“Abigail Zapata Monterrey”
Achei muito estranho o Antônio marcar essa reunião emergencial no apartamento da Magda às sete da manhã. Era muito cedo e ele parecia muito nervoso. Eu estava em alerta, preocupada demais com o que estava acontecendo. Mas quando chegamos ao apartamento da Magda, o cheiro de café e torradas invadiu o meu nariz e a minha barriga roncou. Ela tinha preparado uma mesa de café da manhã muito organizada, com o serviço à americana, já que a mesa não comportava a todos nós. De fato, a Magda sabia receber.
- Mag, uma das coisas que eu mais sinto saudade dos nossos dias na casa da Abi e do Martim são das suas torradas. – O Maximilian entrou todo animado cheirando o ar.
- Ah, que bom, porque eu fiz torradas para alimentar um batalhão. – A Magda brincou com ele.
- Mozão arrasa nas torradas. – O Tomás jogou um beijo para ela.
- Eu estou curiosa, Magda. Você sempre chamou o meu pai de Zapata, nem era o nome dele, era o sobrenome, e ele te chamava de Magda, assim, formal. Mas o Tomás te chama de “mozão”. Qual o apelidinho fofo que você deu para o Tomás? Porque eu acho os tempos de moleque abusado ficaram pra trás não é? – Eu a provoquei e a vi ficar sem graça.
- Eu o chamo de Tom, Abigail. – Ela falou com firmeza, mas eu sabia que ela estava escondendo o jogo e eu teria que descobrir, porque fiquei muito curiosa.
Mas deixei o assunto de lado por um tempo porque o Antônio havia chegado e com todos os irmãos do Martim ali reunidos, além do Emiliano e do Mário, a reunião poderia começar logo, porque parecia urgente. A Magda serviu o Tony, percebendo que ele chegou nervoso e se sentou logo, cumprimentando a todos com um bom dia geral.
- Tony, o que está havendo? – Eu coloquei a mão em seu braço.
- Querida, os problemas estão começando a estourar. – O Antônio me observou.
- O que isso significa? – Eu insisti.
- Para começo de conversa que a Magda não pode ir trabalhar hoje. O Ulisses me ligou ontem à noite, como quem não quer nada, usando como desculpa que queria avisar que ainda não sabia nada do pai do Enrico. – O Antônio bufou. – Ele estava sondando, está esperando para dar o bote na Magda eu tenho certeza e não estou gostando.
- O que isso quer dizer Antônio? – A Magda se sentou, o sorriso tinha desaparecido do seu rosto quando o Antônio começou a falar.
- Quer dizer, Magda, que ele pode estar preparando alguma cilada para você. Então, ele não pode te ver de jeito nenhum. – O Antônio a encarou com gravidade. – Eu disse que você foi com a minha esposa para um SPA, porque andava muito estressada, por causa desse assunto do pai do Enrico. E eu também disse que te chamei porque queria sua ajuda para dispensar uns funcionários da mansão.
- Até aí, tudo bem, Antônio, o que exatamente te preocupa? – O Martim se adiantou.
- Nós entramos no assunto da mansão e eu disse que provavelmente a Abigail a venda, por isso demiti os funcionários. E ele está interessado na mansão e eu disse que falaria com você, Abi. Mas ele disse que vai passar pela construtora hoje para tomar um café com você. Aí eu joguei confete e disse que você ficaria encantada. Mas eu não gosto que ele esteja tão perto de você, filha. Nem de você, Magda. – O Antônio revelou.
- Olha o poder que essa criança já tem, fazendo todos nós rirmos num momento cheio de tensão e nervosismo. – O Ignácio comentou e sorriu para mim, me enchendo de esperança.
- Bom, então é isso, nós vamos receber o Ulisses como se nada tivesse acontecido. – Eu concluí e então me lembrei de uma coisa. – Magda, o Enrico nunca gostou do Ulisses, eu até lembro que no dia que o meu pai morreu o Ulisses esteve lá na mansão e o Enrico torceu o nariz e saiu de casa reclamando que não entendia o que ele tinha ido fazer lá. Por que o Enrico não gosta dele, Magda?
- Eu não sei, Abigail. Ele nunca falou, sempre odiou o Ulisses, mas nunca disse o motivo, então eu imaginei que fosse só pirraça de criança. – A Magda deu de ombros.
- Tipo nós duas. – Eu ri e ela concordou.
- O que o Ulisses foi fazer na mansão no dia em que o Zapata morreu? – O Tony nos olhou de uma forma que parecia ser algo importante.
- Não sei, Antônio. Ele e o Zapata tinham se encontrado numa daquelas que o Zapata adorava, isso foi um mês antes, depois disso o Zapata resmungou algumas vezes sobre o Ulisses estar insistindo em retomar a amizade e propondo um péssimo negócio. Eles se encontraram algumas vezes em outros lugares, mas no dia que o Zapata morreu, o Ulisses apareceu na mansão de surpresa, eles se trancaram no escritório por mais de uma hora e quando o Ulisses saiu o Zapata estava muito nervoso. – A Magda contou e o Antônio apenas ouviu, sem fazer nenhum comentário.
- Magda, você se esconde até que eu diga que é seguro voltar a trabalhar. Martim, você não deixa a Abigail sozinha com esse sujeito. Mas não deixem ele perceber nada. Eu tenho que ir. Todos vocês, se mantenham seguros, nós ainda não encontramos o Maurice e a polícia ainda está checando as informações que o Jorge passou. – O Antônio nos avisou e saiu apressado, algo o havia perturbado, o que era ele não compartilhou.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Contrato para o caos: amor à primeira briga
Quero ler capítulos 320...