Eu me senti bem em conversar com ele. Há muito tempo isso não acontecia de maneira tão leve.
—Seu pai se preocupa muito com você. Sabia? Ele sempre pergunta como está nosso relacionamento.
Rashid acena um sim.
—Minha vida de solteiro o incomodava há muito tempo. Ele me cobrava uma atitude, eu retrucava. Então ele me calava com seu sermão cheio de conselhos, indagações, às vezes as palavras eram duras, mordazes. Quando isso acontecia, eu percebia o quanto minha atitude trazia desgosto para ele.
—Seu pai mordaz? Ele parece incapaz de matar uma mosca.
Rashid ri.
—Ele passa essa impressão para os de fora, e para os que não contrariam sua vontade. —Sim, claro. Um homem que carrega o título de sheik não poderia ser diferente.
Rashid respira fundo e continua:
— Quando sua doença se agravou. Ele se fechou, desgostoso. Passava semanas que mal dizia uma palavra. Isso até ele me ver com você. Ele definitivamente ficou mais falante. Minha atitude em me firmar com alguém foi uma injeção de ânimo para ele.
Eu entendo o sheik, e de certa forma a preocupação de Rashid em agradar o pai.
Eu lhe dou um leve sorriso. Agora tudo estava fazendo mais sentido para mim. Rashid por um momento fixa os olhos na minha boca. Ele dá a impressão que irá me puxar para si e me beijar, mas ele desvia o olhar e se acomoda melhor no banco.
Minutos depois, o carro estaciona em frente à mansão. Logo que chegamos vimos a enfermeira sentada no sofá. O médico sumindo no corredor. Sim, hoje é dia da consulta que ele faz quinzenalmente com o doutor Adam.
O rosto de Rashid se transtorna.
—Aconteceu alguma coisa? —Ele pergunta, angustiado.
Tadinho ele esqueceu...
—Não senhor. Hoje é dia da visita do médico.
—Sim, é verdade. É hoje. —Ele diz e pálido apoia as mãos no sofá e se segura. Então, cambaleando-se senta, como se suas pernas não o sustentassem.
A enfermeira vai até ele. Rashid treme visivelmente. Quando o vejo assim, me lembro do meu passado.
Esperamos sempre o pior, mas ao mesmo tempo não estamos preparados para isso.
—O senhor está bem? —Ela o questiona preocupada.
—Sim, estou. —Rashid tenta esconder suas lágrimas.
Meu coração se aperta no peito de vê-lo branco e tão abalado. Ele respira fundo, tentando se acalmar.
—Rashid, vem. Eu te levo até seu quarto. —Eu estendo a minha mão para ele.
Rashid aceita meu convite e se levanta. Eu o enlaço pela cintura e o levo até seu quarto. Ele caminha como que robotizado. Ele está passado.
Abro a porta para ele. Segurando ele pela cintura, caminhamos até sua cama e ele se senta nela. Baixa então a cabeça. Logo seu corpo se sacode com soluços, como se ele tivesse esquecido que eu ainda me encontro em seu quarto.
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