Resumo de 28-Não há mais razão para me temer. – Uma virada em Em seu lugar de Sandra Rummer
28-Não há mais razão para me temer. mergulha o leitor em uma jornada emocional dentro do universo de Em seu lugar, escrito por Sandra Rummer. Com traços marcantes da literatura Romance, este capítulo oferece um equilíbrio entre sentimento, tensão e revelações. Ideal para quem busca profundidade narrativa e conexões humanas reais.
Maysa
No mesmo instante em que a porta se fecha, eu sinto o peso da minha atitude de continuar com a mentira.
Preciso me abrir com ele. Afinal, ele já me deu a minha liberdade.
Mas e se o fato de eu tê-lo enganado o deixe nervoso?
O homem árabe é diferente do homem de outras culturas. Eles são orgulhosos, dominadores, machistas...
Ser enganado por uma mulher?
Allah!
Eu estou tão confusa!
Na cozinha encontro os remédios com a receita, tudo em cima da mesa. Estava observando os horários quando Zafira entra. Ela quando me vê, fala desanimada:
— Said estava pálido de dor quando chegou. Ele aceitou sua ajuda?
—Sim. Você pode chamar Muhafa e pedir para ele colocar minha cama no quarto de Said?
— Vocês dormirão no mesmo quarto?
—Sim, qual é o problema?
—Allah! É contra os princípios!
—Eu não irei dormir na mesma cama que ele. Apenas no mesmo quarto.
Ela me olha em silêncio por um tempo erguendo as sobrancelhas, diz:
—Vou chamar Muhafa.
Eu fui até Salma que estava fazendo o café.
—Salma, arruma uma bandeja com o café de Said. Com sucos, frutas, Kafta, leite. E eu levarei com o remédio.
Ela me encara séria.
—Nunca vi Said tão pálido. Ele sempre foi forte como um touro.
—Ele vai se recuperar, tenho certeza.
Muhafa aparece na cozinha.
—Muhafa, por favor, leve minha cama até o quarto de Said.
Muhafa reage como Zafira, fica sem ação por um tempo, mas sem discutir acena um sim com a cabeça e sai.
Zafira que observava tudo da porta, me fala:
—Você entrou nessa casa, por causa da ira de Said. Começou então a trabalhar na faxina, depois foi para a cozinha, agora age como se fosse à dona da casa.
Essa é fiel ao dono como um cão.
— Zafira. Você mesmo viu a expressão de dor de Said. Ele precisará de cuidados. Entendeu?
—Ah tudo bem! Não está mais aqui quem falou. Mas se a notícia correr que estão dormindo no mesmo quarto, ficará muito mal para você.
Eu não soube o que responder. Eu ficarei no quarto dele, não porque eu quero, mas sim por necessidade.
Quando Salma arruma a bandeja eu a pego e me dirijo ao quarto de Said. Quando entro, o avisto deitado com os olhos fechados, na mesma posição que eu o deixei. A cama que eu pedi está no outro extremo do quarto perto da janela.
Said pressente a minha presença e abre os olhos. Ele me encara sério.
—Quero que chame Zafira e peça para ela reunir todos os empregados aqui no meu quarto.
Eu deixo a bandeja ao lado dele, nos pés da cama e pergunto curiosa:
—Por que quer que todos estejam aqui?
—Você verá.
Vejo os olhos de Said, decididos, penetrantes e firmes.
—Melhor tomar seu café primeiro.
Ele fecha os olhos dizendo:
—Depois eu tomo. Chame todos, agora! —Diz mandão.
—Tudo bem!
Eu saio da presença de Said tentando entender sua atitude. Dez minutos depois todos estão reunidos ao redor da cama de Said. Ele começa a dizer com dificuldade:
— Eu pedi a presença de todos, pois não quero nenhum mal-entendido e nem boatos maldosos. A senhorita... Mahir dormirá aqui, em meu quarto para me assistir, caso eu precise. Por isso, se eu souber que alguém ousou espalhar esse fato por aí, sofrerá consequências. Estamos entendidos? —Said olha todos com um olhar tão duro, parece o diabo no próprio inferno.
Todos assentiram constrangidos.
— Só isso, podem ir.
Eu fico emocionada com a atitude dele. Depois que todos saem eu me aproximo da cama.
—Você ainda se preocupa com a minha imagem.
Said me encara duro. Enigmático. Ele é inconstante. Não parece o mesmo de horas atrás. Eu não consigo ainda transpor essa barreira que ele às vezes cria.
— Você deveria ficar feliz com isso.
—Fico. Mas se fosse na Inglaterra, dormir no mesmo quarto, para cuidar de alguém, não seria um escândalo.
—Vou chamar Muhafa para te ajudar com as roupas.
Said abre os olhos e me encara, o divertimento surge no sorriso dele.
— Eu sou moderna, mas nem tanto assim. —Explico.
Ele assente e fecha os olhos, dizendo:
—Espere um pouco, até o efeito do remédio me tirar a dor. Não consigo nem me mexer.
Meu coração se enternece ao ver Said de olhos fechados sobre os travesseiros, tão frágil na cama.
— Está certo. Vou deixá-lo descansar.
Ele imediatamente abre os olhos e me olha firme.
— Não! Fique comigo. Eu gosto de sua companhia. Sente-se ao meu lado.
Eu suspiro com a sensação de frio no estômago. A garganta seca. Vou até ele, obediente. Quando eu me sento ele me olha com tristeza nos olhos.
— Você ainda me teme. Gostaria de descobrir a brecha na armadura que você usa.
Meu coração dá um pulo no peito, ele está tão frágil, silencioso. Eu baixo meus olhos, confusa e solto um suspiro de angústia.
—Você me deu razões para temê-lo.
—Não há mais razão para me temer.
Será?
Qual será a sua reação em saber que eu o enganei até agora?
Ele está frágil agora. É o momento certo para eu contar?
Eu ergo meus olhos para encontrar os negros e quentes dele.
— Não é você que temo, mas a cultura que carrega. Onde impera o machismo, a barbárie. Odeio esse país.
Vejo ele fechar os olhos e respirar com dificuldade.
— Chame Muhafa!
—Tem certeza?
—Sim.
A verdade lhe causa essa reação?
Respiro fundo, me sentido triste. Um sentimento de vazio se aperta no meu coração. Eu pego a bandeja e saio do quarto. Levo para a cozinha e saio à procura de Muhafa.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Em seu lugar
Uma das melhores historias que ja li aqui no site,muito boa mesmo!...
Linda a história!!!!...