- RUSSO -
Raiva , ódio . Isso é tudo que eu tenho sentido desde que me passaram a visão que a Helena morreu , que o Ben foi levado as pressas pro hospital porque também estava morrendo e que tinham pegado a minha mulher .
Porra , a minha mulher !
Então eu lembrei do que o velho Pepe, aquele maldito a quem eu confiei a segurança da minha família e que não cumpriu com o combinado , disse .
" Sangue se paga com sangue "
Pô , eu fui cego , possuído mermo .
Desci da lage em que eu estava dando cobertura pros menor que iam pelo chão e fui atirando em quem via pela frente até a base que a gente usa pra torturar os filhos da puta .
Entrei indo direto pra sala de tortura em que a desgraçada da Tabita estava amarrada com as mãos pra cima e dei um tiro na corda que se rompeu no tamanho certo pra mim pegar e arrastar ela morro abaixo sem me importar com seus gritos e pedidos de socorro que só pararam depois que ela desmaiou ...
Jão - Irmão? Cadê tú ? - sua voz saiu do rádio que eu peguei do colete e apertei no botão dando minha resposta.
-- Tô descendo pra principal - parei um momento ao entrar no beco e olhei pra cima vendo o Gege e o Sabiá pular de uma lage a outra me dando a cobertura pra nada me pegar de surpresa - Pegaram a Afrodite .
Jão - Filhos da puta ... Vai fazer o que ?
-- Vou mostrar pra esse desgraçado o que acontece com quem encosta na minha mulher.
Jão - Eu tô indo prai ... Fiquei sabendo que os homens do Pepe tão botando pra fuder junto com os nossos e os verme tão recuando .
-- Vai deixar a Brenda sozinha ? - perguntei .
Logo depois que ficamos sabendo que tinham matado a Helena ele largou tudo e correu pra ficar com ela no hospital , fez o papel que qualquer homem deveria fazer numa situação igual aquela .
Jão - Deram um bagulho pra minha loira se acalmar e ela acabou dormindo . Não tenho mais o que fazer aqui . Depois que tudo acabar eu volto .
-- Beleza então. Vem preparado .
Jão - Sempre irmão. Se cuida . Morre não que eu tô chegando.
-- Morrer e deixar a tua filha pra ela arrumar outro pros meus filhos chamarem de pai ? Deus me livre .
Jão - Chei das idéia errada. Marca cinco que eu chego aí .
Me despedi dele e guardei o rádio , no mesmo instante que ouvi o grito que eu reconheceria a km de distância . O da minha mulher, que fez eu apressar meus passos pra chegar o quanto antes nela.
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Analiso toda a cena enquanto caminho até eles , minha pretinha me olha assustada e é impossível controlar meus olhos que descem do seu rosto pra sua barriga notando a arma ser pressionada ali e param nas suas pernas que brilham como se algo estivesse sido derramado nelas .
Engulo a saliva , algo na minha mente me alertando que tem parada errada relacionada aos nossos filhos .
- Ela está morta ? - o policial magro e alto atrás da Afrodite pergunta sem tirar os olhos da pessoa desacordada que eu solto entre nós três .
Minha vontade é de descer o tiro nessa cara de puta que ele tem mas eu respiro fundo e tento me convencer que agora não é a melhor hora .
Afrodite está entre nós e qualquer tiro mal calculado pode pegar nela .
-- Não sei . Confere aí - olho sério pra ele , controlando meu timbre de voz .
Eu tô ciente que esse corno tá sozinho porque a tropa dele recuou , tá confiante só porque tem a minha mulher como escudo humano mas isso vai mudar logo logo .
Ele vira de lado segurando a Afrodite que geme com o seu movimento e ergue o pé mexendo na preta desarcordada que está toda ralada e ensanguentada no chão .
Uma fala , um segundo e um piscar de olhos é tudo que eu preciso pra libertar minha família .
E então acontece...
Afrodite - Viu só ? Seu filho não existe , nunca existiu. Se ela estivesse mesmo grávida você não acha que ela estaria sangrando agora ? - sua fala soa sufocada , como se estivesse usando todo o restinho de forças que ela tem pra fazer isso.
Meu peito dói , aquele tipo de dor que me dá só de imaginar algo de ruim acontecendo com ela.
- Se ele não existe , os seus também não vão ! - ele grita tirando a arma da barriga dela , subindo pra cabeça , e antes que ela chegue ao seu destino final eu ajo.
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