Fizemos nossas tarefas em silêncio, Zafira me ensinou a fazer o Kafta e eu comparei com o livro de receitas. Percebi que ela tinha uma maneira de temperar diferente, então apenas anotei as mudanças.
Quando ficou tudo pronto, arrumamos tudo na bandeja.
— Zafira, Said disse que amanhã terá um jantar, ele pediu para fazer carneiro assado.
— Ele mudou de ideia. Veio agora falar comigo e pediu para a cozinheira fazer uma mesa com vários patês, frutas, pães pita, sucos, molho picante, salgados e doces.
Suspiro aliviada.
—Você sabe por que ele mudou de ideia?
— Não sei.
Eu dou de ombros, e carrego a bandeja para levar para a sala de jantar. Meu coração nessa hora dispara com a cara de poucos amigos que Said me olha enquanto eu caminho com passos vacilantes tomando cuidado para que nada derrame. Ele parece impaciente, pois tamborila os dedos na mesa.
Eu me aproximo de seu lado direito, e distribuo os alimentos. Dessa vez ele não pede para eu ficar, e eu aliviada me retiro e me abrigo na cozinha.
Zafira tinha saído da cozinha, eu suspiro na minha solidão e vou até a janela. De lá dava para ver um lindo jardim. Suspiro de novo, observando a beleza do lugar. Ele está iluminado pelo sol da tarde que já está indo embora, o céu avermelhado.
Lindo!
Então me lembro da minha irmã. Preciso saber dela. Quando eu for buscar a bandeja, pedirei a Said para ligar.
Não deu muito tempo ouço a voz de Said nas minhas costas.
— Dessa vez você acertou.
Eu me viro para ele.
— Que bom. — Arreganho os dentes.
Ele corre seus olhos pelo meu rosto e uma tempestade se forma. Ele se aproxima de mim e eu me assusto com a energia negra que vejo nele. Quando me dou por mim, sou lançada sobre seus ombros e ele sai me carregando pela casa como um bárbaro.
—Me solta, o que está fazendo?
Eu vou me contorcendo em todo o trajeto, mas ele me ignora e me carrega até meu quarto e depois segue até o banheiro. Meu coração explode dentro do peito de medo quando ele me coloca no chão.
— O que você vai fazer?
Ele não responde, pega uma toalha e abre a torneira da pia e a molha. Com esse gesto entendo que ele vai tirar minha maquiagem.
Ele me olha com aqueles olhos de granito e estende a toalha para mim.
— Tire toda a maquiagem do rosto!
Eu hesito.
— Por quê?
Ele não responde, e se aproximando de mim, começa a limpá-lo, tirando tudo. Como uma criança, eu tento segurar suas mãos. Mas ele continua limpando, desviando de meus empurrões, onde eu tento a todo custo pará-lo.
— Pronto!
Quando ele finaliza sinto meu rosto arder. Ele se afasta de mim e observa o resultado. Meus olhos começam a encher de lágrimas.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Em seu lugar
Linda a história!!!!...