, graças a Deus! Espero que esteja tudo em ordem ainda, se não será mais um problema.
— Você ficou muito animada com essa notícia.
— Claro. Gosto de trabalhar corretamente e esse infeliz, que ninguém nos escute, ligou 6h da manhã para eu vir hoje. Até briguei com meu marido por causa disso.
— Sara, não faça mais isso, só atenda dentro do seu horário.
— Você fala isso porque não o conhece.
— Independente disso. Você terá que mudar. Se o novo dono não gostar?
— Tomara que ele seja uma boa pessoa, porque outro igual a esse aí, não irei aguentar. O antigo dono nunca ligou para isso aqui. Esse Renato sempre puxou o saco dele. — Sorrio, enquanto ela fala colocando as mãos na cabeça. — Vamos trabalhar Eduardo. Você chegou a conseguir contato com outro fornecedor?
— Sim, Sara.
— Passe-me, por favor, pode deixar que eu cancelo.
— Posso fazer isso.
— Tem certeza?
— Óbvio.
— Ah, então vou ao banheiro e já volto, estou apertadíssima. — Ela fala rindo e se levantando.
Vejo-a sair e penso, realmente parece irmã da Jeniffer. Tem atitudes idênticas. Mais uma em minha vida. Alguns minutos depois Sara volta mais agitada do que o normal.
— Vem comigo Eduardo.
— Para onde?
— Como para onde homem? Irei te apresentar a empresa e aproveitamos e ficamos esperando o caminhão chegar. Ele foi encontrado numa rodovia perto daqui e liberado. Informaram-me por mensagem agora. Graças a Deus, não machucaram o motorista. Precisarei de sua ajuda para contar todo o material. Existem profissionais responsáveis para isso, mas como minha chefe fala, está com dúvida, faça você mesmo.
— Então vamos. — Já gosto dessa chefe sem conhecê-la.
Sara me apresenta todos os setores da empresa, tributário, financeiro, gestão de talentos, departamento de pessoal, compras, segurança do trabalho e patrimonial, ambulatório, esses foram os me lembrei, fora os outros. Parece que todos gostam dela, nesta empresa. Sempre encontramos um ou outro que sorri ao encontrá-la. Para finalizar fomos ao depósito e o caminhão chegou. Sara, na mesma hora, falou com o motorista.
— Senhor Marcos, como o senhor está? — Ela pergunta estando bastante preocupada para um senhor que apresenta ter mais de sessenta anos.
— Agora bem melhor menina.
— Tranquilize-se, vá para sua casa e descanse.
— Sim, Sara. Farei isso. Pelo menos estarei de folga esse fim de semana, segunda voltarei.
— Isso! Vá e descanse.
O motorista vai em direção ao seu setor e Sara pede ajuda a cinco meninos que estão observando a cena.
— Rapazes, vocês me ajudam? — Todos concordam. — Comecem a esvaziar o caminhão, precisamos realizar a contagem. Eduardo ajude-me aqui, por favor.
— Claro, posso retirar junto a eles.
— Não, você me ajuda na contagem, pelo o que estou vendo, você não é o tipo de homem que vive por aí pegando peso, meu querido. — Rio para ela, como ela adivinhou? Faço menção de falar, mas ela me interrompe. — Shiii, seu primeiro dia hoje, apenas me obedeça. — Ela fala brincando.
— Sim, senhora. — Rimos e confesso que está sendo divertido conhecê-la.
***
Desço aproximadamente às 10h e 45min, após preparar alguns relatórios e noto que os quatro rapazes de portes parecidos ainda estão na loja. As meninas estão encantadas. Mas de repente, Lídia aparece chorando.
— Lídia, o que foi?
— Meu noivo, acaba de terminar tudo por telefone, Bella.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Bella, Uma Nova Chance de Amar