Levanto as mãos para os céus. Obrigada Allah!
Depois que ela sai, resolvo tomar um banho. Retiro minha roupa e a coloco de lado. Pego outro vestido de trabalho. Encho a banheira, depois fechando a porta coloco a cadeira para segurá-la. Como se isso ajudasse. Penso de repente.
Lavo os cabelos e dessa vez uso o condicionador. Fico um tempo relaxada na banheira. Antes que a água esfrie por completo, saio.
Depois que me troco, fito meus cabelos longos e depois a tesoura em cima do balcão. Pestanejo.
Cortá-los? Agora com o efeito do condicionador, estão tão macios que será um pecado. Depois de secos irei prendê-los.
Sim, melhor!
Deito na cama e tiro um cochilo, não sei quanto tempo eu durmo até ouvir a porta sendo aberta. Said entra, eu me sento rápido na cama, o coração agitado no peito. Ele está com a mesma roupa que saiu para trabalhar. Seus olhos correm pelos meus cabelos soltos e que caem como cascata até a altura dos meus seios.
— Você disse que viria para o café.
Ele sorri friamente para mim.
— É hora do café.
Eu me lembro do despertador e lanço um olhar rápido para ele.
— Quatro e meia. —Ele disse seco.
Volto meus olhos para o rosto enigmático de Said, meu coração parece que está participando de uma maratona, pois pula dentro de meu peito como um louco.
— Me arrumo num instante.
Levanto meio afobada, calçando meus chinelos.
— Zafira disse que quer uma TV e um rádio.
Eu assenti.
—Você não está em um hotel de luxo. —Ele diz rude. —Você está aqui por que praticou um ato baixo, demonstrando sua má índole, roubando uma viúva pobre, para gastar com futilidades.
Eu o encaro séria, sentindo seu olhar duro, sem misericórdia sobre mim. Ele é a única pessoa que consegue fazer todo o meu equilíbrio descer por ralo abaixo.
Mesmo em cacos, não vou dar a ele o gostinho de sentir o quanto suas palavras me afetam. Eu dou um sorriso frio.
Estou aprendendo com ele.
—Obrigada por me lembrar. Com licença meu amo, vou prender meus cabelos e fazer sua refeição.
Eu estava seguindo até o banheiro quando ele avança muito rápido e me puxa. Eu perco o equilíbrio tropeçando no maldito tapete e caio em seus braços, espalmo minhas mãos nele para me segurar. Levanto meu rosto e recebo um sorriso debochado.
— Eu ainda não terminei.
Seus olhos parecem querer perfurar os meus.
—Me solta. —Digo e dou um safanão para me livrar das garras dele. Mas ele é muito mais forte que eu e eu continuo presa.
Nessa hora eu o vejo fechar os olhos e se aproximar mais dos meus cabelos e se afastando um pouco para me fitar e sem me largar, ele abre um sorriso diabólico.
—Você cheira bem. Cheira como uma odalisca, uma feiticeira. Que seduz viúvas destruidora de lares. Uma pena. Tão linda, mas tão podre por dentro...
Ah isso é demais!
Com a mão livre tento acertar-lhe a face, mas ele se esquiva, e coloca os meus dois braços para trás. Eu luto, tentando me libertar.
O perfume dele começa a invadir meu nariz e atordoar meu cérebro. Eu tenho mais medo do que acontece com meu corpo quando ele me segura do que dele.
Meu coração bate como um louco, minhas pernas estão moles, parecem que vão dobrar.
Eu preciso resisti-lo! Eu já passo a impressão errada e também tenho medo das consequências.
Mesmo abalada, eu encaro com altivez os olhos negros dele. Seus olhos nos meus são frios. Então, algo brilha dentro deles e ele desce seus olhos para a minha boca e para ali. Minhas fantasias românticas adormecidas faíscam despertas como fogos de artifício, ameaçando me incendiar.
Ele desce o rosto devagar e nessa hora eu entendo o que irá acontecer. Viro meu rosto fugindo dos lábios dele. Ele solta uma das minhas mãos, mas percebo que a finalidade não é me deixar livre e sim pegar meu queixo e virar minha cabeça para ele.
Ele toma minha boca com um beijo violento. Então, me aperta com um dos seus braços, enquanto uma mão segura a minha cabeça e seus lábios passam a se mover sobre os meus famintos.
Eu não o resisto, não consigo, fico atordoada com a sensação maravilhosa de estar nos braços dele, sentindo seu calor, sentindo seu perfume maravilhoso, então, fecho meus olhos e deixo que tudo aconteça. Seus lábios agora descem até o meu pescoço me fazendo me inclinar para trás e por pouco não gemo de prazer.
Sim, estou me deixando levar numa rede de sedução.
Eu estremeço quando sua boca corre até o meu ouvido e mordisca o lóbulo da minha orelha, antes de tomar a minha boca novamente.
Quando eu estou para corresponder seus beijos, a imagem dele me condenando me vem muito forte, e minha razão fala mais alto do que o que a sensação que ele me provoca, acusando-me que estou louca. Avisando-me que sou um joguete nas mãos dele, um brinquedinho a qual ele se diverte.
Com muita, mas muita força de vontade eu o empurro. Ele não me impede de afastá-lo e eu tenho certeza que se ele quisesse, ele poderia me dominar, mas o beijo parece satisfazê-lo, momentaneamente.
Dou mais um passo para trás para manter uma distância segura. Nos encaramos ofegantes.
Eu preciso deixar claro para ele que eu sou uma mulher séria e não uma qualquer. Sim, pois com certeza, eu passo outra imagem.
— Eu não sou uma mulher fácil, uma odalisca como você me julga ser. E você não pode ficar entrando em meu quarto e se aproveitando da minha inocência!
Ele ri, então gargalha. Aos poucos se recupera cruza os braços, todo onipotente. Minha frequência cardíaca acelera enquanto o homem alto, com físico perfeito, cada músculo definido, ombros largos cintura estreita, olha para mim.
—Muito inocente, você!
Mesmo abalada pelo homem sexy à minha frente, eu o encaro furiosa. Eu não posso deixar que isso aconteça novamente, eu conheço o poder que esse homem tem no meu corpo.
Ele parece um feiticeiro, atordoa minha mente.
—Não quero que toque em mim!
Ele não se abate com minhas palavras e seus olhos correm pela minha figura trêmula.
—Qual é seu preço? —Ele pergunta friamente. —Você se venderia pela sua liberdade?
O quê? Cruzo os braços, fazendo força para não tremer na frente dele.
—Não! Você não entendeu? Eu não sou desse tipo! Sou apenas moderna.
Ele fecha a cara.
— Eu não vejo isso como modernidade. Você é uma serpente sedutora, isso sim! —Ele então me fita calado por um tempo. —Bem, mas não foi por isso que entrei aqui.
—Eu sei, você veio me lembrar de minha condição, como se eu me esquecesse dela. — Sorri para ele debochada.
—Sim, também isso. — Ele sorri jocoso.
O silêncio então fica entre nós.
I thought you died alone, a long long time ago
Nessa hora, avisto Said num canto da sala, seus olhos imediatamente fixam-se em mim, eu o ignoro e continuo cantando, baixinho.
Oh no, not me
We never lost control
You are face to face
With The Man Who Sold the World
Passo pela sala de jantar, consciente do olhar dele sobre mim.
I laughed and shook his hand, and made my way back home
I searched for form and land, for years and years I roamed
I gazed a gazely stare, we walked a million hills
I must have died alone, a long long time ago
Who knows? not me
I never lost control
You are face to face
With the Man who Sold the World
Who knows? Not me
We never lost control
You are face to face
With the Man who Sold the World
Zafira me olha o tempo todo, em seu rosto estampado a desaprovação pelo meu jeito.
— Que música é essa? E que língua é essa?
—De um cantor famoso, Nirvana e a língua é o inglês.
— Você conhece essa língua?
—Sim.
—Está explicado esse seu jeito de odalisca, você é influenciada por esse povo.
—Se você soubesse como é libertador essa cultura...
Ela me fita severa.
— Vamos ao trabalho! Faz o café e eu farei o suco de laranja, depois faremos juntas o Kafta.
Eu suspiro.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Em seu lugar
🖊️ AVALIAÇÃO FINAL: Texto com vários erros e trama muito superficial, pueril e inverossímil, voltada essencialmente para a atração física e a tensão sexual, confundindo o tempo todo paixão com amor e não convencendo minimamente o leitor quanto à seriedade dos acontecimentos, visto que são dois adultos que mal se conhecem se comportando como adolescentes inexperientes, dominados pelos hormônios enquanto tentam entender o que sentem (confundindo imaturamente amor com paixão) e desenvolver não um relacionamento profundo, maduro, duradouro e com propósito, mas uma espécie de cabo de guerra emotivo-sexual, onde o foco está em quem vai conseguir satisfazer melhor seus próprios desejos físicos e anseios emocionais ou em quem terá que ceder mais às exigências culturais do outro... Eu vivi uma paixão forte antes de conhecer meu esposo e sei que não é fácil abrir mão de um relacionamento entre desiguais quando estamos muito apaixonados, mas também sei que é possível e agradeço a Deus por ter acontecido o término, pois só assim pude conhecer meu esposo, com quem sou feliz há 20 anos sem nunca ter precisado fingir ser quem não sou nem viver essa montanha-russa emocional 🎢, pois as renúncias que ambos precisamos fazer desde que nos conhecemos nunca foram relacionadas à nossa essência. Além disso, não foi em 1 mês que me apaixonei tão fortemente pelo meu ex, foi num relacionamento de quase 2 anos, com muito menos diferenças a considerar e muito mais profundidade de sentimentos - perto do qual essa situação do texto é simplesmente SURREAL (foi por muito pouco que não desisti de ler antes de chegar ao desfecho)... 👀 EM SUMA: estorinha adolescente e supercial que não convence minimamente, voltada essencialmente para situações rasas e tensão sexual. No final tenta passar algo um pouco mais aprofundado, mas já está contaminado pela superficialidade e falta de maturidade dos personagens, não dá mais pra levar a sério (a mudança abrupta torna tudo ainda menos verossímil). Muita decepção depois de ter lido "O Egípcio", da mesma autora... 💔...
* Além de tudo é hipócrita. O discurso de tradicionalista só vai até onde lhe convém, onde não convém que se lasque... Não é convicção religiosa, é mero interesse... Mais uma característica revoltante desse mimadinho narcisista fantasiado de homem... 🤮...
⁉️ "Até que ponto ela lutaria por mim?"... "Não aceitarei pontos nem vírgulas entre nós" ... Ora... E você, cara pálida, até que ponto lutará e cederá por ela?... Esses "mocinhos" de romance hoje em dia não servem nem pra espantalho de horta... É a mulher que tem que conquistar os caras, nunca o contrário... 🙄 E essas protagonistas pamonhas me dão nos nervos, sem força de vontade e respeito próprio nenhum, só pensando com os hormônios... 😒...
😒 Oh, coitadinho... O abusador bárbaro com pose de juiz justiceiro está arrazado porque em poucos dias se apaixou pela ladra que ele desprezava e agora percebeu que ela é de outra cultura e o vê com maus olhos depois de ele ter agido como um troglodita... Ah, faça-me o favor!... Que coisa mais sem nexo. Até parece que um árabe tradicionalista iria perceber que era visto como um bárbaro selvagem, sendo que pra ele ser assim é que é o certo... E um cara desse nunca iria se interessar por uma mulher cujo comportamento ele despreza, muito menos em poucos dias... Ainda mais tendo visto a mulher desde o início como se fosse apenas um pedaço de carne, não uma pessoa... Essa conversa de "eu a amo" e "eu o amo" chega a ser risível... Quem ama alguém em poucos dias, só porque não consegue controlar os próprios hormônios e vê o outro como se estivesse no cio? Desde quando isso é amor?... 👀...
😵💫 Mas que negócio sem cabimento... O cara tem namorada/noiva e fica querendo agarrar e beijar a outra, enquanto tenta dar lição de moral... Num dia quer humilhar a mulher e no outro já está dizendo que não sabe como ficar longe dela, como se fosse bipolar... Parece redação de adolescente do ensino médio isso... 😒...
❗ Ah, vá catar coquinho na descida, amigo... Sério que você quer "preservá-la, torná-la uma pessoa melhor e fazê-la agir como uma dama"... olhando-a como se fosse um pedaço de carne, agarrando-a e beijando-a ao seu bel prazer? Que conversa pra boi dormir é essa? Só se for pra rir... Já não basta a tola agir como uma adolescente dominada pelos hormônios e sem juízo, com essa rebeldia infantil de querer se mostrar e se afirmar com essa maquiagem fora de hora e lugar, ainda vem o cara com esse discurso de político em véspera de eleição?... Tá cada vez pior essa estória... 🙄...
⁉️ Minha nossa, quanta superficialidade e futilidade... Comecei a ler essa estória depois de ler O EGÍPCIO, mas que decepção... Pelo visto será só mais do mesmo de apelação sexual e relacionamentos baseados no carnal, sem nada de realmente relevante ou mais profundo, com personagens que mais parecem ratos marsupiais australianos do que seres humanos... Se for isso mesmo, não vou até o final, não. Sinto muito. Quero literatura de verdade, não futilidade e pornografia disfarçada de romance... 🫤...
Aff... Por que essas protagonistas sempre tem que ficar se derretendo diante dos caras como adolescentes sem cérebro, dominadas pelos hormônios? Me dá até vergonha como mulher esse comportamento fraco e patético... Não podem ver um rosto bonito ou um corpo bem feito que já estão se derretendo, mesmo o cara sendo um néscio, um cafajeste, um animal violento, um qualquer que não vale nada... 🙄 Esse tal Said poderia ser lindo de morrer, mas com esse comportamento de besta quadrada, sem contar a arrogância e o abuso sexual, sequer seria visto como um homem por mim... E ainda fuma, pra piorar (cheira mal)... Que atitude deprimente a dessa Maysa... Se passar pela irmã tola e irresponsável para pagar por uma dívida que não é sua e ainda sentir atração pelo energúmeno que a trata como vadia... É uma vergonha pra mim como mulher... 😒...
Uma das melhores historias que ja li aqui no site,muito boa mesmo!...
Linda a história!!!!...