Helena mal havia se recuperado do confronto com o pai quando recebeu a mensagem de Júlia:
“Você precisa vir até aqui. Agora. Tem algo que encontrei... sobre a Isadora.”
Minutos depois, as duas estavam sentadas no café onde costumavam se encontrar. Júlia parecia inquieta, os olhos varrendo o lugar como se esperasse que alguém as estivesse ouvindo.
— Achei isso por acaso — disse, entregando a Helena uma pasta com documentos amarelados. — Um conhecido meu trabalha no cartório antigo onde os registros foram digitalizados. Lembra quando você dizia que sempre achou estranho o processo de adoção da Isadora?
Helena assentiu, o coração acelerando.
— Pois bem. Ela nunca foi adotada oficialmente. Não há registro. Nada legalizado. Mas aí encontramos isso — apontou para um dos papéis. — A certidão de nascimento original. E, Helena… o nome do pai é Carlos Augusto Ferraz.
Helena puxou o documento, sentindo as mãos tremerem. Leu e releu, como se o nome fosse uma miragem.
— Isso não faz sentido. Minha mãe… minha mãe dizia que Isadora era filha de uma amiga dela que morreu no parto. Ela sempre contou essa história. Sempre.
— E mentiu. Ou… foi obrigada a mentir.
Helena se recostou, atordoada. Aos poucos, as peças começavam a se encaixar. O carinho desproporcional. O silêncio da mãe. A frieza do pai. Os privilégios de Isadora.
— Meu Deus… — sussurrou. — Ele traiu minha mãe. E a fez criar o fruto da traição como se fosse uma órfã qualquer…
— Não só isso. Ele transformou você na sombra da própria casa, para proteger a imagem da “filha ilegítima” — completou Júlia. — Tudo foi arquitetado para manter as aparências. A sua dor… era o preço do segredo dele.
Helena cerrou os punhos. Pela primeira vez, a raiva que sentia tinha nome, forma, origem. Não era só sobre a traição de Gabriel. Era sobre toda uma vida construída sobre mentiras.
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