Em seu lugar romance Capítulo 11

Lavo toda a louça com cuidado. Depois começo a fuçar na cozinha, acabo encontrando a frigideira que eu precisava para ter feito a omelete. Em um armário, temperos de todos os tipos. Na dispensa uma porção de laticínios, grãos, farináceos, pimentas, massas...

Allah! Agora é esperar o livro de receitas e segui-lo. Zafira entra na cozinha.

—Já tomou café?

Assenti.

Allah! Preciso tentar me aproximar dela e tê-la como minha aliada.

—Zafirinha, não gostaria de voltar para o meu quarto, eu poderia ficar aqui, quietinha.

Ela fecha a cara.

—Nada disso, são ordens. Said disse que não quer te ver solta na casa. Um dia o profeta riscou no chão: “O homem é o único culpado da sua própria perdição”

Eu conheço esse verso. Só que não se aplica a mim, quem se meteu em confusão e fez a burrada de confiar num jogador foi a minha irmã.

Suspiro, e não discuto.

— Está certo. —Dou um sorriso. — Você poderia ver com Said um rádio ou uma televisão? É horrível ficar confinada sem nada para fazer.

—Você não ficará sem fazer nada por muito tempo! — Ela diz ríspida.

—Zafira! O profeta também disse: “A verdadeira riqueza de um homem é o bem que ele faz neste mundo.” Você poderia ser menos rude comigo!

Zafira pisca sem ação.

—Não sei, você é ardilosa.

—Eu? Ardilosa?

—Você com esse jeitinho, no fim, ta dobrando Said.

Eu a fito séria e mostro minhas mãos.

—Zafira! Olhe! Eu não planejei isso!

Ela as observa, parece surpresa.

—Está vendo! —Eu digo quando vejo a expressão dela. — E quanto a cozinhar, eu na verdade, não sei.

Ela meneou a cabeça.

— Allah!

Eu choramingo:

—Zafira, gostaríamos que fôssemos amigas. Por favor! —Eu me sento na cadeira, e meus olhos se enchem de lágrimas.

Zafira me fita séria.

—Não sei.

Limpo minhas lágrimas, nervosa.

—Zafira, eu não fiz nada. Tudo isso é um mal-entendido.

—Said nos orientou que você tentaria nos enganar. Que enganaria nossos olhos e ouvidos.

—Allah! Zafira... —Digo angustiada. Desisto quando vejo a expressão incrédula dela. — Ah! Deixa para lá! Quero ir para meu quarto!

Ela não diz nada e se vira. Eu a sigo até a minha prisão. Ela abre a porta para mim.

—Vou pedir para Said a TV e o rádio.

Eu entro e a fito com tristeza.

—Obrigada!

Ela me olha por um tempo, antes de fechar a porta. Escuto ela virar a chave.

Allah! Eu estava já me sentindo claustrofóbica, quando horas depois a porta se abre e Zafira entra no quarto. Ela então me entrega o livro de receitas e junto como eles todos os itens que eu tinha pedido ontem à noite.

Pego das mãos dela o condicionador, os absorventes, a tesoura, o livro de receitas e o despertador.

—Menina, você pediu absorventes para Said?

— Pedi.

Ela me olha horrorizada e eu não entendo porque.

Tudo bem. Eu estou no oriente médio, e não na Europa. Lá é tão normal tratar desses assuntos, aqui falar disso com um homem, é proibido.

—Por que não pediu para mim?

Eu na hora nem me lembrei disso, talvez Said tivesse até visto isso como provocação.

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