Bilionário, Vamos Nos Divorciar romance Capítulo 109

— Nós genuinamente...

Interrompi enquanto me recostava na cadeira.

— Uma pergunta rápida: uma filha é apenas uma ferramenta para ser usada por vocês? É isso que todas nós somos para vocês? É isso que a Bella sempre foi para vocês? — Fiz uma pausa enquanto a imagem de Mark carregando a Bella ensanguentada surgia em minha mente. — Estou realmente curiosa, vocês já foram ver a Bella no hospital? Ou nem sabem o que aconteceu?

— Eu… — Houve um engasgo na voz do meu pai. Mesmo assim, senti uma irritação crescente por ainda considerá-los meus pais. — Eu... Vou agora mesmo! – Concluiu ele.

— Eu o aconselho a parar enquanto ainda pode. Pense em se cuidar e cuidar da mamãe antes que seja tarde demais e você acabe realmente desabrigado. E, por favor! Não me ligue novamente! – Declarei, decidida, antes de encerrar a ligação e bloquear o número. Fiquei pensando em qual número ele usaria para me ligar da próxima vez.

Deslizei o celular pela mesa enquanto uma onda de frustração me invadia, relembrando como, após anos do meu sequestro, nenhum dos dois se deu ao trabalho de me procurar. Se eu não os tivesse encontrado depois da formatura, com as informações que Lucas lhes repassou, provavelmente estaria perdida, vagando pela vida, imaginando quem eram meus pais, pois eles continuariam alheios ao meu desaparecimento.

Até mesmo a reação deles ao me ver demonstrou apenas surpresa, apagando qualquer traço da empolgação que eu sentira. Não transpareceram nenhum sinal de remorso, culpa ou até mesmo alegria - apenas me encararam como se eu fosse uma estranha que adentrara sua casa sem ser convidada. Devem ter pensado, em suas mentes: "Ah, é nossa filha que foi perdida há muito tempo… quem diria que ela ainda estava viva? Chocante."

Eu acreditava que essa frieza se devia ao choque inicial, mas os dias passados naquela casa, com respostas murmuradas aos meus cumprimentos e total indiferença à minha presença, fizeram com que eu abandonasse qualquer expectativa sobre eles.

Tive que engolir minha dor e seguir vivendo como se eles nem fizessem parte da minha vida.

Respirei profundamente para acalmar os nervos e deixar para trás todas aquelas lembranças, mergulhando novamente no trabalho.

Pouco tempo depois, um número desconhecido voltou a tocar.

— Eu sabia! – exclamei para mim mesma. — Sabia que ele ligaria de volta com outro número desconhecido. — Só não esperava que isso acontecesse tão cedo.

Irritada e frustrada por ser constantemente interrompida em meio ao trabalho, atendi a ligação.

— Eu já disse para não me ligar novamente. Qual parte disso é tão confusa e difícil de entender? – Gritei na chamada, sem esperar que ele pedisse algum outro favor.