Lá dentro, o aroma suave de chá verde com flores e o cheiro sutil de mochi recém-feito pareciam abraçar quem entrava. Os móveis eram baixos, de madeira clara, com almofadas finas nas cadeiras, e algumas mesas tradicionais no estilo japonês, onde se sentava ao chão. O som ambiente era leve, apenas um koto tocando ao fundo, e as paredes tinham quadros delicados pintados à mão, retratando tigres, flores e cenas do interior do Japão.
Era impossível não se sentir transportado para um outro tempo, uma outra vida. E foi isso que atingiu Damian como um soco no estômago.
Ele se lembrou das tardes em que vinha ali com sua mãe, e do jeito como ela sorria ao pedir um dorayaki para ele e um chawanmushi para o avô. Ali, ele não precisava fingir ser alguém que não era. Podia ser apenas um menino com a mãe e o avô, sentado no canto favorito deles — aquele, perto da janela, com vista para o pequeno jardim de pedras.
Ao pensar em confortar alguém, imediatamente Damian lembrou daquele lugar. Rodney não era um pai presente, e Amber — era como eles a chamavam, mas o nome dela era Kohaku Ayoama — morava ali antes de conhecer aquele homem. Ela foi expulsa de casa por se associar com alguém que os pais não aprovavam. No fim, Rodney se provou um péssimo marido e pai.
Agora, ele estava li com Oliver e René e, por algum motivo, parecia certo. Ele queria ter levado Lauren, ali, antes mesmo da separação, mas sempre acaba não conseguindo e também, ele relutava em dar a ela aquela abertura. Damian se arrependeu imensamente por ter perdido a oportunidade.
— Wow, que lugar bonito! — Oliver comentou baixo, pois a garganta dele ainda doía.
— Realmente, é muito bonito. Eu costumava vir aqui com a minha mãe. E sabe, eles tem um chá que eu acho que vai te ajudar! — Damian falou e Oliver sorriu para ele, comemorando. — Vamos sentar?
Ele observou René e como ela parecia estranha. Ele não conseguia ler a expressão no rosto dela, se ela tinha ou não gostado do lugar. Porém, ela ao menos fingiu um sorriso e foi com eles para uma mesa. Não demorou até uma senhora atendê-los.
— Damian! — a mulher de olhos puxados falou, claramente contente de ver o homem. — Achei que tinha esquecido que eu existia, garoto travesso!
Misaki Tachibana era uma mulher de aproximadamente sessenta anos. Ela trabalhava naquele restaurante há pelo menos trinta anos. O negócio era de uma tia e, no fim, ela acabou herdando, sendo agora a dona. Ela conheceu Damian ainda pequeno e, para ela, o rosto do garoto era inconfundível, ainda que com o passar dos anos, o brilho dele tenha diminuído bastante. Era como se Damian estivesse se apagando. Bom, não naquele momento, pois ela via uma velha chama nos olhos dele.
“Como quando ele era casado!”, Misaki suspirou internamente. Damian foi ali após se divorciar, procurando a ex-mulher pelo país. Ele chegou a desabafar com Misaki enquanto bebia saquê e ela o ouviu atentamente. “A razão dessa nova felicidade deve ser essa mulher e esse menino. Mas… esse garoto é a cara dele quando era pequeno! Será essa a ex-mulher?”
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