Em suas Mãos (Barak 2) romance Capítulo 30

Khadija

Fecho os olhos e deixo a escuridão tomar conta. O sentimento de tristeza não me deixa. Juro que eu pensei que ele ficaria feliz ao me ver, tanto quanto eu. Pensei que veria calor em seus olhos. Algum sentimento ali. Mas não havia nada. Só frieza. Como se eu fosse algo a ser tolerado.

Preciso aceitar isso, não há porque permanecer em negação. Graças a Allah, ele não conseguiu o que queria de mim. O pior teria sido se ele me tratasse desse jeito depois de termos sido íntimos.

Allah! Isso teria acabado comigo.

Pensar em Rashid se tornou um vício, que eu não consigo quebrar. Juro que eu imaginei que, com o afastamento dele, as coisas melhorariam entre nós. Que ele sentiria minha falta. Que eu veria mais sentimento em seus olhos, mais do que o desejo. Mas não vi nada ali. E o pior de tudo, estou cada vez mais envolvida com ele. Muito mais do que eu gostaria.

Burra! Ele foi tão claro... Ele não me iludiu. Mesmo assim, meu coração acha que ele é meu. Eu o quero desesperadamente....

Capítulo 11

Uma semana depois...

Sentei-me à sombra do guarda-sol, pensando nas horas livres que tinha pela frente, repassando a conversa que tive com Rashid uma semana atrás, sobre desligar as câmeras internas e dar a desculpa para o seu pai que elas estavam com problemas.

Inalo bruscamente.

E foi isso que aconteceu. Rashid mudou comigo. Não havia mais beijos de despedida e nem tomávamos café juntos. Só tínhamos algo mais íntimo nos finais de semana, quando precisávamos encerar e apenas quando o sheik estava fora do quarto. Só então almoçávamos ou ficávamos na sala na companhia de Al Jain. Às vezes Rashid dava a entender ao pai que iríamos sair mais tarde para passear, mas isso não acontecia. Tão logo o sheik ia se deitar, Rashid sumia.

É claro que ele estava me evitando. Ele cansou de ser uma brasa viva e eu um balde de água fria.

Allah! Eu o entendo, como entendo...

Um mês depois...

As semanas se passaram e surge com elas uma espécie de rotina. Todos os dias estou levantando tarde para evitar Rashid. Passo alguns momentos com o sheik, onde falamos de tudo um pouco, mas graças a Allah, não falamos da minha vida pessoal. Rashid contou uma história diferente da minha realidade. Ele deixou a entender que eu estava bem financeiramente, ocultando de seu pai a condição precária que ele me encontrou. Acredito que ele tenha feito isso para o Sheik não achar que estou com ele por causa do dinheiro. Então falar de mim é algo que eu evito mesmo!

Rashid representa bem. Ah se representa. Na frente do pai, ele me olha como um homem apaixonado. Não consigo esconder minhas reações quando ele fala comigo. Se eu fechar os olhos vejo Rashid sorrindo para mim, o rubor se espalhando do meu peito para o pescoço, como sempre acontece quando ele me olha daquele jeito.

Todos os dias à tarde eu o espero. Ele gosta de saber por mim como seu pai está de saúde, como ele tem passado o dia. Ele é sempre cordato, frio. Ele não chega a ser horrível comigo. Mas ele fala comigo como se tratasse de negócios.

Quando precisamos encenar, ele me manda uma mensagem de texto.

"Venha até a sala. Esteja pronta para o show. "

E lá ia eu, fazendo aquilo que vim fazer. Encenando sermos um casal feliz para o meu adorado velhinho. Esse tempo que passei em sua companhia me apeguei muito a ele. Às vezes doía ter que enganá-lo.

Algumas vezes havia uma quebra de rotina. Acontecia quando eu acompanhava Rashid a alguma festa.

Hoje por exemplo, é um dia assim. Iremos a um almoço beneficente. É a quarta festa que participo com ele.

Agora estou em frente ao espelho observando meu vestido.

Estou me sentindo nervosa como sempre. Mas não por não saber lidar com os ricaços de sangue azul. Mas pelo simples fato de Rashid estar ao meu lado. Suas mãos no meu corpo me conduzindo entre os convidados. Seus olhos atentos aos meus sorrisos e a todos os meus movimentos.

Nas festas ele veste a capa de homem apaixonado. Sorrisos, fala mansa, prestativo. Mas só chegarmos em casa, ele agradece friamente por meus serviços e lá ia eu me sentindo frustrada para o meu quarto. Não tem sido fácil lidar com esse novo Rashid. E ao mesmo tempo, não quero sexo por sexo. No fundo eu sonho com o dia que ele se declare para mim. Confessando estar apaixonado como eu....

Isso é sonhar alto demais?

Às vezes, com raiva, digo a mim mesma que o romantismo não faz parte da minha vida, para eu parar de alimentar esperanças com Rashid.

Uma batida interrompe meus pensamentos e eu congelo ao som. Existe apenas uma pessoa que poder estar atrás dessa porta agora.

Merda!

Eu a abro. Rashid está lá. Lindo como sempre. Está usando um terno cinza chumbo, camisa cinza, gravata preta. Não se engane com ele. Você quer amor, companheirismo, romantismo. Ele não tem nada disso para te dar.

—Está pronta para encenar? —Ele diz passando os olhos pelo meu vestido.

—Sim. —Forço um sorriso, embora meu coração esteja apertado dentro do meu peito. —Estou bem?

Rashid passa os olhos pelo meu vestido mostarda e acena com a cabeça em aprovação.

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