Zafira não sabe, mas é exatamente o que eu quero. Provocar um confronto. Eu jamais serei como minha irmã e se ele quiser uma Adara para sua vida, ele que fique com ela! Claro que eu tenho medo de sair perdendo nessa história e assistir Said começar a se interessar pela minha irmã.
Eu encaro Zafira séria.
—Se isso acontecer. Said não era para ser meu. Ele que fique com Adara. Vou levar essa bandeja para ela. Ah! Já ia me esquecendo, peça para Muhafa ir até o quarto de Said.
Saio de lá triste. Com as mãos trêmulas, bato na porta dela. Dou um longo suspiro. Quando ela abre, forço um sorriso. Adara tinha tirado o lenço e soltado os cabelos.
— Que bom! Meu jantar. Estou morrendo de fome.
Eu vou até uma mesinha em frente à janela e coloco a bandeja.
— Por que você só trouxe para mim? Não irá comer?
Eu meneio a cabeça.
— Estou sem fome.
— Então me espere. Sente-se na minha cama, enquanto eu como. Depois conversamos.
Eu assinto e espero ela comer. Quando ela termina, se senta ao meu lado.
— E Said?
Meu coração se aperta no peito. Adara parece impressionada com ele. Por isso não estranho sua pergunta. Eu respondo tentando passar naturalidade:
— Já se deitou.
Ela ergue as sobrancelhas.
— Nossa! Já? Ele costuma dormir cedo?
—Não. Lembra que eu te contei do acidente dele ao telefone? Então. E foi ele que te segurou quando você desmaiou, e agora está com dor.
Adara arregala os olhos.
— Allah! Que coisa horrível!
Eu digo confiante:
—Amanhã, ele ficará bem.
Ela meneia a cabeça.
— Eu só estou dando trabalho.
Eu pego as mãos dela.
—Claro que não! Estou feliz que esteja aqui. Eu te amo.
Ela se emociona.
—Eu também. —Ela me abraça. —Foi tão duro nosso afastamento. Valeu tudo que passei, só para te ter por perto.
Eu me emociono.
—Eu sempre te convidei para morar comigo em Londres. Por que nunca foi?
—Somos diferentes. Eu não me adaptaria.
Eu respiro fundo e digo animada:
— O carneiro chegou. Você o fará para amanhã.
Adara sorri feliz.
—Allah! Isso é muito bom! — Ela se levanta animadíssima. — Vamos até a cozinha, que quero te ensinar a prepará-lo. Precisamos deixá-lo marinando de véspera.
Allah! Que animação! Tudo isso por causa de um carneiro?
Eu lhe dou um sorriso, me lembrando do dia que Said comprou o carneiro. Ele que tinha me dito que precisava temperá-lo antes. Senão, nem isso eu teria feito.
—Vamos. E você me ensina.
Adara prende os cabelos e coloca o lenço. Seguimos juntas pelos corredores, ela parece feliz em mostrar seus dotes culinários. Ela adora agradar. Acabo passando uns momentos descontraídos na cozinha. Observo ela temperar o carneiro, usando vinagre, temperos e ervas. Depois ela o cobriu e o levou à geladeira.
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Em seu lugar
Linda a história!!!!...