CALIENTE (morro) romance Capítulo 82

- AFRODITE -

Ben - Roda pião ! - ele ergue a mão me fazendo girar e voltar colando nossos corpos sem perder o ritmo - Pô , essa barriga ai tá atrapalhando o bagulho .

-- Falou o homem que está com a perna no meio das minhas e a mão descendo de novo pra minha bunda - ele rir jogando a cabeça pra trás - Seu safado , meu marido chegar e pegar a gente assim, vai dar bom não.

Ben - O caralho ! - ele fica sério - Tinha esquecido dessa porra - rapidinho eu sinto sua mão subir pro meio das minhas costas.

Sorrio jogando a cabeça pra trás vendo a tia Helena fazer sinal pra trocar de parceiro e aceno em concordância antes de voltar a postura ideal chegando pertinho pra falar no ouvido do Ben.

-- A tia Helena quer dançar contigo - aviso.

Ben - Agora ? - faço que sim - Tá , toma cuidado com aquele velho . Se ele vier de gracinha pro teu lado tú mete o joelho nos bago dele e corre pra mim que eu te protejo - ele alivia o aperto sobre o meu corpo ao ir dançando comigo até o casal de velhos que parecem adolescentes de tanto que se beijam - Na moral , tô pronto pra ver minha vó namorando não. O bagulho nojento .

-- É só fechar os olhos . Agora cala a boca , por favor - ele sorrir falso , me olhando daquele jeito como quem diz "vem calar" - Bóris chegar , você pede pra ele.

Pronto, o homem se apruma rápido .

Trocamos de parceiros e falar pra vocês , eu fico até sem ar quando o senhor pretinho me puxa de uma vez pra ele e num gingado que faz inveja a muitos me guia num ritmo agitado.

Perco as contas de quantas vezes erro os passos e peço desculpas , é muito difícil acompanhar alguém que dança de um jeito diferente do que você aprendeu.

-- Desisto - falo cansada - Eu não consigo te acompanhar . O senhor rebola mais que eu - admito rindo.

Pedro - Senhor está no céu , jovem Afrodite . Já lhe falei . Vamos , você precisa mesmo descansar - ele me guia de volta a mesa em que estávamos .

Embora minha primeira impressão dele não tenha sido a melhor , agora eu vejo o quanto ele é gente boa , foi respeitoso e me pareceu sincero quando falou que gostava muito da dona velha.

E já que a dona velha confia nele , eu me permiti confiar também .

Chegamos a mesa e só então noto que todos estão ao redor dela .

-- O que aconteceu ? - olho pra cada um deles , todos estão suados e parecendo destruídos .

Assim como eu.

Brenda - Eu não sei eles , mas eu ? Estou acabada , derrotada e com calo nos pés de tanto dançar - ela joga a cabeça pra trás rindo de nervoso - E eu nem gosto de forró.

Dou risada me sentando ao seu lado e pego uma garrafinha de água encima da mesa , abro e bebo do líquido pra me refrescar.

Marisa - Eu preciso urgentemente ir ao banheiro. Alguém anima ir comigo ? - ela levanta deixando sua bolsa no colo do esquisito - Segura pra mamãe GH.

Helena - Vamos todas juntas - ela fala tirando a garrafa da minha mão - Né Afrodite ?

-- É tia Helena - sorrio falsa e levanto na base do ódio seguindo as duas com a Brenda do meu lado - Tinha acabado de sentar , tava de boa bebendo minha água... - reclamo baixinho pra ela não ouvir - A vida de uma mandada é difícil...

Vou o caminho resmungando e a Be rindo por eu não falar alto o suficiente pra dona velha ouvir , mas quem falaria ? Tô nem doida pra levar um cascudo.

Os dela doem .

Ao chegar ao banheiro as duas mais velhas entram nas cabines e de lá começam a puxar conversa comigo que uso do tempo pra prender meu cabelo num coque e ficar razoável pra voltar pra mesa .

Marisa - Então ... seus bebês já tem nomes ? - pergunta .

-- Os meninos sim , vão se chamar Gabriel e Dante - suspiro olhando meu reflexo no espelho, falar dos meus filhos é um caminho sem volta , eu começo e não quero mais parar - Agora a minha bonequinha ainda não tem , são tantos nomes lindos que eu estou em dúvida.

Brenda - A vó falou que você ia colocar o nome de Helena , em homenagem a ela .

Helena - Xiuu ! Cala-te boca de sacola - dou risada dela que abre a porta saindo do cubículo guardando algo na sua bolsa - Tô rodeada de gente linguaruda , Deus é mais. Eu vou ... - ela para de falar e olha pra entrada principal fechando a cara na hora - Mas é uma vagabunda muito corajosa de aparecer aqui mesmo .

Franzo meu cenho quando ela e a Brenda que se virou na direção primeiro que eu vem parar na minha frente formando uma parede humana que me impede de ver com quem ela fala .

Abro a boca pra perguntar mas fecho assim que ouço a voz da pessoa que eu gostaria de nunca mais ver na minha vida .

Tabita - Vagabunda não , me respeite sua velha caquetica - a voz que me faz travar vem acompanhada do barulho do seu salto batendo contra o piso enquanto ela caminha pra dentro - Cadê minha filha ? Fiquei sabendo que ela estava grávida e que estava aqui . Vim ver com meus próprios olhos.

Respiro fundo , o medo tomando conta do meu ser ao lembrar da frase que ela falou enquanto me estrangulava .

" A mamãe te deu a vida , a mamãe vai tirar "...

O ar começa a faltar nos meus pulmões e eu estremeço como se estivesse queimando de febre .

Deus ! Eu não posso ter uma crise.

Não agora , não na frente dela .

Fecho minhas mãos apertando a unha contra a palma , tentando puxar o ar pra dentro mas uma bola na minha garganta me impede.

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: CALIENTE (morro)