“Ignácio Monterrey”
Eu fiquei muito feliz com a notícia de que a família iria crescer, meu irmão Martim merecia essa felicidade e a minha cunhada Abigail era uma das melhores pessoas que eu já tinha conhecido, ela estava fazendo muito bem para o Martim, na verdade para toda a família Monterrey que agora era a família dela. E foi pensando nisso que eu entrei na loja de doces ao lado do meu consultório essa manhã e comprei uma caixa de doces para ela, eu sempre levava esses doces para ela, e agora estava de visita na construtora e encontrei minhas cunhadas e uma outra mulher na cozinha.
- Ignácio! É de você que precisamos aqui nessa cozinha! – A Abigail se levantou para me abraçar.
- E o que eu poderia fazer por três mulheres tão lindas e felizes? – Eu me abaixei para dar um beijo no rosto da Magda depois que abracei a Abigail.
- Essa é a Cassandra, ela é a filha do Sr. Nikos. Cassandra, esse é o Ignácio, irmão do Martim. – A Abigail nos apresentou, mas eu sabia quem era a Cassandra, pelo menos de nome, a ex esposa do Lanoy que ele agrediu covardemente.
- Ah, claro, já sei de quem se trata. É um prazer conhecê-la, Cassandra. – Eu estendi a mão e ela colocou a dela na minha, parecendo um pouco sem graça. A mão dela era pequena e estava tão gelada que parecia que ia derreter na minha.
Eu observei a Cassandra, vestida simplesmente com jeans e camiseta, sem nenhuma maquiagem. Era uma mulher interessante, bonita, com feições pouco comuns, ela era alta, tinha uma postura elegante, os cabelos pretos caíam até alguns centímetros abaixo do ombro, mas tinha um ondulado bonito, seus olhos castanhos eram como grandes avelãs cercadas por cílios grossos. Seu nariz não era pequeno e arrebitado como de uma boneca, mas lhe dava personalidade e combinava perfeitamente com os olhos e a boca que também era grande, mostrando um sorriso perfeito adornado por lábios moderadamente volumosos. Sua pele oliva parecia brilhar e dava a ela um aspecto muito saudável, diferente dos rostos abatidos e cobertos de maquiagem que eu via em meu consultório.
- Cassandra, espero que você não fique aborrecida comigo, mas eu comentei com o Ignácio sobre o que o Maurice fez com você. – A Abigail explicou.
- Não tem problema, Abigail, ele me agrediu mesmo. – A Cassandra sorriu para a minha cunhada e eu lamentei que uma mulher tivesse que passar por uma agressão como aconteceu com ela e a Magda tantos anos antes.
- Mas aí é que está. Eu comentei porque o Ignácio é psiquiatra, ou seja, uma pessoa que entende a mente humana melhor do que a maioria de nós. – A Abigail sorriu pra mim.
- Eu tento, cunhada! – Eu retribuí o seu sorriso.
- E eu acho que ele pode te ajudar com esse medo, sei lá, te dar umas dicas de como superar isso. – A Abigail olhou para a Cassandra.
- Eu não tinha pensado em procurar um profissional, mas você tem razão. – A Cassandra concordou.
- Não, na verdade eu não disse para você procurar um profissional, mas apenas que o Ignácio pode te ensinar alguns truques para driblar essa ansiedade que você sente para sair de casa. – A Abigail explicou.
- Isso é um efeito esperado, Cassandra. Você foi agredida, se sente insegura. Talvez eu possa te dar umas dicas. Mas se você preferir um profissional, eu posso indicar alguém. – Eu a encarei.
- E não pode ser você? – Ela me perguntou e eu sorri.
- Nossa, já está anoitecendo! – Ela se deu conta ao olhar em direção à vidraça na parede oposta a qual nos sentamos. – Acho que eu te ocupei demais, Ignácio.
- Não, você não me ocupou. Eu estou tendo um tempo muito agradável com uma nova amiga. – Eu sorri para ela.
- Será que o meu pai já voltou para me buscar? – Ela se agitou um pouco.
- Bom, se o meu tempo acabou, vou levá-la de volta. – Eu coloquei a minha mão sobre a dela, que agora parecia mais quente que quando me cumprimentou.
Eu fui até o caixa e paguei o café, depois voltei à mesa e ofereci o meu braço a Cassandra mais uma vez. Nós voltamos para a construtora e o caminho de volta foi bem menos tenso para ela, ainda estávamos conversando e ela sorria como se nem estivesse preocupada.
Quando chegamos a construtora, o pai dela estava lá conversando com o Martim, que me apresentou e o senhor estreitou os olhos, olhando entre a filha e eu. Nós conversamos por alguns minutos antes que eles se despedissem.
- Cassandra, foi um prazer. – Eu tirei um cartão do bolso do meu paletó, rabisquei o meu telefone pessoal e coloquei em sua mão. – Me ligue quando quiser um braço para apoiá-la ou mesmos e quiser apenas conversar. Quando quiser, na hora em que quiser. Será um prazer vê-la outra vez.
Ela segurou o cartão e me olhou com aquele grande sorriso e os olhos avelã brilhantes que tanto me impressionaram, era quase como se ela garantisse que me ligaria e à partir daquele minuto quem se sentiu levemente ansioso fui eu.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Contrato para o caos: amor à primeira briga
Quero ler capítulos 320...