Em seu lugar romance Capítulo 27

Said

Samira balança a cabeça, desgostosa, dizendo:

—Said, meu filho, você não pode ficar sozinho nesse estado!

—Eu estou bem mamãe. Quero ir para a minha casa. Sou rodeado de empregados, não ficarei sozinho. Só preciso descansar. Você ouviu o que o médico disse.

—Você é muito agitado Said. Te conheço, vai ficar andando pela casa, arrumando o que fazer.

Eu passo os dedos pelos cabelos enquanto Raissa coloca meus sapatos.

—Prometo que ficarei bem! —Digo irritado pelo esforço de falar.

—Olha sua cara de dor!

—Claro! A senhora não colabora.

Minha meia-irmã que só escuta coloca outro sapato. Me levanto da cama quando ela finaliza.

—Obrigada. —Digo para ela.

Raissa sorri para mim.

—Said é inteligente. Sabe que não pode ficar andando, que deve descansar. —Ela diz para minha mãe.

Samira me encara cética.

—Não sei.

Eu desvio meus olhos dos dela e ando com dificuldade até a cadeira de rodas.

— Muhafa. Vamos! —Eu digo sentindo dor quando me sento na cadeira.

— Filho! Por favor!

—Perdoe-me mamãe, mas irei para a casa.

—Então eu ficarei com você!

Eu quase grito:

—Não! Allah!

—Não chame o nome de Allah em vão!

—Então pare! Eu me sinto bem, por isso não aceito a ajuda que está me oferecendo. Só preciso descansar. E prometo que ligo, caso eu entenda que precise de seu auxílio.

Samira chora, desvio meus olhos dos dela me sentindo culpado.

—Você promete?

Abrando o olhar:

—Prometo!

Ela limpa as lágrimas. Impaciente peço para Muhafa.

—Vamos sair daqui. Não aguento mais esse hospital!

Maysa

Said chega na cadeira de rodas. Ele está com os cabelos desarrumados pelo vento lá de fora. Seu rosto está com um hematoma esverdeado e sua expressão é de dor.

A vontade é de correr para seus braços, mas me contenho. Nossos olhos se encontram. Eu dou um meio sorriso para ele.

Allah! Como eu senti falta dele. É maravilhoso vê-lo aqui.

A saudade que sinto dele já estava me corroendo por dentro. Isso é um sentimento novo para mim. Nunca senti uma saudade tão doída, tão sentida. Mesmo com ele em casa, a impressão que tenho é que ela vai demorar para matá-la dentro do meu peito.

Seus olhos sobre mim, são muito vivos. Como se ele desnudasse minha alma. Mesmo com as pernas bambas e o coração saindo do peito, eu caminho até ele com segurança.

—Said. Estou feliz que esteja em casa. Todos os dias orei a Allah, fervorosamente, para que você se recuperasse bem.

Ele não sorri como eu previa. Nem um sorriso frio. Nada. Me ignora completamente e encara Muhafa.

—Muhafa. Leve-me para o meu quarto. —E então seus olhos se voltam para mim, frios. —Preciso falar com você, agora.

Eu assinto triste por ele me tratar de um jeito frio. Pelo jeito só eu senti falta dele.

Há um incômodo terrível dentro de mim. Um pressentimento de que algo não vai bem. Peço a Allah que tudo seja apenas uma impressão. Caminho apreensiva atrás de Muhafa que empurra a cadeira de rodas para o quarto dele.

Caminho por uma ala diferente, aqui são seus domínios, seu quarto. Quando Muhafa abre a porta vejo uma linda e enorme cama de casal de colcha cinza. O quarto é espaçoso e bem arejado. Tudo bem masculino como o dono.

Said se levanta com dificuldade. Ele está sem ar pelo esforço. Muhafa o ajuda a se sentar na cama. Eu corro até ele e me agacho, tirando seus sapatos. Quando ergui meu rosto para Said, me surpreendo com seus olhos intensos sobre os meus. Eu desvio meus olhos e arrumo os travesseiros e o ajudo a se deitar.

Ele fecha os olhos por um instante. Parece tentar recuperar-se. Eu me sento com cuidado ao lado dele na cama.

Said

Difícil estar ali, deitado. Maysa ao meu lado e eu controlando meu desejo de mantê-la em minha casa. Mas eu preciso dispensá-la. No tempo que fiquei naquela cama de hospital, eu pensei muito sobre isso.

Encaro seus olhos cor de mel. Eles me encaram, grandes e ansiosos. Sinto a tensão me envolver. Isso é a pior tristeza que eu terei que enfrentar. Dar a liberdade a mulher que eu amo. Por mim, ela estaria debaixo do meu teto pelo resto da minha vida.

Sinto o toque da mão dela na minha. Isso me deixa pior, desnorteado.

—Said. Eu gostaria de cuidar de você.

Fico sem falas com o pedido dela. Abro minha boca. Ela coloca o dedo indicador em meus lábios, me calando.

—Acho que viu no hospital que levo jeito para a coisa.

—Eu te chamei aqui, com a intenção de dar sua liberdade. —Resolvo ser direto. Minhas palavras doem, mais que a dor física que estou sentido.

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