Casada com a Fera romance Capítulo 30

Eu tinha entrado e tentado ajudar Rosa, manter minha cabeça ocupada me livraria de pensar em Patrick ou no que quase tinha acontecido na oficina.

Depois que terminamos tudo Rosa fez meu bolo favorito e me mandou para fora da cozinha, ela insistiu que eu precisava descansar um pouco.

Ela me colocou no quarto do filho, o que eu insisti que não precisava, podia muito bem ficar no sofá, mas ela não me ouviu apenas me obrigou a entrar ali e descansar. Eu tomei um banho e voltei para o quarto tentando não pensar em como minha vida estava uma bagunça.

Há um mês atrás eu ainda sonhava com o dia de completar vinte e um anos e me ver livre do meu tio, podendo tomar minhas decisões e fazer minha vida. Mas então eu me casei com Patrick, me mudei para uma mansão na montanha gelada e tanta aconteceu de lá pra cá.

Fiquei bêbada pela primeira vez, me perdi em uma floresta, me apaixonei, perdi a virgindade e fui traída. Agora estava ali sem saber se colocava um ponto final no nosso casamento tão recente ou se dava uma chance dele mostrar que estava arrependido.

E aparentemente agora eu também tinha que lidar com Alejandro por perto, o homem quente que estava me deixando ainda mais confusa.

Me movi até a janela e avistei a oficina, Alejandro estava com a cabeça enfiada no capô de um carro e a única coisa que eu conseguia ver eram suas costas bronzeadas e o macacão se apertando no quadril e marcando sua bunda.

Ele era um homem lindo e sensual, o pior mesmo era que ele sabia o efeito que sua beleza tinha sobre as pessoas e não tinha medo de usar.

Me joguei na cama pensando em como seria o rosto de Patrick, eu já tinha visto seu corpo nu por inteiro, mas seu rosto só tive a chance de ver metade, ele nunca me mostrou suas marcas, aquilo que ele esconde de todos, mesmo nas nossas semanas na ilha ele nunca vacilou e deixou que nada aparecesse.

Isso me fazia sentir ainda pior, ele não tinha me contado nada sobre seu passado, sobre sua vida, mesmo que eu tivesse perguntado como tinha sido sua vida, quando criança e jovem, quais lugares ele tinha viajado e que cursos ele já tinha feito. Ele respondeu a todas com facilidade e sorrindo, mas não me contou nada sobre sua mulher, ou sobre os traumas que tinha.

O que deixava claro mais uma vez que eu era a única de coração aberto ali, a única disposta a tornar nossa relação verdadeira.

Alejandro se virou olhando para a casa e como uma fujona eu me escondi atrás da cortina, ele secou o rosto com a mão e continuou encarando a janela. Ele era realmente lindo, mas eu sabia que essa atração que eu estava sentindo não era apenas sobre beleza, mas sobre quem ele era também.

— Aí meu Deus! — exclamei assustada e levei as mãos a boca me dando conta do que tinha acabado de pensar. — Isso não pode acontecer! Eu não posso estar atraída por ele!

Sai de perto daquela janela e me joguei na cama, talvez um cochilo ia ajudar, depois de toda a loucura que foi aquele dia. Mas tudo o que fiz foi me virar na cama, rodando nos lençóis que só cheiravam ao perfume de Alejandro.

Me obriguei a pensar em Patrick e no que ele estaria fazendo agora, se estaria sentindo minha falta ou quem sabe até pensando em como fazer para que eu o perdoasse. Mas então meus pensamentos voltaram para o que Alejandro disse, eu realmente nunca tinha estado perto de outro homem, os únicos com quem passei mais tempo era meu tio e o filho escroto dele e nenhum dos dois prestava ou me despertou mais do que ódio.

Como eu podia saber que o que eu sentia por Patrick era amor? Eu podia estar apenas reagindo a ideia de estar presa com ele, ou estava tão encantada por ele se preocupar em resolver meus problemas que confundi as coisas?

— Merda, como diabos eu ia descobrir isso? — afundei meu rosto contra o travesseiro e o cheiro de Alejandro preencheu meus pulmões ainda mais. — Acho que sei o que fazer!

Joguei o lençol para o lado e sai do quarto determinada a beijá-lo, se eu não estava mesmo apaixonada por Patrick tudo isso resolveria, ou ao menos uma das minhas dúvidas, se eu descobrisse que não estava apaixonada por ele não precisaria me preocupar em perdoa-lo e dar mais uma chance ao nosso casamento, mas se eu estivesse mesmo apaixonada por Patrick minha confusão só ficaria ainda maior.

— Filha onde está indo? Pensei que estava dormindo. — a voz de Rosa me fez parar com o pé na porta. — Estava indo na oficina levar um pedaço de bolo, mas já que vai lá você pode fazer isso.

Eu olhei pra ela me perguntando como ela sabia, mas Rosa me conhecia bem de mais, além de que não faria sentido eu sair correndo da sua casa desse jeito sem conhecer nada aqui.

Peguei a vasilha da sua mão e sem dizer nada corri pra fora, precisava beijar Alejandro logo antes que desistisse dessa ideia maluca.

Do outro lado da rua eu o avistei, ainda estava mexendo no mesmo carro, mas antes mesmo que eu chegasse ele ergueu o rosto me encarando.

Respirei fundo tomando coragem, mas olhar aqueles olhos penetrantes fez meu corpo todo tremer e eu desviei, entrando na oficina e indo direto para a sala que estava aberta.

Coloquei o bolo sobre a mesinha que tinha ali no mesmo instante que ouvi as botas dele baterem contra o piso.

— Estou tendo a impressão que você está fugindo de mim. — Alejandro murmurou me fazendo notar o quanto ele estava perto.

Eu não ia fugir, tinha que parar de ser uma garotinha medrosa! Me virei rápido ficando na ponta dos pés e grudando minha boca na dele.

Suguei seu lábio carnudo querendo que ele abrisse a boca e me desse passagem, Alejandro parecia um tanto surpreso com o meu ataque, mas isso só durou um segundo antes que ele colocasse as mãos grandes em minha cintura, me puxando ainda mais para perto.

Seus lábios se abriram e nossas línguas se enroscaram com desespero, quase como dois amantes que não se viam matando a saudade. Subi meus dedos pelos braços fortes, sentindo a quentura de sua pele contra minha mão até que alcancei sua nuca, puxei sua cabeça com ainda mais firmeza sentido a maciez dos cabelos curtos.

Alejandro prendeu meu lábio com os dentes me arrancando um gemido baixo e isso deve ter servido como combustível para ele, porque no mesmo instante suas mãos agarraram minha bunda com força e me colocaram sentada na mesa.

— Você estava errado, — eu murmurei desviando meus lábios para o pescoço dele, enquanto sugava a pele sem me importar com o suor, porque tudo nele parecia sexy. — Eu não estava fugindo.

Eu mordisquei sua orelha e ele estremeceu contra mim.

— Mas você também não sabe o que quer. — ele afastou o rosto o suficiente para olhar em meus olhos. — Você não sabe se gosta dele, não é? E está querendo tirar a prova comigo?

Engoli em seco sabendo que aquela era exatamente a verdade, mas que quando saia da boca dele daquele jeito fazia parecer que eu o estava usando e apenas isso.

— Eu... Tudo esta confuso na minha cabeça e eu não sei mais o que é real ou não.

Ao invés de me mandar sair dali ele deu risada e puxou uma cadeira se sentando de frente a mesa e me fazendo sentir falta de seu corpo contra o meu.

Ele abriu o bote e pegou um pedaço de bolo, parecendo tão despreocupado que chegava a dar inveja, já que na minha cabeça passava um furacão de pensamentos.

— Eu estaria mais do que feliz em mostrar que você não gosta dele, mas não quero que se machuque. Você está confusa e não só em relação a ele, não posso me aproveitar disso e bagunçar ainda mais sua mente, em especial porque minha mãe me mataria.

Nós dois sorrimos sabendo que era verdade, Rosa acabaria com a raça dele se soubesse que ele me machucou.

— Não vai ficar com raiva de mim por causa do beijo? — perguntei e ele gargalhou ainda mais alto.

— Você é mesmo uma coisa de outro mundo. Porque um beijo seu me deixaria com raiva? — eu dei de ombros e ele se inclinou para frente pegando mais um pedaço do bolo de limão que eu amava. — Eu vou te contar o que eu fazia pra ganhar a vida e você vai cair pra trás.

Quando ele contou eu realmente não acreditei, precisei ver com meus próprios olhos e depois de insistir muito Alejandro me mostrou alguns vídeos que tinha no celular.

Eu estava gargalhando e dizendo como a mãe dele ficaria chocada se visse aquilo, meus pés descansando no colo dele, que continuava sentado a minha frente. Foi nesse exato momento que a porta se abriu e eu dei de cara com Patrick Carter.

Meu coração disparou no mesmo instante, eu senti um friozinho no estômago e parecia até mesmo que eu ia desmaiar sem ar só por vê-lo ali depois de ter deixado sua casa.

— Patrick? — o nome dele saiu dos meus lábios em uma lufada de ar e eu tive que respirar fundo pra conseguir dizer o resto. — O que... o que está fazendo aqui? — perguntei aos tropeços.

Uma parte de mim torceu para que ele tivesse vindo pedir perdão e implorar para que eu voltasse, mesmo que eu não fosse ceder fácil eu queria que ele fizesse, porque o fato dele implorar por mim mostrava que se importava comigo.

— Eu vim aqui porque nós precisamos conversar! — a voz grossa e potente atravessou a sala acertando meu peito em cheio e eu pulei da mesa sem nem me importar, ansiosa para ouvir ele dizer que me queria, que precisava de mim. — É sobre os negócios da sua família, surgiram mais coisas na investigação e você precisa decidir o que quer fazer daqui em diante.

E foi assim, um balde de água fria, em um segundo eu estava no topo da torre Eiffel e no outro estava no fundo do poço. Eu não consegui esconder meu desapontamento, mas se ele notou algo não disse nada e isso só serviu para me irritar ainda mais.

Porque Alejandro levantou no exato segundo que meu sorriso morreu e envolveu meus ombros com um braço antes de estender a mão para Patrick e se apresentar.

— Alejandro Fontes, amigo da Sophie. — ele disse me apertando ainda mais contra o corpo e fazendo Patrick bufar e trincar os dentes com ainda mais força.

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