Cerca de uma hora e meia depois, eles foram chamados para a coleta de sangue, que foi rápida. Clara já os aguardava com tudo pronto e a senhora Miller auxiliou com a documentação necessária. Amber, mesmo confusa, não apresentou resistência. Damian permaneceu ao lado dela o tempo todo, em silêncio. Havia algo quebrado nos olhos da mãe, uma ausência que doía mais que mil palavras.
Depois, voltaram direto para o apartamento. Damian quase não falou. Quando chegaram, foi direto para o quarto, tirou a camisa e deitou na cama. Lauren entendeu — ele precisava de um tempo.
Horas se passaram. Já estava escuro quando Damian acordou. O quarto permanecia em penumbra, com a cortina entreaberta deixando escapar um traço de luz da cidade. Ele virou-se de lado e ficou encarando o teto.
Como sua mãe foi parar ali? Como alguém da família Lancaster — a esposa do único filho de Elliot Lancaster, mãe de um herdeiro legítimo — acabou como uma anônima num asilo em Charlotte? E mais importante: como ninguém o avisou?
Damian apertou os dentes. Ele havia contratado detetives. Mandado fazer buscas. Tardias, sim, ele admitia. Quando Amber sumiu, ele era apenas uma criança. E por muito tempo, acreditou na história de que a mãe havia morrido em um acidente, que o corpo nunca foi encontrado. Só mais tarde, quando começou a questionar, veio a inquietação. O incômodo. E então, a busca.
Mas mesmo com os recursos dele, nunca apareceu nada. Nenhuma pista. Nenhum rastro. Só o silêncio. Agora, ele sabia. Sabia que ela nunca esteve morta. E que alguém havia se beneficiado com o desaparecimento dela.
Georgia? Aquela mulher era calculista demais para estar fora disso. Sempre esteve por perto, sempre teve interesse demais em Rodney, na fortuna de Elliot, e sempre odiou Amber.
Rodney? O próprio pai? Damian respirou fundo, sentindo a pressão latejando na testa. Tudo era possível. Ele não confiava em nenhum dos dois.
Amanhã, ele daria início a uma nova investigação. Sem pressa, mas sem descanso. Não deixaria pedra sobre pedra. E quando descobrisse quem foi o responsável, não haveria piedade.
Ele sentou-se na cama, passou as mãos no rosto e ouviu os passos suaves de Lauren pela casa. Ela respeitava o espaço dele. Mas ele sabia que não estava sozinho.
Na manhã seguinte, como Loui prometera, tudo estava pronto. Documentos atualizados, autorização médica, nova identidade. Loui era eficiente — e, quando movido a dinheiro e senso de urgência, ainda mais. Mesmo num fim de semana, ele havia resolvido tudo. O nome Lancaster, afinal, ainda abria muitas portas.
Amber foi levada com eles em um jatinho particular. Antes de sair do hospital, Damian e Lauren conversaram com ela e, então, ela precisou ser sedada. Clara explicou que era por precaução: mudanças bruscas de ambiente poderiam provocar confusão ou surtos — não que ela muito provavelmente não teria isso em Atlanta, mas seria perigoso demais dentro de um avião no ar. Damian concordou. Só queria que ela estivesse segura.
Durante o voo, ele permaneceu ao lado da mãe. Lauren sentou-se mais à frente, respeitando aquele momento silencioso entre mãe e filho. Quando aterrissaram, Lauren olhou para Damian.
— Ela vai ficar com você?
— No meu apartamento. — Respondeu ele, firme. — Por enquanto. Depois, vou conversar com meu avô. Acredito que ele possa providenciar um lugar mais confortável, um quarto na mansão. Antes, ela ficava na mansão em Charlotte. Então, está acostumada a vê-lo pela casa. Pode ajudá-la a lembrar… ou ao menos se sentir mais em casa.
Lauren assentiu. A ideia fazia sentido. E Damian estava visivelmente mais calmo, ainda que um pouco distante. Damian passaria a noite com a mãe. Ele já tinha contratado duas enfermeiras.
Na manhã seguinte, tudo parecia ter voltado ao normal. Lauren levou Oliver para a escola enquanto Damian precisou ir até a Lancaster & Co. resolver uma crise com um fornecedor internacional.
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