O barulho insistente da campainha ecoou pelo apartamento.
Helena estava prestes a sair para mais um dia de trabalho quando abriu a porta… e ali estava ela. Isadora. Com os cabelos impecavelmente arrumados, maquiagem sutil e uma expressão cuidadosamente montada entre arrependimento e vulnerabilidade.
Helena não disse nada. Apenas cruzou os braços e a observou.
— Posso entrar? — a irmã perguntou, a voz mais doce do que de costume.
Helena deu um passo para o lado, apenas para não fazer escândalo no corredor. Isadora entrou como quem pisa em solo desconhecido.
— Eu vi seu vídeo. — começou, sentando-se sem ser convidada. — Você está… diferente.
Helena manteve-se de pé, encarando-a.
— E você está fingindo mal. Vamos pular as formalidades?
Isadora franziu a testa, mas forçou um sorriso.
— Eu vim aqui porque acho que a gente pode resolver as coisas. Somos irmãs, Helena. Você não acha que já passou tempo demais?
Helena arqueou a sobrancelha.
— Tempo demais pra quê? Pra que você me traísse de novo? Ou pra que eu fingisse que nada aconteceu?
— Eu errei. Eu sei disso. Mas Gabriel me ama. E eu… me apaixonei por ele.
— Você se apaixonou pelo que era meu. — Helena disse, firme. — Como sempre fez.
Isadora respirou fundo, fingindo conter as lágrimas.
— Eu só queria um pouco do que você sempre teve: a atenção, o amor dos nossos pais, o respeito de todos. Você era perfeita. Eu… só queria existir.
— E por isso destruiu tudo que eu era? — a voz de Helena não tremia. Era serena, mas cortante. — Você não queria existir. Queria me apagar.
Silêncio.
Minutos depois, já a caminho do trabalho, Helena ligou para Júlia.
— Ela veio até aqui. Tentou se fazer de vítima.
— E você chutou com classe?
— Com salto alto e sorriso no rosto.
— Estou orgulhosa! — Júlia riu. — E agora?
— Agora? Agora é hora de mostrar que a minha ascensão está só começando.
Helena desligou, sentindo a adrenalina ainda pulsar. A porta para o passado estava se fechando — mas a que dava para o futuro… estava escancarada.
E ela estava pronta para atravessar.

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