“Emiliano Quintana”
Eu estava de pé na sala de estar da casa da minha mãe, eu precisava de conselhos e ela sempre foi a minha melhor conselheira. O que aconteceu no casamento do Martim e da Abigail no dia anterior havia me estressado por completo.
- Emiliano, meu filho, que bom que você veio tomar o café da manhã comigo! – Minha mãe desceu as escadas e veio em minha direção já de braços abertos.
- Mãe, bom dia! – Eu a abracei e lhe dei um beijo no rosto.
- Vem, vamos nos sentar. – Ela saiu me puxando até a sala de jantar onde a mesa já estava posta. – Que papelão da sua noiva ontem, hein?!
Claro que a minha mãe tocaria no assunto, a Camila e ela não eram muito próximas. Para falar bem a verdade, a minha mãe não era nem um pouco fã da Camila.
- Mãe, não foi ela, foi a prima. A Camila ficou coberta de tinta. – Eu não consegui esconder o riso.
- Aquilo foi bem feito pra ela! Mas eu estou falando do quanto ela provoca a Abigail, Emiliano. Ou você não percebe? Não vê que ela vive implicando com a Abi? – Minha mãe não estava contando nenhuma novidade. Eu percebia e não gostava.
- Mãe, a Camila morre de ciúmes da Abi, ela não entende que nós somos como irmãos e fica com ciúmes. – Era só por isso que eu fazia de conta que não percebia as alfinetadas que a Camila e a Abigail trocavam.
- Quem me dera você e a Abigail tivessem se apaixonado. Aquela moça sim é uma boa moça. Mas eu fico feliz pelo Martim, ele é um bom moço e merecia alguém como a Abi, principalmente depois de tudo o que ele passou. Eu tenho certeza que os dois vão ser muito felizes. – Minha mãe tinha razão. O Martim merecia alguém incrível como a Abi e a Abi merecia um bom sujeito como o Martim.
- Eu concordo com você, mãe! – Eu tomei o café que ela me serviu e pensei em como abordar o tema, mas não adiantava, minha mãe leria os meus pensamentos antes que eu começasse a falar.
- O que está acontecendo, meu filho? Eu tenho notado você um tanto agitado desde que pediu aquela moça em casamento. – E aí estava a grande capacidade de uma mãe, saber quando o seu filho precisa de ajuda.
- Ah, mãe, é que tem acontecido umas coisas que estão me deixando meio inquieto.
- Quer me contar?
- A Camila. Ela está mudando, está mais exigente, mais mimada, mais difícil. Reclama de tudo o tempo todo, faz milhões de exigências. E o quanto ela defende a prima me incomoda, porque a Letícia está passando de todos os limites e a Camila ainda a defende. – Enquanto eu falava, minha mãe ouvia como se eu não estivesse contando nenhuma novidade.
- Emiliano, você está vendo a verdadeira Camila. E vou te dizer, se agora está assim, depois que vocês se casarem ela vai ficar ainda pior. E eu não me surpreenderia se ela levasse a prima para morar com vocês. Coisa mais esquisita esse apego dela com a prima, juro que não entendo, tem que andar grudada, levar a prima em qualquer lugar que vá. E a prima é uma pessoa intragável! – Minha mãe me fez rir.
- É, a Letícia não é a pessoa mais agradável do mundo mesmo não. – Eu concordei. – O que eu faço, mãe? Eu estava tão apaixonado, mas agora eu tenho percebido os defeitos da Camila e isso está me incomodando.
- O que aconteceu ontem? O que ela te disse? – Minha mãe geralmente não se metia nos meus relacionamentos e nem queria saber nada, mas eu estava ali pedindo conselhos, era justo que ela soubesse.
- Esse é um bom conselho. – Eu sorri. Ela estava certa, uma conversa franca e com calma talvez me desse a clareza de que eu precisava.
- Ah, as mães sempre dão bons conselhos! – Ela sorriu e eu me levantei e dei um beijo em sua testa.
- Eu vou fazer isso mãe. Vou conversar com ela. Eu espero que ela não estivesse ajudando a prima, porque se eu descobrir que ela estava participando daquela armação do balde de tinta, eu não vou perdoá-la. Aquilo foi maldoso demais. – Eu concluí e saí da casa da minha mãe.
Quando saí da casa da minha mãe eu liguei para a Camila.
- Até que enfim você me ligou, Emiliano! Depois de me deixar sozinha e cheia de tinta. – A Camila atendeu com a voz beligerante.
- Camila, não começa. Eu estou indo ao seu apartamento, nós precisamos conversar muito seriamente, essa conversa vai definir o nosso futuro. – Eu deixei clara a situação, queria que ela pensasse até eu chegar.
- O que você quer dizer com isso? – Ela não era boba para me perguntar isso.
- Exatamente o que você entendeu. E eu espero que a sua prima não esteja aí, porque eu quero falar só com você! – Desliguei o telefone e fui em direção ao meu carro. Não pude deixar de pensar no quanto as coisas haviam mudado depois daquela viagem ao litoral.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Contrato para o caos: amor à primeira briga
Quero ler capítulos 320...