Em seu lugar 31- O beijo

Eu fico de joelhos e o encaro bem nos olhos, com as pernas moles, meu coração a mil. Pegando a cabeça dele com as duas mãos, eu tomo os lábios dele e o beijo pra valer, num beijo quente e urgente. Minha língua tremulando na sua. Said geme de prazer. Então desço seu pescoço e provo sua pele com a qual eu só pude sonhar durante muito tempo. Escorregando os lábios por seus músculos que se contraem. Sua respiração é rápida e ele geme quando passo minha língua e meus lábios nos planos deliciosos de seu tórax. Provo cada centímetro de sua pele... seus mamilos, seu abdome cheiroso. Ele fecha os olhos e puxa minha cabeça até seu ombro, expirando trêmulo. Sinto-o balançar a cabeça como se tentasse tirar alguma imagem minha, tentando se acalmar. Ele beija meu cabelo, e ficamos abraçados em silêncio.
Ergo minha cabeça e olho para os seus olhos que me fitam também. Eles ardem nos meus. Ele geme de dor quando me puxa para ele novamente. Sua boca toma a minha. Ele morde meu lábio inferior vagarosamente, me fazendo vibrar. A língua dele invade a minha boca, me fazendo me aprofundar mais no beijo, passando minhas mãos pelos cabelos dele. Me afasto para agora mordiscar cada cantinho de seu rosto.
Quando termino, ele me olha sério, ofegante, como se tivesse corrido, eu não preciso olhar para ver sua ereção.
— Vou trazer seu almoço.
Caminho no corredor com o coração acelerado, e rio comigo mesma. Ainda me lembrando da expressão de perplexidade dele.
Entro na cozinha e logo vejo Zafira. Ela se aproxima de mim:
—E Said?
—Está ótimo. Ele só precisa ficar deitado para se recuperar.
—Você fala como se entendesse do assunto.
—Eu entendo, pois eu sou enfermeira em Londres.
Zafira me encara surpresa.
— Londres? Inglaterra?
—Sim, Londres, Inglaterra. Por isso, pode ter certeza que farei bem o meu trabalho.
—Allah! Eu não entendo mais nada! Essa casa está de pernas para o ar.
Eu dou uma risada vendo o jeito dela, andar para fora da cozinha falando sozinha. Vou até o fogão e o ligo. Esquento o ensopado de Said e o ajeito em uma bandeja com um copo de suco de uva.
Caminho devagar equilibrando a bandeja. Quando alcanço o quarto, vejo Said fitando o teto.
— Seu almoço! —Digo jovial.
Ele se vira para mim de mau humor.
— Onde você aprendeu a beijar daquele jeito?
— Já tive namorado, mas quando te beijei, foi por instinto.
Ele me encara por um tempo, como se estivesse pensando muito para me perguntar alguma coisa.
Said
— Você é virgem?
— Não. — Ela me diz sem desviar os olhos de mim. Sinto como se ela dissesse: “É assim e acabou.” Ela coloca a bandeja na cama e ergue o queixo e segura meu olhar nos seu. — Tive uma pessoa. Não deu certo.
Ela não ser virgem é totalmente contra meus princípios, eu serei o segundo e isso acaba comigo. Encaro o teto tentando acalmar minha respiração e as batidas dolorosas no meu coração.
E aí? Você consegue ficar longe dela?
Eu a amo. E sei que é além da atração física e isso é algo extraordinariamente forte. E se revolve dentro de mim sem qualquer tipo de controle.
—Melhor desistirmos. Vou entender se não quiser mais nada comigo.
Eu a encaro ofegante.
—Então você mentiu naquele dia quando eu te perguntei se era virgem?
— Sim, pois eu estava no papel da minha irmã. E eu sei que ela é.
Aperto meus lábios.
— Entendo!
Eu a olho agora, estranhando a intensidade de meus sentimentos e de meu total descontrole sobre o meu coração.
Allah! Será que eu amo por ela ser totalmente diferente de tudo que eu imaginei? Ela quebrou meus paradigmas?
afasto esses pensamentos e com muita dificuldade me ajeito melhor nos travesseiros.
Maysa
gostou de saber que eu não sou virgem. Está na cara dele isso.
Um dia tinha entreguei meu coração a um jovem médico, mas logo veio a decepção: ele me queria apenas para curtir o momento. Eu era muito jovem também e na época achei que estava apaixonada. Sofri por isso, eu queria me entregar para uma pessoa que eu me casaria. Eu também tinha essa neura de me entregar para o homem que eu me casaria.
Allah! Se eu comparar o que sinto por Said e por aquele jovem, percebo o quanto eu estava redondamente enganada com relação aos meus sentimentos.
Eu estava carente, isso sim!
Hoje eu dou graças a Allah por não ter me casado com ele.
Eu dou a comida na boca de Said, pois ele está com dificuldade em erguer os braços. O acidente é muito recente, amanhã ou depois ele estará
Said come a comida à quilômetros de distância dali, é nítido que está abalado com a nossa conversa.
Quando ele finaliza, eu o ajudo tomar o suco. Ele me então afasta a minha mão e me encara sério.
—Não quero saber quem foi seu amante e nem saber o nome dele. Nem seus motivos, nem os dele. Quero fazer de conta, que nunca tivemos essa conversa.
rio. Ah, característica típicas de um
Ele então sorri de modo perverso.
Eu vou varrer a existência desse homem, quando você for minha, será como se fosse à
eu acredito nas palavras dele. Sua voz soa tão certa e essa confiança é sexy como o inferno. A certeza dele quando me diz isso não me surpreende. Said está acostumado a ter tudo que quer. E eu sei o poder que tem esse homem sobre meu corpo. Ah, varrerá mesmo, qualquer homem que pensei, como se fosse
Quando eu for dele...
só se eu visse um anel no meu dedo. Então, se ele acha que me terá antes disso, ele podia tirar seu cavalinho da
copo e o deposito na
Vou levar para a cozinha e já volto. A que horas pretende tomar um banho, para que Muhafa te ajude com as
Said olha pensativo.
Umas quatro horas. —Ele então sorri provocador. — Não seria má ideia, depois que eu estivesse já instalado na banheira, você esfregar
Escapa um sorriso nervoso.
vou dar o trabalho de responder. Vou
Saio do quarto, me sentindo inquieta.
levava a sério mesmo? Ou ele adora me provocar por força
fosse um ocidental, eu poderia me entregar sem neuras. Mas um homem