- BRENDA -
Sabem a culpa ?
Eu sinto , me atrevo a dizer que até mais que o homem que atirou contra a própria filha ao se assustar com meu maldito toque , o mesmo que depois que recuperou a sanidade chorou como uma criança arrependido e enfiou uma arma na própria boca ameaçando se matar quando foi informado que a filha corria o risco de ficar tetraplégica por causa da pancada que sofreu .
Tudo se tornou um caos desde então.
Russo perdeu o controle e se afundou nas drogas , assim como o Jão.
A amizade dos dois se perdeu naquela noite , a três semanas atrás , e tenho pra mim que se a Afrodite não acordar logo , a próxima coisa que eles vão perder é a vida .
Porque a trocas de ameaças entre eles tem se tornado cada vez mais agressiva sempre que se topam pela comunidade .
Meu celular toca encima da mesinha ao lado da cama me tirando dos pensamentos e sem demora eu o pego e atendo.
Desde que tudo aconteceu e eu me tornei o contato de emergência do hospital , tem sido assim. Sempre quando ouço ele tocar meu coração dispara com medo que seja do hospital em que ela está e por isso atendo o quanto antes.
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Boa noite , me desculpe o horário, é a responsável pela jovem , Afrodite Reis ?
-- Sim , sou eu . O que houve ?
Você poderia vim até aqui ? Não podemos falar por telefone por motivos éticos.
-- Já estou indo . Obrigada .
Desligo .
Nunca vou entender o porque desse sigilo ético. Não ligou ? Custa adiantar as coisas ?
Bufo , sentindo meu coração pequenininho e tão rápido quanto atendi o celular eu levanto da cama onde tenho passado as noites em claro e vou pro banheiro tomar um banho rápido pra tirar todo o suor do meu corpo.
Me arrumo rapidamente trocando msg com a única pessoa que eu conheço que tem ficha limpa pra ir e vim sem ser preso caso sejamos parado pela polícia , o meu irmão que se não fosse pela Laise estaria tão afundado nas drogas quanto os outros dois que citei .
Quando estou prestes a sair a voz grave soa pelo quarto me fazendo tremer de cima a baixo.
Jão - Tá indo pra onde ? - pergunta sonolento deslizando a mão sobre o rosto - Não me deixa sozinho , loira - sua voz soa carente e por um segundo eu me sinto culpada por ter criado um elo emocional com ele .
Jão tem , quer dizer , tinha o porte de quem estava pronto pra outro relacionamento mas a verdade é que aquela filha da puta da Tabita fodeu tanto com o psicológico dele que foi uma luta pra eu conseguir romper suas barreiras nessas últimas semanas.
Fiquei com medo dele se matar e por isso sempre estava aqui , saia do hospital e vinha direto . Mesmo que ele agisse como um babaca e sempre me mandasse embora , eu ficava .
Ficava porque me importava e me importo com ele .
Agora mais do que nunca .
-- Eu vou , mas eu volto - evito falar pra onde , isso seria um gatilho pra ele usar mais um pino de cocaína e eu não quero isso . Quero ele limpo pra quando nossa bela adormecida acordar do seu sono - Tudo bem ?
Ele faz carinha de cachorro abandonado que quase me faz desistir de ir .
Mas eu não posso ficar .
Tenho que saber o que aconteceu.
Jão - Cê vai demorar ? - movimento os ombros pra cima e pra baixo vendo ele levantar, sua ereção marcando a cueca me faz olhar rapidamente e desviar logo em seguida.
Muito grosso , lindo de se ver .
Se concentra , Brenda .
Respiro fundo quando ele me abraça e pousa a cabeça no meu ombro cheirando meu pescoço.
Jão - Cheirosa... - deslizo minhas mãos pelos seus cabelos fazendo carinho nos fios levementes cumpridos antes de falar .
-- Eu preciso ir , é sério - sinto uma lufada de ar quente no meu pescoço e me encolho , sentindo minha pele arrepiar quando ele sobe beijando até parar no canto da minha boca.
Jão envolve meu rosto em suas mãos e me dá um selinho demorado que me pega de surpresa.
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