Casada com a Fera romance Capítulo 31

— Eu vim aqui porque nós precisamos conversar! — eu menti, tinha ido ali para levá-la de volta, mas olhando para a cena na minha frente não podia arrancá-la dali. — É sobre os negócios da sua família, surgiram mais coisas na investigação e você precisa decidir o que quer fazer daqui em diante.

Joguei a primeira coisa que veio a cabeça, porque vê-la ali tão a vontade com aquele homem que conheceu há pouco tempo acabou comigo. Sophie parecia uma menina feliz e tranquila, com os pés no colo dele enquanto estava sentada na mesa, com um celular na mão e sorrindo de algo que ele disse.

Porra, aquilo fez o incomodo no meu peito voltar e o gosto amargo na boca. Como se eu estivesse vendo um casal apaixonado bem na minha frente e eu fosse o único filho da puta que não tinha ninguém.

Mas não era essa a realidade, Sophie era minha mulher e nada daquele merdinha ali. Porém o fato dos papéis parecerem invertidos me dizia que eu estava fazendo muita coisa errada com ela. Eu encarei ela com o incomodo estampado no rosto, tão diferente de segundos atrás, então as palavras do meu pai e Cris voltaram a minha mente com força total.

— Alejandro Fontes, amigo da Sophie. — o babaca disse se levantando e estendendo a mão para mim, enquanto abraçava minha mulher.

Porra de amigo, ele nem sequer a conhecia! Meu ódio por ele só aumentava a cada segundo e eu só queria socar aquela cara até arrancar o sorriso presunçoso dele

— Patrick Carter, marido da Sophia! — afirmei dando mais entonação a palavra marido e apertando sua mão com mais força que o necessário.

— Sophie me falou sobre você. — ele me encarou profundamente, analisando a máscara que cobria meu rosto me lembrando do meu rosto fodido.

— Engraçado, ela não me falou nada de você. — soltei a mão dele e me virei para Sophie. — Podemos ir querida?

Ela olhou de mim para ela, parecendo confusa ou estava apenas estranhando minha fala, mas logo ela deslizou a mão delicada sobre a minha me deixando levá-la para fora dali.

— Podem conversar lá em casa. — a voz do verme soou atrás de nós e ela parou no caminho parecendo pensativa. — Afinal é onde Sophie está morando agora.

Me virei sentindo meu sangue ferver e meu punho se fechou pronto para acabar com a raça dele, mas Sophie escolheu esse minuto para abrir a boca.

— Tem razão e eu quero que conheça Rosa, vai ser perfeito! — e com toda animação que ela colocou nas palavras eu não podia mais uma vez estragar nada ou negar qualquer coisa para ela.

Deixei que ela me guiasse para dentro da pequena casa, o cheio de bolo invadia o lugar e Sophie abriu um sorriso enorme enquanto chamava a mulher, os olhos dela estava tão iluminado de uma forma que eu nunca tinha visto. Ela apertou minha mão com mais força quando a senhora surgiu na porta da sala.

— Oi filha... Oh não me diga que esse é o seu marido? — ela perguntou me analisando da cabeça aos pés, mas diferente de como a maioria das pessoas fazia não ficou encarando minha máscara com estranhamento, ao invés disso ela sorriu para mim enquanto se aproximava.

— É sim Rosa, esse é o Patrick. — ela olhou para mim parecendo uma adolescente que apresenta o primeiro namorado aos pais e aquilo mexeu comigo de uma forma que eu não esperava. — E essa é a mulher que eu falei tanto sobre.

Inferno, o que Sophie estava fazendo comigo? Não lembro quando eu tinha sentido algo assim, na verdade acho que... Nunca me senti assim.

— É um prazer conhecer a senhora, não teve um só dia na nossa viagem que Sophie não tenha falado sobre a senhora.

A mulher gargalhou e me deu um tapinha no ombro, antes de grudar o braço no meu e me puxar para a cozinha. Aquilo me surpreendeu e ao mesmo tempo me mostrou de onde Sophie tinha tirado toda o bom humor apesar de viver em um inferno.

-— Deixe esse negócio de senhora pra lá, me chame de Rosa. — ela não esperou que eu respondesse antes de me empurrar na primeira cadeira. — E porque não avisou que vinha?

— Patrick me pegou de surpresa, veio aqui porque quer conversar sobre algo da minha família. — Sophie respondeu por mim já se sentando ao meu lado.

— Ahh sim, mas eu aposto que também veio porque já estava com saudade da nossa menina, não é? — a senhora colocou um bolo na mesa enquanto me olhava como se esperasse uma resposta de mim. — É o bolo favorito da Sophie! — ela disse mais dura quando viu que eu não respondi sobre estar com saudade.

A verdade é que eu não queria fazer com que Sophie achasse que não tinha liberdade. Por mais que eu a quisesse comigo não queria prendê-la e aquele stripper babaca já tinha dito que ela tinha sido jogada em meu colo sem ter opção. Bem isso eu não podia mudar mais, mas podia tirar essa ideia da cabeça de Sophie.

Se ela podia se sentir confortável e livre com esse merdinha, então era minha vez de mostrar que podia ser igual pra ela, na verdade mostrar que eu era melhor e que ela não se arrependeria por estar comigo.

— Pode dizer Patrick, o que Suzie descobriu? — Sophie perguntou me servindo um pedaço de bolo e me olhando com expectativa.

Desviei meus olhos para a senhora em pé ao nosso lado, estava prestes a pedir privacidade, mas se Sophie confiava nela era melhor eu começar a demonstrar a mesma confiança.

— A empresa dos seus pais é acusada de cometer várias fraudes...

— Meu pai não era ladrão! — ela bradou me interrompendo e parecendo realmente pronta para brigar pela inocência do pai, era bom que pensasse assim, porque brigar era exatamente o que faríamos.

— Não, ele não era! Em nenhum dos anos em que a empresa esteve na mão do seu pai isso aconteceu. — falei a tranquilizando. — Mas depois que seu pai se foi e a empresa ficou sobre a direção do seu tio, foi quando começou a desandar. As fraudes vieram a tona e a culpa recaiu em seu pai porque as datas dos relatórios foram alteradas e os balanços foram alterados. Seu tio fez tudo para que ficasse claro que havia sido seu pai.

— Aquele desgraçado! — Sophie se ergueu e gritou batendo as mãos na parede com tanta fúria que eu tive medo que ela se machucasse.

Me levantei indo abraçá-la e cuidar para que não machucasse as mãos, mas Rosa me parou segurando meu braço.

— Ela preciso disso. — a senhorinha sussurrou chamando minha atenção. — Sophie ouviu por anos que os pais eram ladrões, que a tinham abandonado e estavam fugindo quando morreram, por várias vezes ela retrucou os tios e o primo com esse assunto e em muitas foi punida. Ela precisa colocar isso pra fora.

Meu peito doeu ainda mais por minha menina, tinha sofrido tanto nas mãos daquele tio de merda e só ia sofrer mais enquanto os enfrentava no tribunal e na investigação da morte dos pais dela.

Minha doce Sophie não tinha um minuto de sossego na vida e agora eu também estava causando dor e mágoa a ela.

— Eu nunca pensei que poderia odia-lo ainda mais! Aquele verme sempre acusando meu pai, enquanto ele era o verdadeiro culpado! — ela praticamente gritou quando se voltou para nós.

— E tem mais So. — murmurei, não tinha ido até ali por isso, mas agora que tinha começado a contar não ia parar na metade e deixar para outro dia, só para vê-la sofrer de novo. — Ele limpou as contas dos seus pais e a poupança que seus pais fizeram para você. Quando meus pais falaram do casamento eles cresceram o olho com a ideia de ganhar mais um milhão as suas custas e colocaram tudo em uma conta no exterior.

— Eles o que... — os olhos dela se encheram de lágrimas e eu vi o corpo dela vacilar, oscilando para frente, eu a segurei antes que caísse e me sentei com ela em meu colo, mantendo seu corpo junto ao meu.

— Mas daqui um ano Sophie ia finalmente poder assumir tudo. — Rosa falou me lembrando de sua presença. — O que ela ganharia?

— As dividas da família, a empresa quebrada e cheia de processos. A casa de seus pais e mais alguns bens deles estão em seu nome, mas seriam confiscados para pagamento dos processos. — Sophie explodiu em lágrimas no meu colo e meu primeiro instinto foi beijar seus cabelos e tocar seu rosto limpando as lágrimas. — Eu sinto muito amor. — murmurei acariciando o rosto dela e a naturalidade com que as palavras saíram da minha boca me chocaram.

Porra, eu estava fodido! O que estava acontecendo comigo? Que merda toda era aquela? Eu não sabia as respostas para aquilo, mas não queria deixar ela ir. Ela envolveu os braços em volta do meu pescoço e afundou o rosto contra meu peito, chorando ali.

Não sei por quanto tempo ficamos ali, eu acalentando ela até que seus soluços passassem. Mesmo que odiasse a situação amei a sensação de tê-la em meus braços.

Quando Sophie estava preparada ela olhou para cima e me olhou soltando um longo suspiro. Os dedos de ergueram com tanta rapidez que eu não pude prever o que ela faria, até que seus dedos estavam em meu rosto, me segurando firme.

Mas ao invés de me beijar Sophie traçou o contorno da minha máscara e me fazendo trancar a respiração na garganta. Ela deslizou os dedos pela borda que dividia meu rosto e envolvia o restante do rosto, enfiou os dedos em meus cabelos acariciando provocativamente, antes de voltar para a máscara.

Os lábios dela pousaram sobre os meus e meus olhos se fecharam involuntariamente. Porra, parecia que eu não a beijava há mil anos! Afundei os dedos em seu quadril puxando ela ainda mais para mim enquanto devorava seus lábios com voracidade, Sophie sugou minha língua me arrancando um gemido.

— Me deixa te ver. — ela sussurrou contra meus lábios, meu corpo todo endureceu quando os dedos dela seguraram a máscara e eu entendi o que ela queria dizer quando um pedaço descobriu meu rosto.

Segurei seu pulso com tanta rapidez que ela se assustou e eu a afastei, me levantando. Meu coração disparava com o turbilhão que passava dentro de mim, em um minuto excitado com seus beijos e no outro em pânico com a mera ideia de que ela visse meu rosto.

— Precisamos conversar sobre o que você quer fazer em relação ao processo contra o seu tio... — eu murmurei depois de pigarrear e enquanto arrumava minha máscara, apertando ainda mais contra o rosto.

— Pare de fugir de mim! — ela gritou e suas mãos agarraram meu braço e ela me puxou para que virasse pra ela.

— Por Deus Sophie, o que você quer de mim? — perguntei deixando que minha voz saísse mais perturbadora, assim como eu me sentia naquele momento.

Ela me lançou um olhar decepcionado, os olhos grandes perdendo todo o brilho em segundos. Merda, eu quis tirar a máscara e deixar que ela visse o homem quebrado que eu escondia do mundo, mas não queria correr o risco que ela corresse de mim, não queria que essa merda do meu passado a jogasse ainda mais nos braços do stripper perfeito.

— Nada, só vá embora. — foi a resposta dela e eu vi o queixo perfeito estremecer enquanto ela piscava rapidamente para afastar as lágrimas.

— O que você quer dizer? — ela tinha acabado de me beijar e agora estava me mandando embora? Não ia voltar comigo para nossa casa?

— Só vá embora, saia da minha frente e me deixe em paz! — ela gritou antes de colocar as duas mãos em meu peito e me empurrar. — Vá embora e não volte até eu dizer que quero conversar com você, não quero ver sua cara antes disso Patrick! — ela me dava um empurrão a cada nova frase e eu só aguentei calada. — Estou cansada dos seus estouros de raiva, dos seus gritos e ordens! Não vou ficar casada com uma versão mais nova do meu tio.

Aquilo me acertou pior do que o empurrão. Porra eu nunca ia acertar com ela?

— Vou te dar o que você quer Sophie! — afirmei confiante e sai de lá sabendo que quando ela quisesse conversar eu ia estar preparado para me abrir com ela e dar tudo o que ela quisesse, tudo o que Sophie sonhava em um relacionamento, ia ser a porra do marido perfeito e garantir que nunca veria aquele olhar em seu rosto novamente.

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