Helena estacionou o carro em frente à antiga casa dos pais com o coração em disparada. O bairro parecia menor do que lembrava. As árvores, mais secas. A fachada da casa, menos imponente. Mas o peso que ela sentia... era o mesmo de sempre.
Bateu à porta com firmeza.
Quem atendeu foi Dona Tereza, a mãe que um dia foi sua segurança e agora era um ponto de interrogação em sua história.
— Helena? — a mulher murmurou, surpresa. — Você está bem?
— Preciso conversar com você. Sozinha — Helena respondeu, com os olhos fixos nos da mãe. — Agora.
Dona Tereza hesitou por um segundo antes de dar passagem.
Na sala, o silêncio era tão denso quanto a poeira que cobria as prateleiras. Helena não se sentou. Abriu a pasta e retirou o documento com mãos firmes.
— Por quanto tempo você achou que poderia esconder isso?
Dona Tereza franziu o cenho ao ver a certidão de nascimento. E, aos poucos, sua expressão desabou. Ela se sentou, pálida.
— Eu… eu achei que era o melhor. Que vocês seriam irmãs de verdade. Que ela teria uma família.
— E eu? — a voz de Helena tremeu. — Eu teria o quê? Silêncio? Desprezo? Rejeição em minha própria casa?
— Você não entende… Eu estava destruída, Helena. Eu descobri a traição e, pouco tempo depois, ele apareceu com aquele bebê nos braços. Disse que se eu não aceitasse, ele sumiria com a criança. Que precisava redimir-se. E que seria "só uma adoção". Disse que ninguém jamais saberia.
— Mas você sabia! — ela gritou, ferida. — Você olhou nos meus olhos todos esses anos e deixou que eu acreditasse que o problema era eu. Que eu era menos, que eu não era boa o suficiente, enquanto Isadora era a perfeição ambulante!
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