Entrar Via

Contrato para o caos: amor à primeira briga romance Capítulo 278

“Antônio Guerreiro”

No dia em que o Jorge chegou à construtora eu não tinha pensado na possibilidade de que o figurão que ele contou que o Ulisses matou pudesse ser o Zapata, mas depois de saber que o Ulisses esteve com o Zapata no dia em que ele morreu, eu estava mais do que preocupado.

Mas eu guardei os documentos no cofre da minha casa por segurança e eu não os havia lido ainda, apenas fiz uma cópia e entreguei para o promotor e o delegado. Então, quando eu saí da casa da Magda eu fui até o Nikos e nós conversamos longamente e traçamos uma estratégia, o Nikos tinha um local seguro para mim e eu precisava ir pra casa buscar os documentos. Eu peguei um vôo noturno de volta para casa e cheguei de madrugada.

- Antônio, querido, você voltou mais cedo. – A Celina me recebeu na porta.

- Ah, querida, foi necessário. – Eu dei um beijo em minha esposa. – Vou me trancar no escritório, Celina, e não posso ser interrompido.

Eu marchei em direção ao escritório e me tranquei lá, eu tinha um bunker ali, um lugar secreto, escondido atrás de uma das estantes. Eu abri as portas e entrei, fui até o cofre e tirei os documentos de lá e comecei a procurar. Era o último documento da pasta, um comprovante de transferência bancária e um pen drive preso a ele. O nome impresso no comprovante era familiar, mas eu não me lembrava quem era. Eu coloquei o pen drive no computador e examinei os arquivos.

Havia os áudios de mensagens trocadas entre o Ulisses e uma mulher e, conforme ele citou o seu nome, eu pude saber que era a mesma cujo nome apareceu no comprovante de depósito. Na conversa ele perguntava quando ela iria até a casa fazer o serviço e ela confirmava que iria no mesmo dia. Então ele confirmou que bastava que ela colocasse o veneno na bebida do homem e a ouvinte concordou.

No áudio seguinte a mulher confirmava que o serviço havia sido feito e que havia enviado o vídeo do momento para ele, mas que havia um problema, ela havia escutado o homem contar a esposa que tinha gravado toda a conversa que teve com o Ulisses naquele dia, mas ela não conseguiu descobrir nem como e nem onde estava gravada essa conversa.

Então eu abri um vídeo. A medida que ele foi se desenrolando diante dos meus olhos eu pude ver o momento em que alguma coisa foi colocada em um copo de suco verde na cozinha e o vídeo encerrou. Eu abri o outro vídeo e a imagem focalizou o Zapata, ele pegou um copo de suco verde, que parecia ser, ou melhor, só podia ser, o mesmo onde havia sido virado o que eu supunha ser o veneno e bebeu. Eu abri um terceiro vídeo e esse mostrava o Zapata, já sentindo as dores no peito e a Magda desesperada gritando por ajuda. Mas o Zapata não teve chance, ele caiu morto quase que imediatamente.

Eu estava com raiva, muita raiva! O Zapata não era uma pessoa muito fácil, mas ele era meu amigo e ele tinha sido assassinado. Como são as coisas, todos nós ficamos chocados com o fato do Zapata ter tido um enfarte, ele se cuidava, cuidava da saúde, mas nós consideramos que aconteceu, como acontece com tantos, inclusive com atletas. E o médico nos assegurou que foi exatamente o que havia acontecido, um ataque cardíaco fulminante.

Se eu tivesse ouvido a Abigail. Quando o pai morreu ela ficou abalada e culpou a Magda de ter matado o pai. Claro que eu sabia que a Magda jamais faria isso. Mas a Abigail pediu uma autópsia, porém o médico descartou essa necessidade, disse que tinha sido uma morte súbita. Ele era o médico de confiança do Zapata, como eu duvidaria disso? Nem a Abigail duvidou mais. Nós nos acalmamos e aceitamos o ataque cardíaco. Mas agora, nada era o que pensamos e eu estava desconfiado que o médico poderia ter agido para proteger o Ulisses.

Eu guardei tudo de volta no cofre, o Jorge tinha razão, o que tinha ali era suficiente para que ninguém mais protegesse o Ulisses. Eu saí do bunker, o dia já havia amanhecido, então eu liguei para a Magda primeiro, eu não contaria nada ainda, esse era o tipo de notícia que não se dava por telefone, mas eu precisava saber quem era a mulher que colocou o veneno na bebida.

- Oi, Antônio, ficamos preocupados, você saiu tão abruptamente essa manhã. – A Magda falou assim que atendeu.

- Ainda não, Antônio. Está tudo bem? O que está acontecendo? – O Martim se preocupou imediatamente.

- Martim, eu volto amanhã e então eu conto, mas, por favor, apenas mantenha a Abigail em segurança e não a deixe beber ou comer nada que o Ulisses ofereça. – Eu o alertei.

- Claro, Antônio, eu estou de olho. Mas você está bem? – O Martim teve a delicadeza de perguntar.

- Estou, só muito preocupado. Mas eu volto amanhã. – Eu me despedi e saí do escritório em busca da Celina. – Querida, quero falar com você!

- Sim, Tony, o que houve? – Ela me encarou.

- Preciso que você faça as malas agora e vá para a Europa, vá visitar suas primas e em hipótese alguma atenda qualquer ligação do Ulisses Vasconcelos. – Eu orientei e a Celina aquiesceu. Nós estávamos casados há muito tempo, ela sabia que quando eu a mandava visitar as primas na Europa era porque havia algum perigo por perto, então ela não discutiu. Fez as malas, mas só conseguiu embarcar na tarde do dia seguinte. Eu peguei os documentos, fiz uma mala maior e peguei um vôo de volta para ficar perto da Abigail, mas eu só a veria na manhã seguinte.

Histórico de leitura

No history.

Comentários

Os comentários dos leitores sobre o romance: Contrato para o caos: amor à primeira briga