Ao entrarem em um dos corredores, Lauren sentiu um frio na espinha. Ela soube que a mulher decaiu muito em saúde, e isso a preocupou. A culpa só aumentou quando viu que a mulher, agora com os cabelos cheios de fios brancos, parecia ter envelhecido terrivelmente. Ela era asiática, e algumas linhas finas já se mostravam em seu rosto levemente arredondado.
— Jane? — a enfermeira recepcionista chamou e a mulher que era chamada de “Jane Doe” por não saberem seu nome, virou-se e, quando seus olhos recaíram sobre Lauren, eles se arregalaram em surpresa e, a ex-ruiva notou, felicidade. — Veja só quem veio te visitar! Lembra dela?
Os lábios de Jane tremeram e ela estendeu a mão. A enfermeira mais velha saiu, deixando Lauren sozinha com a mulher sem memória.
— Quanto tempo, senhora Doe. — Lauren disse e aproximou-se da cama. Ela não gostava de chamar a mulher daquele jeito, mas não havia outro nome e Jane Doe já tinha se acostumado.
— L-Lauren. — Ela pronunciou lentamente, com dificuldades para falar. As mãos dela estavam cheias de veias enrugadas. Segundo os médicos, a mulher devia ter em torno de cinquenta e cinco anos, por aí. E, nos quase dez anos desde que Lauren a tinha visto pela primeira vez, a mulher estava mais do que envelhecida. Triste. Os últimos cinco anos a derrubaram.
— Perdão por não ter vindo antes. — Ela falou e Jane balançou a cabeça. — Eu estava cuidando do meu filho. A senhora lembra que eu lhe disse que estava grávida?
Ela tinha visitado a mulher, depois de descobrir a gestação e, quando falaram por telefone — ou melhor, quando Lauren falou e a mulher quase apenas ouviu —, Lauren voltou a lembrá-la desse fato.
Buscando o celular na bolsa, Lauren procurou por uma foto e, ao virá-la para a mulher, que parecia tão serena e contente, viu algo mudando no olhar da mulher, o sorriso dela murchando. Com as mãos trêmulas, Jane Doe pegou o aparelho e o aproximou do rosto, a respiração ficando entre cortada.
— Ele é lindo, não é? — Lauren perguntou. — Ele é a cara do pai dele. Só podia ser bonito assim… E ele tem olhos como os seus.
Só então Lauren se deu conta de que a mulher ali tinha os olhos parecidos com os de Damian, porém, mais doces. E não era por serem olhos um pouco mais puxados nos cantos, mas realmente eram parecidos. No entanto, Damian tinha algo mais afiado, mais frio, enquanto Jane era mais doce.
Os olhos de Damian em nada se pareciam com os de Rodney que, francamente, Lauren tinha visto tão pouco e prestado tão pouca atenção que nem poderia afirmar se tinha algo de parecido.
— Da…. Da… — a mulher disse e quando Lauren tentou pegar o telefone, com medo que a mulher o deixasse cair e talvez até se machucasse, a mão enrugada segurou o pulso dela. Havia um toque de medo, de espanto, ali. — M-meu…. Da…
Lauren não estava compreendendo.
— Senhora Doe, por que não me dá o aparelho e eu vou guardá-lo? — Ainda que não entendesse o motivo exato, Lauren podia ver que a mulher não estava bem. Esta sacudiu a cabeça de um lado para o outro.
— Não! M-meu…! — o aparelho agora estava grudado à camisola da mulher, que o abraçava como se sua vida dependesse daquilo. — D-Da…
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