Said
Maysa está demorando. Estou me sentindo extremamente irritado por estar nessa cama. Toda e qualquer posição para mim agora é desconfortável. Meu tórax doí.
Doí quando eu ergo os braços, quando eu faço força para me levantar, para me deitar, e até quando eu ando.
Fecho os olhos pensando em Maysa. Ela é um balsamo para meus próximos dias nessa cama.
Nossa relação mudou, agora tudo está tudo preto no branco. Estávamos verdadeiramente nos conhecendo, sem máscaras.
Só há um, porém nisso tudo. Ela tem raízes na Inglaterra, e moderninha demais para o meu gosto. Eu a quero por inteiro. Ela terá que abrir mão de tudo. Deixar tudo para trás. Qualquer vírgula ou ponto de interrogação que eu enxergar, colocará tudo a perder.
Eu tento não pensar muito nisso, pois quero viver o momento da conquista, aprofundar a relação a ponto de ela tomar essa decisão por mim.
É esse meu objetivo. Não passa pela minha cabeça perdê-la.
A atração entre nós é avassaladora, única, e que não pode ser ignorada e além dela. Há outro sentimento.
O amor...
Maysa se fixou em meu coração e em meus pensamentos, se tornando a razão do meu viver. Ela enche minha vida de luz.
Maysa entra no meu quarto. Sinto seu perfume suave.
Allah, ela cheira bem, como jasmim e rosas.
Os caftans que ela usa são de trabalho, todos brancos. Mas isso não impede de eu desejá-la com grande ferocidade. Um desejo animal. Selvagem, nunca senti isso por mulher alguma.
Observo seus cabelos presos no alto da cabeça e eu tenho vontade de soltá-los e vê-los esparramados no travesseiro. Quando nossos olhos se encontram meu coração se agita no peito. Sim, ela me faz me sentir como um adolescente.
Maysa
— Oi. Já falei com Muhafa. Ele te ajudará com o banho.
— Não sei o que seria de mim sem você. —Ele diz com um sorriso jocoso.
—Estaria bem, seus empregados gostam de você. São fiéis. Isso foi uma das coisas que me chamou a atenção quando cheguei aqui.
Said fica sério de repente.
—Feche a porta que preciso falar com você.
Eu fecho a porta e me aproximo da cama dele.
—Mas antes, quero um beijo. Igual ao beijo que me deu.
Eu sinto meu coração dar um salto no peito com suas palavras. Relutante, me aproximo dele. E fico de joelhos no colchão, seguro a cabeça dele com as mãos e o observo por um tempo, antes de unir meus lábios nos dele. Não de maneira sexual, mas terno, saboreando seus lábios, mordendo-os dele leve e devagar.
Said me surpreende, erguendo um dos braços, creio que ignorando a dor, e pega meus cabelos, intensificando o beijo. Dizendo no meu ouvido. "Eu te desejo". Seus lábios então se movem nos meus, em um beijo urgente. Me fazendo ansiar por muito mais que só seus lábios me tocando.
Eu me afasto dele devagar, para não o machucar. Penso nas palavras dele no meu ouvido, fico triste, pois não é isso que eu quero ouvir. Quero ouvir que ele me ama.
Said sorri como um menino, pega minhas mãos e me segura meus olhos nos seu.
— Minha mãe, com certeza virá aqui. Ela é uma pessoa difícil, se fosse fácil eu não teria saído de casa. Ela pensa que pode controlar minha vida. Sempre foi assim. Eu me cansei de seu jeito, controlador.
—Hum, por quem será que você puxou? —Eu pergunto com divertimento.
Said me encara sério, ignorando meu comentário.
— Sua situação, é muito complicada. Todos meus empregados viram a forma como te trouxe aqui. E acompanharam tudo. Eu não posso então falar para ela o tipo de envolvimento que tenho com você. Eu teria que dar muitas explicações, e com certeza ela sondaria Zafira a seu respeito. Eu não me encontro em condições de bater de frente com ela. Por isso, para te poupar, sugiro que você se passe por minha empregada. Eu direi que você é uma enfermeira contratada, e assim justificaria a cama de solteiro no meu quarto.
Não se encontra em condições para enfrentar a mãe. Só para ir ao meu quarto e brigar comigo porque escondi a minha verdadeira identidade.
Ele continua:
—Por isso, não quero que meus empregados saibam também, que estamos juntos. Tudo é muito complicado. Deixe-me recuperar, e assim, podemos assumir tudo de vez.
—Está certo. —Sorrio para ele, escondendo minha tristeza. —Já está quase na hora do seu banho. Eu vou então para o meu quarto assistir um pouco de televisão. Depois vou ligar para Nadir e perguntar da minha irmã.
Ele aperta a minha mão.
—Esqueci de te dizer, sua irmã saiu da UTI.
Eu fico emocionada.
—Allah! Que maravilhoso.
Allah! Agora poderia ligar para o hospital e pedir para falar com ela no quarto.
Said sorri para mim, eu retribuo com um meio-sorriso, digo suavemente pare ele:
— Depois que Muhafa te ajudar com o banho, eu trago seu jantar.
—Só frutas, estou muito deitado e não tenho gasto energias. E por isso, não estou com muita fome.
—Está certo.
Said
Quando Maysa sai, me acomodo o melhor que consigo nos travesseiros e fecho os olhos.
Eu me sinto triste por dentro. Gostaria de poder espalhar para o mundo que eu e Maysa estamos juntos. Mas minha mãe não descansaria até saber tudo dela. A forma e as circunstâncias que eu a conheci são complicadas.
A verdade é que Maysa me tem em suas mãos, mesmo que inconscientemente. Eu no fundo, me sinto pisando em ovos com ela. Tenho medo de confessar que a amo. Ainda não sei o que ela sente por mim. Tenho medo de assustá-la. Por isso estou indo com calma e tudo isso por causa da sua independência na Inglaterra. Por isso, estou indo devagar. Quando chegar a hora de ela ir eu confesso meus sentimentos. Melhor assim.
A imagem de minha mãe se metendo em tudo surge na minha mente. Samira não é uma mulher fácil. Se ela souber do meu interesse por Maysa, ela fará de nossas vidas um inferno. E Maysa tem um pé em outro mundo, em outra cultura. Não posso me arriscar.
Dentro de mim se agita perguntas sem respostas:
Até que ponto Maysa lutaria por mim?
Ela aguentaria a pressão? E eu nessa cama, não poderia protege-la?
Maysa precisa se passar por minha enfermeira. Só assim ela ficará invisível para Samira, e eu ficarei mais tranquilo.
Maysa
Penso na conversa que acabei de ter com minha irmã. Ela tinha me contado de Said e de sua visita até o hospital. Conforme ela contou percebi que minha irmã também tinha sido enfeitiçada por Said. Notei pela maneira que ela me falou dele.
Said está numa posição tão frágil, isso me dá um grande aperto no coração. Eu e Zafira ajudamos ele a se reerguer. Corta meu coração ao ver a dor que ele está sentindo.
Não estou acostumada, acho que ninguém está. Ele é sempre cheio de si, imponente, arrogante.
Já sentado, ele diz para Zafira:
—Eu tirei o fone do gancho. Estava no banho. Peça para ela ligar daqui a pouco.
Zafira faz uma reverência e me encara por um tempo, acredito que estranhando Said me chamar de Maysa.
— Com sua licença.
Quando ela sai, encaro Said.
— Zafira não está entendendo mais nada. Você me chamou pelo meu nome.
Said me observa por um tempo antes de me falar pensativo:
— Por enquanto deixe estar. Arruma a minha camiseta, ela está enrolada.
Eu puxo ajeito sua camiseta.
—Me ajuda a me deitar?
— Claro!
Eu ajeito os travesseiros e recolho as pernas dele. Said transpira muito e faz cara de dor conforme se movimenta.
— Falta só uma hora para você tomar a outra dose do remédio, eu vou adiantar o horário e te dar agora. E vou colocar o fone no gancho.
Ele com os olhos fechados, diz abafado: — Faça isso. Estou vendo estrelas.
Eu sorrio, com o coração apertado. Pego o suco que eu tinha trazido e dou a ele com o remédio. Vou até o outro criado-mudo. Mal coloquei o fone no gancho, o aparelho toca:
— Minha mãe.
Coloco o telefone ao lado dele e faço menção de sair quando ele diz rápido:
—Fique!
Eu nego com a cabeça.
— Não, fique à vontade com ela. Vou buscar minhas coisas, afinal, vou dormir aqui. Lembra?
Ele me dá um sorriso de canto de lábios.
—Como eu poderia esquecer.
Eu fico vermelha, ele atende.
—Mamãe? Estou bem. Contratei uma enfermeira.
Eu não me sinto bem com as palavras dele. E não querendo ouvir mais nada, saio do quarto.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Em seu lugar
🖊️ AVALIAÇÃO FINAL: Texto com vários erros e trama muito superficial, pueril e inverossímil, voltada essencialmente para a atração física e a tensão sexual, confundindo o tempo todo paixão com amor e não convencendo minimamente o leitor quanto à seriedade dos acontecimentos, visto que são dois adultos que mal se conhecem se comportando como adolescentes inexperientes, dominados pelos hormônios enquanto tentam entender o que sentem (confundindo imaturamente amor com paixão) e desenvolver não um relacionamento profundo, maduro, duradouro e com propósito, mas uma espécie de cabo de guerra emotivo-sexual, onde o foco está em quem vai conseguir satisfazer melhor seus próprios desejos físicos e anseios emocionais ou em quem terá que ceder mais às exigências culturais do outro... Eu vivi uma paixão forte antes de conhecer meu esposo e sei que não é fácil abrir mão de um relacionamento entre desiguais quando estamos muito apaixonados, mas também sei que é possível e agradeço a Deus por ter acontecido o término, pois só assim pude conhecer meu esposo, com quem sou feliz há 20 anos sem nunca ter precisado fingir ser quem não sou nem viver essa montanha-russa emocional 🎢, pois as renúncias que ambos precisamos fazer desde que nos conhecemos nunca foram relacionadas à nossa essência. Além disso, não foi em 1 mês que me apaixonei tão fortemente pelo meu ex, foi num relacionamento de quase 2 anos, com muito menos diferenças a considerar e muito mais profundidade de sentimentos - perto do qual essa situação do texto é simplesmente SURREAL (foi por muito pouco que não desisti de ler antes de chegar ao desfecho)... 👀 EM SUMA: estorinha adolescente e supercial que não convence minimamente, voltada essencialmente para situações rasas e tensão sexual. No final tenta passar algo um pouco mais aprofundado, mas já está contaminado pela superficialidade e falta de maturidade dos personagens, não dá mais pra levar a sério (a mudança abrupta torna tudo ainda menos verossímil). Muita decepção depois de ter lido "O Egípcio", da mesma autora... 💔...
* Além de tudo é hipócrita. O discurso de tradicionalista só vai até onde lhe convém, onde não convém que se lasque... Não é convicção religiosa, é mero interesse... Mais uma característica revoltante desse mimadinho narcisista fantasiado de homem... 🤮...
⁉️ "Até que ponto ela lutaria por mim?"... "Não aceitarei pontos nem vírgulas entre nós" ... Ora... E você, cara pálida, até que ponto lutará e cederá por ela?... Esses "mocinhos" de romance hoje em dia não servem nem pra espantalho de horta... É a mulher que tem que conquistar os caras, nunca o contrário... 🙄 E essas protagonistas pamonhas me dão nos nervos, sem força de vontade e respeito próprio nenhum, só pensando com os hormônios... 😒...
😒 Oh, coitadinho... O abusador bárbaro com pose de juiz justiceiro está arrazado porque em poucos dias se apaixou pela ladra que ele desprezava e agora percebeu que ela é de outra cultura e o vê com maus olhos depois de ele ter agido como um troglodita... Ah, faça-me o favor!... Que coisa mais sem nexo. Até parece que um árabe tradicionalista iria perceber que era visto como um bárbaro selvagem, sendo que pra ele ser assim é que é o certo... E um cara desse nunca iria se interessar por uma mulher cujo comportamento ele despreza, muito menos em poucos dias... Ainda mais tendo visto a mulher desde o início como se fosse apenas um pedaço de carne, não uma pessoa... Essa conversa de "eu a amo" e "eu o amo" chega a ser risível... Quem ama alguém em poucos dias, só porque não consegue controlar os próprios hormônios e vê o outro como se estivesse no cio? Desde quando isso é amor?... 👀...
😵💫 Mas que negócio sem cabimento... O cara tem namorada/noiva e fica querendo agarrar e beijar a outra, enquanto tenta dar lição de moral... Num dia quer humilhar a mulher e no outro já está dizendo que não sabe como ficar longe dela, como se fosse bipolar... Parece redação de adolescente do ensino médio isso... 😒...
❗ Ah, vá catar coquinho na descida, amigo... Sério que você quer "preservá-la, torná-la uma pessoa melhor e fazê-la agir como uma dama"... olhando-a como se fosse um pedaço de carne, agarrando-a e beijando-a ao seu bel prazer? Que conversa pra boi dormir é essa? Só se for pra rir... Já não basta a tola agir como uma adolescente dominada pelos hormônios e sem juízo, com essa rebeldia infantil de querer se mostrar e se afirmar com essa maquiagem fora de hora e lugar, ainda vem o cara com esse discurso de político em véspera de eleição?... Tá cada vez pior essa estória... 🙄...
⁉️ Minha nossa, quanta superficialidade e futilidade... Comecei a ler essa estória depois de ler O EGÍPCIO, mas que decepção... Pelo visto será só mais do mesmo de apelação sexual e relacionamentos baseados no carnal, sem nada de realmente relevante ou mais profundo, com personagens que mais parecem ratos marsupiais australianos do que seres humanos... Se for isso mesmo, não vou até o final, não. Sinto muito. Quero literatura de verdade, não futilidade e pornografia disfarçada de romance... 🫤...
Aff... Por que essas protagonistas sempre tem que ficar se derretendo diante dos caras como adolescentes sem cérebro, dominadas pelos hormônios? Me dá até vergonha como mulher esse comportamento fraco e patético... Não podem ver um rosto bonito ou um corpo bem feito que já estão se derretendo, mesmo o cara sendo um néscio, um cafajeste, um animal violento, um qualquer que não vale nada... 🙄 Esse tal Said poderia ser lindo de morrer, mas com esse comportamento de besta quadrada, sem contar a arrogância e o abuso sexual, sequer seria visto como um homem por mim... E ainda fuma, pra piorar (cheira mal)... Que atitude deprimente a dessa Maysa... Se passar pela irmã tola e irresponsável para pagar por uma dívida que não é sua e ainda sentir atração pelo energúmeno que a trata como vadia... É uma vergonha pra mim como mulher... 😒...
Uma das melhores historias que ja li aqui no site,muito boa mesmo!...
Linda a história!!!!...