Muhafa foi ao quarto de Said. Agora com o remédio, é certo ele dormir bastante, já que essa fórmula dá muito sono.
Vou então, até o meu quarto. Em frente ao espelho do banheiro, desmancho meu coque e escovo meus cabelos, os deixando soltos. Não dormi essa noite, ansiosa com a volta de Said. Agora estou cansada, precisando tirar um cochilo.
Quando saio do banheiro, levo um susto ao ver Said em pé. Os cabelos estão em desordem. A camiseta branca evidencia os músculos peitorais e dos braços. A calça azul marinho do pijama o deixava mais sexy. Os olhos negros penetrantes sombreados por cílios espessos e sobrancelhas grossas estão sobre mim, agressivos.
— Você deveria estar deitado. — Eu digo nervosa.
Observo ele andar com dificuldade quando se move em minha direção. Para à minha frente, tão próximo que eu consigo sentir o calor emanando de seu corpo, a tensão de seus nervos, seus músculos.
—Eu estou aonde eu deveria estar! —Ele diz seco.
Meu coração está agitado no peito, minhas mãos suadas, ainda assim, me sinto valente, porque consigo erguer meu rosto e encará-lo. Seus olhos duros como aço se encontram com os meus. Eu tento a todo custo entender sua hostilidade e sua atitude de ter vindo até meu quarto.
No entanto, estou cansada e agora tenho vontade de correr. Sair de perto dele para que ele entenda que eu quero estar em qualquer lugar, menos ali com ele. Fico me perguntando o tempo todo porque ele oscila tanto.
Bipolaridade?
Agora irá me castigar por alguma coisa?
Allah! O que o fez andar até meu quarto?
É nítido que algo aconteceu, ele parece prestes a explodir. Eu ignoro sua ira, e digo tentando parecer despreocupada:
—Said, seja lá o que tenha acontecido, sente-se. Por favor.
—Estou bem em pé.
Sua expressão está totalmente sob controle. Só os olhos que ardem naquela intensidade que eu conheço bem.
—Tudo bem Said, o que o levou a me procurar aqui no meu quarto?
Said respirando com dificuldade, me diz:
— Eu estou no meu limite. Até agora, tenho sido paciente. Tenho esperando que se abra comigo. Seu perfil não bate com a mulher simples, faxineira, que sabia fazer um carneiro assado, como Nardini me falou. Sua mentalidade é de uma mulher de outro país e não o meu. Porra!
Porra? Ele disse palavrão?
Allah! Isso não é bom!
Eu respiro fundo, e encaro Said, sei que está com dor. Ele não está em condições nenhuma de ter essa conversa.
— Said, por favor. Vamos para o seu quarto e conversamos.
—Para quê? Para você me enrolar como tem feito?
—Por favor, vamos! —Eu o seguro pelo braço.
Ele o puxa, fazendo cara de dor.
— Eu não vou a lugar nenhum até ouvir de seus lábios que você tem mentindo para mim esse tempo todo.
Eu começo a suar frio, seus olhos esperam respostas.
— Não sei o que quer ouvir?
Seus olhos nem piscam e escureceram um pouco, como se ele se ele estivesse se contendo com muito custo.
— A verdade! — Diz, entredentes.
Meu coração salta do peito e eu não consigo falar, um bolo se forma em minha garganta.
— Continuo esperando.
As feições rudemente talhadas de Said estão bem próximas, enquanto seu olhar brilhante e duro estuda a minha expressão. De repente, tive vontade de recuar, fugir, me esconder longe dali.
A linha dura de sua boca parte-se num sorriso triste.
— Maysa...
Quando ele fala meu nome, minhas pernas se enfraquecem e meu coração dá um salto e se aperta. O encaro num misto de tensão e medo. Prendo a respiração. É como se ele se tivesse o poder de se apoderar de mim, anulando minha vontade própria.
— Maysa, se eu fosse um bárbaro como pensa, logo que eu tivesse descoberto a verdade, teria te acusado. E não teria te dado à chance de se abrir comigo.
—Said...
— Isso dói, isso me machuca. Sei que fui duro. Agi muitas vezes no calor da emoção. Te pré-julguei, admito. Mas tudo isso, nada mais era a vontade de te dar uma lição, te transformar, pois você alimentou em mim, essa ideia errônea de você. Você me deixou pensar que era uma mulher fútil, interesseira...
—Ah não! Eu me defendi, mas você não acreditava...
Ele me olha frio, controlado, mas é nítido que ele está por um fio.
— Eu não acreditava, pois, suas ações me levavam a crer assim. Como eu acreditaria se você, uma mulher com mentalidade de quem vive em outro mundo e se passando por uma mulher oriental? Por mim, você tinha roubado uma viúva para se encher de luxos! Você nunca me falou de Nurab.
— Ele me ameaçou naquele dia! Disse que se eu contasse, você nunca acreditaria em mim, pois ele é rico e eu a ladra que roubou Nardini.
— Desgraçado! Miserável!
Said fecha os olhos, e respira fundo.
— Said, eu só queria me ver livre, fazer o meu trabalho, para você me libertar. Eu sou para você apenas uma empregada. Por que me arriscaria a contar?
Said não responde de imediato. Seu cenho está franzido. Ele me olha muito compenetrado, fechado. É impossível adivinhar o que ele está pensando.
Mordo os lábios, pois sinto que algo o perturba e me dou conta que sei muito pouco sobre ele. Ele se levanta com expressão de dor, parece que ele quer ficar longe de mim.
—Estou cansado. Vou para o meu quarto.
Eu me levanto e fico pertinho dele.
— Eu te ajudo.
Ele dá um passo para trás.
—Não! Eu vim sozinho, e voltarei sozinho.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Em seu lugar
🖊️ AVALIAÇÃO FINAL: Texto com vários erros e trama muito superficial, pueril e inverossímil, voltada essencialmente para a atração física e a tensão sexual, confundindo o tempo todo paixão com amor e não convencendo minimamente o leitor quanto à seriedade dos acontecimentos, visto que são dois adultos que mal se conhecem se comportando como adolescentes inexperientes, dominados pelos hormônios enquanto tentam entender o que sentem (confundindo imaturamente amor com paixão) e desenvolver não um relacionamento profundo, maduro, duradouro e com propósito, mas uma espécie de cabo de guerra emotivo-sexual, onde o foco está em quem vai conseguir satisfazer melhor seus próprios desejos físicos e anseios emocionais ou em quem terá que ceder mais às exigências culturais do outro... Eu vivi uma paixão forte antes de conhecer meu esposo e sei que não é fácil abrir mão de um relacionamento entre desiguais quando estamos muito apaixonados, mas também sei que é possível e agradeço a Deus por ter acontecido o término, pois só assim pude conhecer meu esposo, com quem sou feliz há 20 anos sem nunca ter precisado fingir ser quem não sou nem viver essa montanha-russa emocional 🎢, pois as renúncias que ambos precisamos fazer desde que nos conhecemos nunca foram relacionadas à nossa essência. Além disso, não foi em 1 mês que me apaixonei tão fortemente pelo meu ex, foi num relacionamento de quase 2 anos, com muito menos diferenças a considerar e muito mais profundidade de sentimentos - perto do qual essa situação do texto é simplesmente SURREAL (foi por muito pouco que não desisti de ler antes de chegar ao desfecho)... 👀 EM SUMA: estorinha adolescente e supercial que não convence minimamente, voltada essencialmente para situações rasas e tensão sexual. No final tenta passar algo um pouco mais aprofundado, mas já está contaminado pela superficialidade e falta de maturidade dos personagens, não dá mais pra levar a sério (a mudança abrupta torna tudo ainda menos verossímil). Muita decepção depois de ter lido "O Egípcio", da mesma autora... 💔...
* Além de tudo é hipócrita. O discurso de tradicionalista só vai até onde lhe convém, onde não convém que se lasque... Não é convicção religiosa, é mero interesse... Mais uma característica revoltante desse mimadinho narcisista fantasiado de homem... 🤮...
⁉️ "Até que ponto ela lutaria por mim?"... "Não aceitarei pontos nem vírgulas entre nós" ... Ora... E você, cara pálida, até que ponto lutará e cederá por ela?... Esses "mocinhos" de romance hoje em dia não servem nem pra espantalho de horta... É a mulher que tem que conquistar os caras, nunca o contrário... 🙄 E essas protagonistas pamonhas me dão nos nervos, sem força de vontade e respeito próprio nenhum, só pensando com os hormônios... 😒...
😒 Oh, coitadinho... O abusador bárbaro com pose de juiz justiceiro está arrazado porque em poucos dias se apaixou pela ladra que ele desprezava e agora percebeu que ela é de outra cultura e o vê com maus olhos depois de ele ter agido como um troglodita... Ah, faça-me o favor!... Que coisa mais sem nexo. Até parece que um árabe tradicionalista iria perceber que era visto como um bárbaro selvagem, sendo que pra ele ser assim é que é o certo... E um cara desse nunca iria se interessar por uma mulher cujo comportamento ele despreza, muito menos em poucos dias... Ainda mais tendo visto a mulher desde o início como se fosse apenas um pedaço de carne, não uma pessoa... Essa conversa de "eu a amo" e "eu o amo" chega a ser risível... Quem ama alguém em poucos dias, só porque não consegue controlar os próprios hormônios e vê o outro como se estivesse no cio? Desde quando isso é amor?... 👀...
😵💫 Mas que negócio sem cabimento... O cara tem namorada/noiva e fica querendo agarrar e beijar a outra, enquanto tenta dar lição de moral... Num dia quer humilhar a mulher e no outro já está dizendo que não sabe como ficar longe dela, como se fosse bipolar... Parece redação de adolescente do ensino médio isso... 😒...
❗ Ah, vá catar coquinho na descida, amigo... Sério que você quer "preservá-la, torná-la uma pessoa melhor e fazê-la agir como uma dama"... olhando-a como se fosse um pedaço de carne, agarrando-a e beijando-a ao seu bel prazer? Que conversa pra boi dormir é essa? Só se for pra rir... Já não basta a tola agir como uma adolescente dominada pelos hormônios e sem juízo, com essa rebeldia infantil de querer se mostrar e se afirmar com essa maquiagem fora de hora e lugar, ainda vem o cara com esse discurso de político em véspera de eleição?... Tá cada vez pior essa estória... 🙄...
⁉️ Minha nossa, quanta superficialidade e futilidade... Comecei a ler essa estória depois de ler O EGÍPCIO, mas que decepção... Pelo visto será só mais do mesmo de apelação sexual e relacionamentos baseados no carnal, sem nada de realmente relevante ou mais profundo, com personagens que mais parecem ratos marsupiais australianos do que seres humanos... Se for isso mesmo, não vou até o final, não. Sinto muito. Quero literatura de verdade, não futilidade e pornografia disfarçada de romance... 🫤...
Aff... Por que essas protagonistas sempre tem que ficar se derretendo diante dos caras como adolescentes sem cérebro, dominadas pelos hormônios? Me dá até vergonha como mulher esse comportamento fraco e patético... Não podem ver um rosto bonito ou um corpo bem feito que já estão se derretendo, mesmo o cara sendo um néscio, um cafajeste, um animal violento, um qualquer que não vale nada... 🙄 Esse tal Said poderia ser lindo de morrer, mas com esse comportamento de besta quadrada, sem contar a arrogância e o abuso sexual, sequer seria visto como um homem por mim... E ainda fuma, pra piorar (cheira mal)... Que atitude deprimente a dessa Maysa... Se passar pela irmã tola e irresponsável para pagar por uma dívida que não é sua e ainda sentir atração pelo energúmeno que a trata como vadia... É uma vergonha pra mim como mulher... 😒...
Uma das melhores historias que ja li aqui no site,muito boa mesmo!...
Linda a história!!!!...