— Por que não vendemos a empresa para eles? Vamos vendê-la enquanto ainda podemos. Eu realmente não quero acabar sem nada. — Sua voz começou a tremer quando ela falou. — Desculpe, mas tenho muito medo de voltar a ser pobre. Nem quero imaginar enfrentar aqueles tempos difíceis de novo. Eu não posso… — Acrescentou, balançando a cabeça em desespero, enquanto sua mão se apertava com força no meu vestido. — Não posso voltar àqueles dias.
Ela voltou a chorar, e eu a consolei:
— Não tenha medo, estou aqui. Estamos juntas nisso. Vamos continuar resistindo. Quem quer que esteja por trás de tudo isso, acabará se revelando. Então saberemos o que fazer. — Afirmei, fazendo com que ela me olhasse nos olhos, firme em minha convicção. — Não se preocupe, este não é o momento para entrar em pânico. É hora de permanecermos fortes e manter viva as nossas esperanças.
Grace fungou, assentindo com a cabeça, entre soluços.
— Tudo bem.
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Foram dias recebendo más notícias e a preocupação e o medo estavam me consumindo ansiosamente. Eu poderia ter assegurado à Grace que tudo ficaria bem, mas a certeza já se esvaíava aos poucos. Apesar de eu ter dito que não deveria entrar em pânico, a própria mensagem das minhas mãos trêmulas, ao segurarem com tanta força as alças das xícaras - que milagrosamente permaneciam intactas - denunciava o contrário.
Conforme a noite se transformava em um novo dia, minha esperança dava lugar ao desespero. Não conseguia suportar ver a empresa, fruto de tanto esforço, ruir num piscar de olhos, sem que houvesse algo que eu pudesse fazer.
Não importava o quanto prometêssemos aos nossos parceiros ou fornecedores, eles insistiam em se retirar. Cheguei ao ponto de, desesperada, prometer aos acionistas um dividendo maior e aos investidores um retorno mais elevado, mesmo sabendo que isso poderia arruinar a empresa a longo prazo. Mas todos recusaram. Simplesmente eles não queriam ter qualquer vínculo com a Vogue-Luxo.
Num instante, estremeci, quase saltando da cadeira, quando Grace irrompeu na sala. Segurei o peito ao vê-la largar o notebook diante de mim.
— O que aconteceu?
— Vejo que você não checou nossos e-mails corporativos. Acabamos de receber uma proposta de compra! Virei-me lentamente na cadeira e, com os olhos arregalados, contemplei o valor exposto na mensagem.

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