Em seu lugar romance Capítulo 8

Ele me estuda por um momento com aquela máscara de arrogância e deboche.

— Se arrumou assim para conseguir a ligação?

Senti meu rosto queimar e instintivamente cobri meu colo.

— Não me vendo tão baixo, se é isso que pensou. E você já tinha me liberado a ligação.

Ele gargalha, jogando a cabeça para trás e isso me deixa mais irritada. Depois ele fica sério e um brilho diferente passa nos seus olhos negros.

— Sabe como te vejo? Uma mulher fútil, que deve ter passado a vida lendo essas revistas do exterior e ficava admirando essas artistas Hollywoodianas e então surgiu aquela vontade de se vestir igual a elas. Isso deve ter crescido em seu coração. Mas como uma faxineira pobre compraria roupas como as que estão em sua mala? Então, pegou o dinheiro de uma pobre viúva para satisfazer suas vontades.

Enquanto ele falava, mais e mais eu me afetava. É bem lógico o raciocínio dele. Eu sou mais europeia do que oriental, estou nesse país e ele viu minha mala.

Você quer que ele pense o quê?

Estremeço com seus olhos passeando pelo meu corpo. Ele tem traços de um povo que, com certeza, fazia justiça com as próprias mãos. É melhor ele me odiar. Assim me mantém distante dele.

— Você é muito inteligente. Podemos ir, meu amo? — Perguntei sarcástica.

Ele cruza os braços no peito e agora parece o profeta Maomé.

— Você é uma pessoa tranquila — ele comenta. — Outra em seu lugar já estaria tremendo com a ideia de estar em minhas mãos.

Eu respiro fundo.

— É que aceitei o meu destino.

Ele sorri friamente e diz com calma estudada.

— Isso no fundo é muito bom, pois terá bastante tempo para se arrepender das bobagens que fez.

— Quem disse que não me arrependo?

— Pois não parece. Se tivesse se arrependido, jamais usaria essas roupas que são fruto de um roubo.

Ele se aproxima de mim com a arrogância de um bárbaro do deserto, assustada dou um passo para trás até tocar com as costas na janela. Ele pega meu queixo e levanta meu rosto. Furiosa, tento me desvencilhar dele, mas isso é inútil. Said sorri antes de sua boca colar na minha de modo violento, seus lábios quentes se movendo sobre os meus. Eu não consigo reagir, fico ali, como uma boneca de pano, completamente atordoada, ao mesmo tempo isso me incendeia. Allah, ele tem gosto de frutas e tabaco. Suas mãos parecem queimar as minhas costas, quando elas me puxam mais para si. Ele aprofunda o beijo, parece louco por mim, sua língua visita a minha boca, me fazendo estremecer nos braços dele, isso parece que aumenta seu prazer e ele estremece também. Então da mesma forma inesperada como tudo começou, ele também terminou, e ele me afasta de modo bruto.

Ofegante, demonstro um desagrado que não sinto. E passo as costas das mãos nos meus lábios. Negando que meu coração esteja a mil por hora e o quanto me senti bem em seus braços. Ele vê meu gesto e na hora seus olhos adquirirem um brilho perigoso. Isso me assusta.

Ele ergue meu queixo com o polegar e o indicador.

— Gostou? Não? Duvido. As mulheres geralmente gostam...

Eu me encho de raiva.

— Seu estúpido arrogante! —Eu tiro as mãos dele, e me afasto. O meço, passando meus olhos por ele, de cima a baixo. — Quem está pensando que é?

— Sou o homem que pensou em te entregar para a polícia, isso antes de ter o gostinho de te fazer pagar por todos os teus pecados.

Com a lembrança disso, eu estremeço. Respiro fundo. Mesmo sentindo meu sangue ferver, sei que o melhor é manter minha cabeça no lugar, e o fito nos olhos e então digo:

—Vou pagar meus pecados com trabalho, não desse jeito.

Ele não diz nada, vejo o quanto ele está nervoso, pois sua respiração é pesada.

— O senhor poderia me conceder a ligação? —Pergunto cuidadosa.

—Me acompanhe. — Ele diz de um jeito atravessado.

— Vou pegar o número.

Depois que decoro o número que eu marquei num pequeno bloco de anotações, o sigo.

O sentimento é o mesmo. Sinto-me enlaçada pelo pescoço, como uma presa seguindo o seu caçador. Ele me leva a uma linda biblioteca, repleta de livros, um lustre maravilhoso no alto, uma escrivaninha de madeira maciça, sofás nos tons branco e dourado, vasos espalhados em cada canto.

Quando nossos olhos se encontram ele aponta o telefone para mim, e cruza os braços no peito. Passo por ele e pegando o telefone, relanceio meus olhos para ele. Faço a ligação.

Enquanto ouço o som da chamda, pergunto:

—Você ficará aí?

Ele sorri friamente.

— Sim.

Eu, com raiva, dou as costas para ele.

—Nadir?

— Quem fala? — Ela me pergunta.

Eu não posso falar meu nome. Não posso perguntar da minha irmã sem dar bandeira.

— Sua vizinha, Adara!

Ela pergunta sem entender:

— Adara?

Eu aproveito para dar a entender que eu pergunto da minha irmã:

— Como ela está?

—Maysa, é você?

Allah! Ela me reconheceu.

— Sim!

— Na mesma! Não saiu da UTI ainda.

—Quando for visitá-la, diga a ela que não posso vê-la, mas que eu a amo muito e explica que o motivo é que eu estou resolvendo aquele problema.

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