Ponto de vista da SYDNEY
Eu não consegui segurar a risada que escapou ao ver o quarto pedido especial do dia.
Normalmente, a Aurora recebia vários pedidos diários, e os nossos funcionários cuidavam dessas encomendas. Mas, se o pedido da joia fosse personalizado, ele ia direto para mim.
Ali, na tela do computador, estava um pedido de duas peças de joias feito pelo assistente do Mark. Ele havia colocado na seção de preferências que as peças deveriam “ser destacadas” de todas as outras joias da nossa marca, e encerrou o pedido com “é só dizer o seu preço”.
Típico. Só o Mark conseguiria fazer um pedido soar como um insulto. Era o assistente dele que havia feito o pedido, mas eu tinha certeza de que era para o próprio Mark quem havia mandado. Não havia como o assistente dele bancar designs personalizados da Aurora para ele mesmo.
Eu me virei na cadeira, assobiando. — Hora de ganhar um dinheiro extra.
Voltei à tela do meu laptop e reli a última frase. Meu sorriso se alargou: — Ah, eu vou mesmo cobrar o meu preço, pode apostar.
Por um instante, me perguntei para quem ele daria as joias, mas só a Bella me veio à mente. — Oh… — Murmurei, limpando as lágrimas falsas que “escorriam” dos meus olhos. Ele quer dar para ela duas joias personalizadas de uma só vez? Que fofo.
Não havia melhor jeito de alegrar meu dia do que receber um pedido do Mark. Eu estava pronta para faturar alto com ele, pois, eu não havia o pedido indenização pelo divórcio.
Enquanto pensava em quanto deveria cobrar, girando na cadeira, notei as paredes que acabavam de ser pintadas e bem cuidadas, a televisão de última geração, as poltronas de luxo…
Parei de girar na cadeira e olhei em volta. Tudo estava muito bem conservado. Meu coração se esquentou de gratidão, mesmo durante a minha longa ausência, Grace não falhou em manter o lugar funcionando. Ela cuidou das duas empresas sozinha, enquanto poderia ter abandonado a Aurora e se focado só no setor de moda, onde ela mandava muito bem.
Então, me lembrei do aniversário dela que se aproximava e pensei que seria o momento perfeito para a presentear com uma joia especialmente feita para a ocasião, para além do presente de aniversário.
Com três joias especiais adicionadas aos pedidos pendentes, decidi começar a trabalhar.
Primeiro, fiz um esboço das quatro peças de joias: uma de presente de formatura para a filha de um cliente, uma para Mark e outra para Grace. A última havia se destacado, criei um modelo 3D para todas elas. Dediquei um tempo especial escolhendo a cor e as pedras preciosas para as joias da Grace. Queria que fosse perfeita.
Horas depois, terminei os designs das quatro peças. Por um breve segundo, recostei-me na cadeira, sorrindo ao admirar meu trabalho.
Eu imprimi os desenhos e fui para a oficina. Recebi saudações dos trabalhadores ali e os retribuí com um sorriso.
Vesti o uniforme apropriado e comecei a trabalhar.
Eram algumas horas depois quando tirei o capacete e desliguei a máquina. Soltei um suspiro profundo e abanei o rosto.
Dei uma espreguiçada e saí rapidamente pela porta. Peguei numa garrafinha de água e bebi quase a metade. Já estava escuro lá fora e eu já tinha me despedido dos funcionários há várias horas.
Sempre era assim. Eu sempre me perdia quando estivesse criando aquelas joias.
Voltei para dentro, peguei no pingente da Grace e admirei o que havia desenhado, estreitando os olhos. Sorri, sentindo uma sensação familiar de realização e, ao mesmo tempo, estranha. Suspirei satisfeita, fazia muito tempo que eu não me sentia daquela forma.
Dei uma batidinha nas minhas costas enquanto inspecionava as outras peças. Guardei-as com segurança em uma caixa de joias antes de encerrar o meu dia.
Vesti meu casaco e peguei na minha bolsa. Apaguei as luzes da sala de controle e fui até a porta, iluminando o espaço escuro com a lanterna do meu celular.
Soltei um grito curto, meus pés pararam bruscamente e minha bolsa caiu no chão com um baque quando a porta se abriu de repente e uma sombra entrou.
— Sydney!
Meus ombros caíram e minhas pernas quase cederam depois que soltei um suspiro de alívio.
— Grace! — Chamei, em tom de reprovação, e apontei a lanterna para o rosto dela. Ela estava com um sorriso enorme, com a empolgação irradiando dela em várias ondas. — O que te deixou tão animada assim? — Perguntei, enquanto ela se aproximava.
— Venha comigo. — Ela pegou minhas mãos e nos levou para fora.
— Você não vai acreditar. Eu vi um cara super lindo no bar — Ela falava enquanto eu trancava a porta. — E adivinha só? Ele é italiano. — Ela praticamente pulou ao falar.
Ela entrelaçou nossos braços assim que terminei de trancar a porta. — Eu vim em especial para te buscar. Sua irmã cuida de você, certo?! — Eu ri do jeito dramático dela. Tudo isso só porque viu um italiano bonitão? Mas a puxei para perto e dei um beijo nela na bochecha.
— Arrasa, garota! — Gritei e comecei meus próprios passos de dança. Soltei toda a rigidez que acumulei nos últimos anos e me joguei completamente no ritmo.
Nós duas rimos quando o holofote foi colocado em nós. Algumas pessoas saíram para nos assistir, gritando palavras de incentivo, enquanto outras se juntaram a nós.
Inclinei a cabeça para trás, sentindo aquela liberdade toda. Não conseguia acreditar que abandonei tudo aquilo pelo que chamei de casamento.
Grace estava de repente ao meu lado, o rosto perto do meu. Eu me sobressaltei quando ela gritou no meu ouvido. — Já volto, preciso ir ao banheiro.
Assenti e observei enquanto ela corria pelo corredor.
Virei para um dos caras na pista de dança enquanto dançava. Ele tinha uns passinhos bem legais.
Estava tão envolvida, finalmente feliz e livre que não notei um par de olhos intensos me observando. Não percebi a tempo que o cara com quem eu dançava parou de dançar e se afastou de mim. Os olhos dele estavam fixos acima da minha cabeça.
— Vamos lá! — Gritei quando percebi. — Porquê parou?
Ele não me respondeu. Apenas olhou para algo atrás de mim. As pessoas ao redor dele também olhavam para trás de mim.
Ainda balançando meu corpo, segui a linha de visão deles e me virei.
Soltei um grito chocado quando dedos fortes se enrolaram em meu pulso e me puxaram para fora do holofote.
— Me solta! — Gritei, tentando arrancar minha mão do desgraçado, mas ele havia apertado forte.
— Pare com isso. — Eu congelei.
A voz era perigosamente baixa e calma, contrastando totalmente com seu aperto firme.
Minha cabeça se levantou de raiva, e meus olhos se encontraram com o olhar ardente de Mark. — O que você está fazendo por aqui?

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