Said
Samira balança a cabeça, desgostosa, dizendo:
—Said, meu filho, você não pode ficar sozinho nesse estado!
—Eu estou bem mamãe. Quero ir para a minha casa. Sou rodeado de empregados, não ficarei sozinho. Só preciso descansar. Você ouviu o que o médico disse.
—Você é muito agitado Said. Te conheço, vai ficar andando pela casa, arrumando o que fazer.
Eu passo os dedos pelos cabelos enquanto Raissa coloca meus sapatos.
—Prometo que ficarei bem! —Digo irritado pelo esforço de falar.
—Olha sua cara de dor!
—Claro! A senhora não colabora.
Minha meia-irmã que só escuta coloca outro sapato. Me levanto da cama quando ela finaliza.
—Obrigada. —Digo para ela.
Raissa sorri para mim.
—Said é inteligente. Sabe que não pode ficar andando, que deve descansar. —Ela diz para minha mãe.
Samira me encara cética.
—Não sei.
Eu desvio meus olhos dos dela e ando com dificuldade até a cadeira de rodas.
— Muhafa. Vamos! —Eu digo sentindo dor quando me sento na cadeira.
— Filho! Por favor!
—Perdoe-me mamãe, mas irei para a casa.
—Então eu ficarei com você!
Eu quase grito:
—Não! Allah!
—Não chame o nome de Allah em vão!
—Então pare! Eu me sinto bem, por isso não aceito a ajuda que está me oferecendo. Só preciso descansar. E prometo que ligo, caso eu entenda que precise de seu auxílio.
Samira chora, desvio meus olhos dos dela me sentindo culpado.
—Você promete?
Abrando o olhar:
—Prometo!
Ela limpa as lágrimas. Impaciente peço para Muhafa.
—Vamos sair daqui. Não aguento mais esse hospital!
Maysa
Said chega na cadeira de rodas. Ele está com os cabelos desarrumados pelo vento lá de fora. Seu rosto está com um hematoma esverdeado e sua expressão é de dor.
A vontade é de correr para seus braços, mas me contenho. Nossos olhos se encontram. Eu dou um meio sorriso para ele.
Allah! Como eu senti falta dele. É maravilhoso vê-lo aqui.
A saudade que sinto dele já estava me corroendo por dentro. Isso é um sentimento novo para mim. Nunca senti uma saudade tão doída, tão sentida. Mesmo com ele em casa, a impressão que tenho é que ela vai demorar para matá-la dentro do meu peito.
Seus olhos sobre mim, são muito vivos. Como se ele desnudasse minha alma. Mesmo com as pernas bambas e o coração saindo do peito, eu caminho até ele com segurança.
—Said. Estou feliz que esteja em casa. Todos os dias orei a Allah, fervorosamente, para que você se recuperasse bem.
Ele não sorri como eu previa. Nem um sorriso frio. Nada. Me ignora completamente e encara Muhafa.
—Muhafa. Leve-me para o meu quarto. —E então seus olhos se voltam para mim, frios. —Preciso falar com você, agora.
Eu assinto triste por ele me tratar de um jeito frio. Pelo jeito só eu senti falta dele.
Há um incômodo terrível dentro de mim. Um pressentimento de que algo não vai bem. Peço a Allah que tudo seja apenas uma impressão. Caminho apreensiva atrás de Muhafa que empurra a cadeira de rodas para o quarto dele.
Caminho por uma ala diferente, aqui são seus domínios, seu quarto. Quando Muhafa abre a porta vejo uma linda e enorme cama de casal de colcha cinza. O quarto é espaçoso e bem arejado. Tudo bem masculino como o dono.
Said se levanta com dificuldade. Ele está sem ar pelo esforço. Muhafa o ajuda a se sentar na cama. Eu corro até ele e me agacho, tirando seus sapatos. Quando ergui meu rosto para Said, me surpreendo com seus olhos intensos sobre os meus. Eu desvio meus olhos e arrumo os travesseiros e o ajudo a se deitar.
Ele fecha os olhos por um instante. Parece tentar recuperar-se. Eu me sento com cuidado ao lado dele na cama.
Said
Difícil estar ali, deitado. Maysa ao meu lado e eu controlando meu desejo de mantê-la em minha casa. Mas eu preciso dispensá-la. No tempo que fiquei naquela cama de hospital, eu pensei muito sobre isso.
Encaro seus olhos cor de mel. Eles me encaram, grandes e ansiosos. Sinto a tensão me envolver. Isso é a pior tristeza que eu terei que enfrentar. Dar a liberdade a mulher que eu amo. Por mim, ela estaria debaixo do meu teto pelo resto da minha vida.
Sinto o toque da mão dela na minha. Isso me deixa pior, desnorteado.
—Said. Eu gostaria de cuidar de você.
Fico sem falas com o pedido dela. Abro minha boca. Ela coloca o dedo indicador em meus lábios, me calando.
—Acho que viu no hospital que levo jeito para a coisa.
—Eu te chamei aqui, com a intenção de dar sua liberdade. —Resolvo ser direto. Minhas palavras doem, mais que a dor física que estou sentido.
—Eu o queimei. Ficou horrível, jogamos fora.
Me alegro pela sinceridade dela. Eu me contenho para não gargalhar. Não posso nem respirar direito, imagine rir com vontade.
Fecho os olhos sorrindo, imaginando a cena.
— Eu não estou acostumada com esse forno!
Quando eu ouço sua desculpa para ocultar mais uma mentira, meu sorriso morre. Abro meus olhos e a observo atentamente. Ela me encara séria.
Allah! Dai-me sabedoria! Tenho vontade de sacudir essa mulher!
Na tentativa de me acalmar, fecho meus olhos novamente e me sentindo cansado, digo:
— Deixe-me sozinho. No hospital não dormi nada.
— Você pediu para comprar os remédios para dor?
Eu abro meus olhos e a encaro, sério.
—Muhafa comprou. Ele deve ter dado para Zafira.
— Vou ver os horários direitinho. Estou pensando em colocar uma cama aqui ao seu lado.
Meu coração dá um pulo no peito pela surpresa. Eu respiro pesadamente e isso me causa dor.
— Você faria isso?
Ela me olha com meiguice.
—Sim. Como sabe, não estou nem aí para os costumes. E você não se encontra em condições de tentar nada. — Ela me dá um sorriso doce.
— Está certo. Peça para Muhafa trazer uma cama para cá.
Ela se levanta e sorri jovial.
— Descansa. Mais tarde eu virei te ver.
Eu assinto e a vejo sair.
Eu agora terei que conviver com a vontade de desmascará-la. Sinto sua desculpa esfarrapada esmagar meu coração, pesar na minha mente. Por um segundo acredito que não conseguirei ficar sem desmascará-la.
Respiro fundo.
Não! É necessário. Eu preciso continuar assim, como se eu não soubesse de nada. Para mim é uma questão de honra partir dela a verdade. Sinto o meu peito apertar de raiva com a sensação de ainda estar sendo enganado.
Eu lhe dei a liberdade, não dei? Acredito que isso é um grande passo para que ela se abra.
O que lhe falta?
Coragem?
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Em seu lugar
🖊️ AVALIAÇÃO FINAL: Texto com vários erros e trama muito superficial, pueril e inverossímil, voltada essencialmente para a atração física e a tensão sexual, confundindo o tempo todo paixão com amor e não convencendo minimamente o leitor quanto à seriedade dos acontecimentos, visto que são dois adultos que mal se conhecem se comportando como adolescentes inexperientes, dominados pelos hormônios enquanto tentam entender o que sentem (confundindo imaturamente amor com paixão) e desenvolver não um relacionamento profundo, maduro, duradouro e com propósito, mas uma espécie de cabo de guerra emotivo-sexual, onde o foco está em quem vai conseguir satisfazer melhor seus próprios desejos físicos e anseios emocionais ou em quem terá que ceder mais às exigências culturais do outro... Eu vivi uma paixão forte antes de conhecer meu esposo e sei que não é fácil abrir mão de um relacionamento entre desiguais quando estamos muito apaixonados, mas também sei que é possível e agradeço a Deus por ter acontecido o término, pois só assim pude conhecer meu esposo, com quem sou feliz há 20 anos sem nunca ter precisado fingir ser quem não sou nem viver essa montanha-russa emocional 🎢, pois as renúncias que ambos precisamos fazer desde que nos conhecemos nunca foram relacionadas à nossa essência. Além disso, não foi em 1 mês que me apaixonei tão fortemente pelo meu ex, foi num relacionamento de quase 2 anos, com muito menos diferenças a considerar e muito mais profundidade de sentimentos - perto do qual essa situação do texto é simplesmente SURREAL (foi por muito pouco que não desisti de ler antes de chegar ao desfecho)... 👀 EM SUMA: estorinha adolescente e supercial que não convence minimamente, voltada essencialmente para situações rasas e tensão sexual. No final tenta passar algo um pouco mais aprofundado, mas já está contaminado pela superficialidade e falta de maturidade dos personagens, não dá mais pra levar a sério (a mudança abrupta torna tudo ainda menos verossímil). Muita decepção depois de ter lido "O Egípcio", da mesma autora... 💔...
* Além de tudo é hipócrita. O discurso de tradicionalista só vai até onde lhe convém, onde não convém que se lasque... Não é convicção religiosa, é mero interesse... Mais uma característica revoltante desse mimadinho narcisista fantasiado de homem... 🤮...
⁉️ "Até que ponto ela lutaria por mim?"... "Não aceitarei pontos nem vírgulas entre nós" ... Ora... E você, cara pálida, até que ponto lutará e cederá por ela?... Esses "mocinhos" de romance hoje em dia não servem nem pra espantalho de horta... É a mulher que tem que conquistar os caras, nunca o contrário... 🙄 E essas protagonistas pamonhas me dão nos nervos, sem força de vontade e respeito próprio nenhum, só pensando com os hormônios... 😒...
😒 Oh, coitadinho... O abusador bárbaro com pose de juiz justiceiro está arrazado porque em poucos dias se apaixou pela ladra que ele desprezava e agora percebeu que ela é de outra cultura e o vê com maus olhos depois de ele ter agido como um troglodita... Ah, faça-me o favor!... Que coisa mais sem nexo. Até parece que um árabe tradicionalista iria perceber que era visto como um bárbaro selvagem, sendo que pra ele ser assim é que é o certo... E um cara desse nunca iria se interessar por uma mulher cujo comportamento ele despreza, muito menos em poucos dias... Ainda mais tendo visto a mulher desde o início como se fosse apenas um pedaço de carne, não uma pessoa... Essa conversa de "eu a amo" e "eu o amo" chega a ser risível... Quem ama alguém em poucos dias, só porque não consegue controlar os próprios hormônios e vê o outro como se estivesse no cio? Desde quando isso é amor?... 👀...
😵💫 Mas que negócio sem cabimento... O cara tem namorada/noiva e fica querendo agarrar e beijar a outra, enquanto tenta dar lição de moral... Num dia quer humilhar a mulher e no outro já está dizendo que não sabe como ficar longe dela, como se fosse bipolar... Parece redação de adolescente do ensino médio isso... 😒...
❗ Ah, vá catar coquinho na descida, amigo... Sério que você quer "preservá-la, torná-la uma pessoa melhor e fazê-la agir como uma dama"... olhando-a como se fosse um pedaço de carne, agarrando-a e beijando-a ao seu bel prazer? Que conversa pra boi dormir é essa? Só se for pra rir... Já não basta a tola agir como uma adolescente dominada pelos hormônios e sem juízo, com essa rebeldia infantil de querer se mostrar e se afirmar com essa maquiagem fora de hora e lugar, ainda vem o cara com esse discurso de político em véspera de eleição?... Tá cada vez pior essa estória... 🙄...
⁉️ Minha nossa, quanta superficialidade e futilidade... Comecei a ler essa estória depois de ler O EGÍPCIO, mas que decepção... Pelo visto será só mais do mesmo de apelação sexual e relacionamentos baseados no carnal, sem nada de realmente relevante ou mais profundo, com personagens que mais parecem ratos marsupiais australianos do que seres humanos... Se for isso mesmo, não vou até o final, não. Sinto muito. Quero literatura de verdade, não futilidade e pornografia disfarçada de romance... 🫤...
Aff... Por que essas protagonistas sempre tem que ficar se derretendo diante dos caras como adolescentes sem cérebro, dominadas pelos hormônios? Me dá até vergonha como mulher esse comportamento fraco e patético... Não podem ver um rosto bonito ou um corpo bem feito que já estão se derretendo, mesmo o cara sendo um néscio, um cafajeste, um animal violento, um qualquer que não vale nada... 🙄 Esse tal Said poderia ser lindo de morrer, mas com esse comportamento de besta quadrada, sem contar a arrogância e o abuso sexual, sequer seria visto como um homem por mim... E ainda fuma, pra piorar (cheira mal)... Que atitude deprimente a dessa Maysa... Se passar pela irmã tola e irresponsável para pagar por uma dívida que não é sua e ainda sentir atração pelo energúmeno que a trata como vadia... É uma vergonha pra mim como mulher... 😒...
Uma das melhores historias que ja li aqui no site,muito boa mesmo!...
Linda a história!!!!...