Said
Allah! Eu não sei o que fazer.
As roupas de Maysa me causam medo do desconhecido. Nunca andei com uma mulher ou quis uma mulher que se vestisse desse jeito.
Será que ela não enxerga o quanto o fato dela chamar atenção me aflige? Sinto como se meio mundo olhasse para ela.
Maysa é minha, só minha!
Quando ela abre os olhos eu vejo as emoções modificando o rosto da mulher que eu amo. Seus olhos cheios de lágrimas e dor, somam-se a minha dor.
Eu não consigo deixar de me emocionar e impedir que uma lágrima desça do meu rosto.
Allah! É a primeira vez na vida que choro diante de uma mulher.
Eu não consigo dizer mais nada. Tenho tanto medo de piorar as coisas. Eu a abraço. Eu só sei abraça-la. É mais fácil. É tão bom sentir seu corpo trêmulo junto ao meu, mas suas lágrimas molhando minha camisa me incomodam. Estremeço com medo de perdê-la. Allah, eu não posso perdê-la. Isso arrebentaria comigo.
Esse abismo que há entre nós, precisa ser transponível. Precisávamos chegar a um acordo. Eu me afasto dela e a beijo delicadamente por todo rosto e depois a abraço forte.
Maysa
Minhas forças se esvaem. Não quero brigar, não quero falar mais nada. Só por um momento quero estar ali, quieta nos braços de Said.
Mas infelizmente não consigo deixar de pensar sobre tudo. Minha mente continua trabalhando.
Said não irá mudar. Esquece!
É claro que essa cultura machista está enraizada nele. Ele não entende que eu deixei minha vida para trás. Na minha ingenuidade, eu acreditei que pudesse ser diferente, percebo agora que perdi o senso crítico, pelo amor que eu sinto por ele.
Sinto-me subjugada. Vejo que não importa meu ponto de vista, pois ele sempre vai querer que prevaleça o dele. Gostaria muito que ele fosse mais compreensivo e não fosse tão insensível aos meus sentimentos.
Ele tem ideia, por acaso, o que significa para mim, se eu me vestir do jeito que ele quer? Não, duvido que ele dedique um único pensamento para entender o que eu sinto. Ele só pensa no que isso provocava nele.
Não é o vestido.
Aqui eu me anularia. Eu não seria mais a mesma pessoa. Eu sereia apenas a pessoa que ele quer que eu seja. Não irei mais brigar, ele não mudará por mim.
O jeito é partir.
Quando eu tiver uma oportunidade, eu partirei. Sem despedidas. Meu íntimo se agita com aquela dor pungente que vem toda vez que penso nisso.
Said me afasta. Enxuga minha lágrima com o polegar.
— A vida me ensinou a nunca desistir. Desistir é para os frascos, os fortes persistem. Por mais difícil que seja, lute, mas lute, tendo a certeza de que você irá vencer. E quando conseguir, diga a si mesmo: " Eu lutei por isso, eu acreditei e hoje tenho o que eu sempre quis. Na vida, tudo depende de nós. "
Fico paralisada no lugar. Fecho os olhos e não protesto quando ele me abraça novamente.
— Eu não irei desistir de você, porque eu te amo.
Quando ele me afasta, eu pergunto:
— O que você ama em mim, Said? O amor não é cabelo, estatura, formato do corpo...
Ele me observa atentamente.
— Amo sua espontaneidade, eu nunca encontrei isso em uma mulher. Amo quando se preocupa comigo. Amo seus de gata selvagem nos meus e amo quando extravasa seus sentimentos.
— Então vai amar ouvir agora que não vou tirar minha roupa. E o que acha disso?
Comentários
Os comentários dos leitores sobre o romance: Em seu lugar
Linda a história!!!!...